Katy Perry: Part of Me
Menos marketeiro que Never Say Never, e também inferior em sua técnica, o documentário sobre a cantora Katy Perry: Part of Me, não deixa de ser mais uma interessante aposta da cultura pop. Um deleite para os fãs, bem estruturado apesar de alguns apelos para os curiosos, o filme só peca mesmo na tecnologia 3D, que não se justifica na maior parte do filme.
Katy Perry é mais um fenômeno recente da música norte-americana. Conseguiu, como o filme faz questão de ressaltar, um feito que nem Os Beatles, nem Madonna conseguiram: emplacar cinco singles de um mesmo disco em primeiro lugar nas paradas do sucesso. A garota veio de uma família pentecostal, onde apenas música gospel era permitida em sua infância. Mas, quando ouviu na casa de uma amiga uma música de Alanis Morissette, descobriu o que queria fazer: cantar os sentimentos que guardava no peito.
Extravagante, nem tanto quanto Lady Gaga, Katy Perry se mostra autêntica e sonhadora. Pelo menos esse é o ponto que seus fãs ressaltam em depoimentos na abertura e encerramento do filme. É como se ela fosse uma voz que comprova que é possível ser aceito de qualquer maneira. Ela diz que eles são “fogos de artifício” e eles acreditam que podem mudar as coisas. Sua missão no palco, então, é ser uma Alice que leva o país das maravilhas ao seu público.
Essa é a ideia que Dan Cutforth e Jane Lipsitz querem passar no documentário e não estão errados, já que parece ser o ponto principal da identificação entre fãs e artistas. Mas, parece que eles demoram muito para engatar essa ideia. Tirando os depoimentos iniciais e finais, não há depoimento do público durante o filme. Mesmo as reações da platéia durante os shows são quase inexistentes no início, ficando mais intensas na parte final, principalmente na declaração de amor do público paulista que funciona como um clímax interessante para o roteiro, já que nos é mostrado o estado de espírito da cantora momentos antes, quando quase cancela a apresentação.
Ainda assim, essa relação poderia ser mais explorada. As cenas no camarim, onde Katy faz questão de recepcionar alguns fãs em todos os shows fica quase mecânica, a exceção de algumas cenas como o garotinho “repórter”. Assim como a participação dos escolhidos para subir no palco não tem a mesma construção da garota escolhida por Bieber, por exemplo, em Never Say Never. As poucas reações demonstradas, como a surpresa na música “Hot n' cold” quando ela troca de roupa pela primeira vez, é logo cortada para o jogo de cenas dos palcos e cenas de depoimentos de bastidores.
Porque Part of Me se apresenta como um documentário sobre a turnê California Dreams, feita em 2011, mas se aproveita dela apenas como pretexto para falar da trajetória de Katy até ali. As cidades passam em letreiros rapidamente, não há muita exploração dos diferentes públicos, apenas algumas amostras como no Japão. E as próprias músicas são apenas expostas em partes, o que dá uma sensação de quero mais. Principalmente em “Hot n 'cold”, onde o chamariz era o mise-en-scéne que Perry faz em suas trocas de roupas.
Claro que o público quer saber mais sobre ela, sobre sua carreira, sobre sua vida pessoal, mas nesse ponto o filme se enfraquece por ser ainda uma artista recente. Para falar de sua vida, poderia esperar um pouco mais. Ainda assim, os fãs devem se deliciar com as imagens antigas da cantora, incluindo uma quando pequena cantando em uma igreja. Isso sem falar em um dos pontos chaves do filme que é o seu relacionamento com o comediante Russell Brand que é construído como um falso príncipe encantado que se tona um vilão. “Ela preferia não descansar para poder ir se encontrar com eles nos intervalos da turnê, e ele não fazia o menor esforço para acompanhá-la”, é uma das afirmações que ouvimos.
Com algumas situações armadas que soam estranhas, como a visita a avó, ou determinada música dos Beatles inserida em um momento-chave do filme, Katy Perry: Part of Me ainda traz aparições inusitadas como a de Lady Gaga e depoimentos de famosos como Justin Bieber, Rihanna e Adele. Tudo isso para os fãs é um prato cheio, mas não deixa de ser uma aventura curiosa para os que gostam de música pop em geral.
Katy Perry: Part of Me (Katy Perry: Part of Me, 2012 / EUA)
Direção: Dan Cutforth, Jane Lipsitz
Duração: 93 min.
Katy Perry é mais um fenômeno recente da música norte-americana. Conseguiu, como o filme faz questão de ressaltar, um feito que nem Os Beatles, nem Madonna conseguiram: emplacar cinco singles de um mesmo disco em primeiro lugar nas paradas do sucesso. A garota veio de uma família pentecostal, onde apenas música gospel era permitida em sua infância. Mas, quando ouviu na casa de uma amiga uma música de Alanis Morissette, descobriu o que queria fazer: cantar os sentimentos que guardava no peito.
