
O drama da vida de Jane Eyre no entanto continua o mesmo. Sofrendo desde garota com uma tia malvada, passando pelo duro colégio interno até chegar à mansão Rochester, Jane é uma mulher forte, decidida, símbolo da luta pelos direitos das mulheres. Mas, o amor parece ser sempre o forte de qualquer livro popular e a trágica história do casal protagonista foi que conquistou o mundo. E claro, repleta de tragédias e obstáculos da maneira que manda um bom melodrama.

A fotografia em um tom mais sombrio, quase sempre muito escura, com cenas na penumbra e sombras compondo o cenário cria um clima de incertezas que nos deixa mais próximos da protagonista. O clima na mansão é sempre de mistério, não apenas aquele que se esconde no sótão, mas todas as atitudes dos empregados, os acontecimentos noturnos, as festas desconcertantes. Somos sempre levados pelo ponto de vista de Jane Eyre, e pouco ficamos sabendo do que de fato acontece em seu entorno.

Outro ponto que não pode deixar de ser comentado é o figurino, já que rendeu a única indicação do filme ao Oscar 2012. A reconstituição de época, os detalhes de cada acessório e a criatividade em expor o usual de uma maneira chamativa é admirável. Vide o camisolão usado por Michael Fassbender na cena do incêndio. O figurino é também uma visível forma de ajudar os atores a entrar no personagem, já que o ambienta em relação à época, costumes e posturas dos personagens.
Jane Eyre é, então, um bom filme, ainda que sofra com alguns problemas de ritmo e possa soar dramático demais para os tempos atuais. É difícil de acreditar que alguém possa sofrer tanto em uma só vida, mas a história da órfã não deixa de ter o seu charme.
Jane Eyre (Jane Eyre, 2011 / EUA)
Direção: Cary Fukunaga
Roteiro: Moira Buffini
Com: Mia Wasikowska, Michael Fassbender, Jamie Bell e Judi Dench
Duração: 120 min.