Extravagante, nem tanto quanto Lady Gaga, Katy Perry se mostra autêntica e sonhadora. Pelo menos esse é o ponto que seus fãs ressaltam em depoimentos na abertura e encerramento do filme. É como se ela fosse uma voz que comprova que é possível ser aceito de qualquer maneira. Ela diz que eles são “fogos de artifício” e eles acreditam que podem mudar as coisas. Sua missão no palco, então, é ser uma Alice que leva o país das maravilhas ao seu público.
Essa é a ideia que Dan Cutforth e Jane Lipsitz querem passar no documentário e não estão errados, já que parece ser o ponto principal da identificação entre fãs e artistas. Mas, parece que eles demoram muito para engatar essa ideia. Tirando os depoimentos iniciais e finais, não há depoimento do público durante o filme. Mesmo as reações da platéia durante os shows são quase inexistentes no início, ficando mais intensas na parte final, principalmente na declaração de amor do público paulista que funciona como um clímax interessante para o roteiro, já que nos é mostrado o estado de espírito da cantora momentos antes, quando quase cancela a apresentação.
Ainda assim, essa relação poderia ser mais explorada. As cenas no camarim, onde Katy faz questão de recepcionar alguns fãs em todos os shows fica quase mecânica, a exceção de algumas cenas como o garotinho “repórter”. Assim como a participação dos escolhidos para subir no palco não tem a mesma construção da garota escolhida por Bieber, por exemplo, em Never Say Never. As poucas reações demonstradas, como a surpresa na música “Hot n' cold” quando ela troca de roupa pela primeira vez, é logo cortada para o jogo de cenas dos palcos e cenas de depoimentos de bastidores.
Porque Part of Me se apresenta como um documentário sobre a turnê California Dreams, feita em 2011, mas se aproveita dela apenas como pretexto para falar da trajetória de Katy até ali. As cidades passam em letreiros rapidamente, não há muita exploração dos diferentes públicos, apenas algumas amostras como no Japão. E as próprias músicas são apenas expostas em partes, o que dá uma sensação de quero mais. Principalmente em “Hot n 'cold”, onde o chamariz era o mise-en-scéne que Perry faz em suas trocas de roupas.
Claro que o público quer saber mais sobre ela, sobre sua carreira, sobre sua vida pessoal, mas nesse ponto o filme se enfraquece por ser ainda uma artista recente. Para falar de sua vida, poderia esperar um pouco mais. Ainda assim, os fãs devem se deliciar com as imagens antigas da cantora, incluindo uma quando pequena cantando em uma igreja. Isso sem falar em um dos pontos chaves do filme que é o seu relacionamento com o comediante Russell Brand que é construído como um falso príncipe encantado que se tona um vilão. “Ela preferia não descansar para poder ir se encontrar com eles nos intervalos da turnê, e ele não fazia o menor esforço para acompanhá-la”, é uma das afirmações que ouvimos.
Com algumas situações armadas que soam estranhas, como a visita a avó, ou determinada música dos Beatles inserida em um momento-chave do filme, Katy Perry: Part of Me ainda traz aparições inusitadas como a de Lady Gaga e depoimentos de famosos como Justin Bieber, Rihanna e Adele. Tudo isso para os fãs é um prato cheio, mas não deixa de ser uma aventura curiosa para os que gostam de música pop em geral.
Katy Perry: Part of Me (Katy Perry: Part of Me, 2012 / EUA)
Direção: Dan Cutforth, Jane Lipsitz
Duração: 93 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Katy Perry: Part of Me
2012-08-01T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
critica|documentario|musical|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
Em cartaz nos cinemas com o filme Retrato de um Certo Oriente , Marcelo Gomes trouxe à abertura do 57º Festival do Cinema Brasileiro uma ...
-
O Soterópolis programa cultural da TVE Bahia, fez uma matéria muito interessante sobre blogs baianos. Esta que vos fala deu uma pequena con...
-
Cinema Sherlock Homes O filme de destaque atualmente é esta releitura do clássico do mistério pelas mãos de Guy Ritchie. O ex de Madonna p...
-
Fui ao cinema sem grandes pretensões. Não esperava um novo Matrix, nem mesmo um grande filme de ação. Difícil definir Gamer, que recebeu du...
-
Em um mundo repleto de franquias de ação altamente estilizadas, onde o termo "tipo John Wick" parece se aplicar a qualquer filme ...
-
O cinema sempre olhou para os locais periféricos e pessoas de classe menos favorecidas com um olhar paternalista. Não é incomum vermos na t...
-
Eletrizante é a melhor palavra para definir esse filme de Tony Scott . Que o diretor sabe fazer filmes de ação não é novidade, mas uma tra...
-
O filme Capote (2005), dirigido por Bennett Miller , é uma obra que vai além do simples retrato biográfico. Ele se aprofunda na complexidad...
-
O CinePipocaCult adverte: se você sofre de claustrofobia, síndrome do pânico ou problemas cardíacos é melhor evitar esse filme. Brincadeiras...