Quando Atividade Paranormal surgiu em 2007 achei uma grande bobagem. Uma câmera, um casal assustado, um tripé e uma espera interminável por algo. Alguns sustos bem construídos, é verdade, apesar de não funcionar comigo, mas uma falta de sentido na explicação do fenômeno. Um filme sensação que não tinha muita razão de ser que não fosse a histeria coletiva que dominava o cinema a cada possível movimentação do lençol. A cada continuação, no entanto, a série foi ganhando meu respeito. Ao contrário de boa parte que reclama achando que já rendeu o que tinha que render, admiro duas evoluções visíveis a cada capítulo. Primeiro, no roteiro. Se antes tínhamos apenas um exercício de fenômenos paranormais em uma casa. A cada novo capítulo, a trama ia se apresentando mais complexa para nós. Segundo, a utilização da técnica e a evolução da linguagem do mockumentary que, a cada novo filme, acrescia algum recurso inteligente para não ser apenas uma câmera e um tripé.
Foi inteligente a forma como a trama do segundo filme se misturou ao da primeira, ainda que alguns furos inexplicáveis como a não-citação do que estaria acontecendo antes com a irmã. Foi uma boa saída retornar ao passado no terceiro filme, para explicar como tudo começou naquela família. Ainda que nenhuma das duas se lembre do trauma sofrido. E foi interessante também saber agora o que aconteceu depois do já visto. Da mesma forma como a inclusão de câmeras de segurança no segundo filme, de recursos com adaptações de eletrodomésticos no terceiro, e a inserção de notebooks com webcam, além do recurso do Kinect no quarto filme ajudaram no ritmo.
Apesar de dar uma sensação de mais do mesmo, Atividade Paranormal 4 acaba trazendo um novo frescor a série. Explico o paradoxo. Aqui, apesar do recurso dos anteriores de marcar cada noite com horários, as esperas são menores e menos cansativas. Isso porque aqui temos uma diversificação maior da trama, ainda que a história do casalzinho seja chata, e uma quebra de expectativa interessante no roteiro, trazendo algumas surpresas. O recurso do notebook com webcam nos dá momentos muito bons, como quando a menina Alex vai ver o que está acontecendo no andar inferior da casa e ficamos com a visão do amigo / namorado, olhando o quarto vazio. O uso do ligar e desligar da câmera também é bem interessante. Não há aqui o desespero por mostrar tudo. Há uma naturalidade maior em desligar a câmera, como quando Alex se despede do rapaz, ou quando o pai lhe pede que pare de gravar em determinado momento. Esse recurso acaba trazendo o suspense maior na plateia que perde algumas ações e as fica imaginando. O jogo se torna mais rico e o ritmo é mais fluido, apesar da expectativa continuar sendo a chave para o efeito de tensão do filme. E apesar de em muitos outros momentos, ela andar pela casa com um notebook na mão parecer forçado.
Mas, a verdade é que Atividade Paranormal 4 funciona mesmo é como experiência coletiva. Pelo menos para os que, como eu, não têm tanto medo do que vêem em tela. A tensão constante dentro da sala de cinema, os gritos e comentários honestos, o clima de terror, ajudando a nos fazer entrar na brincadeira. Afinal, essa é a maior graça do filme.
#ficadica: Existe uma cena extra após os créditos. Então, para não ficar curioso, não fuja do cinema antes da hora.
Atividade Paranormal 4 (Paranormal Activity 4, 2012 / EUA)
Direção: Henry Joost, Ariel Schulman
Roteiro: Christopher Landon
Com: Katie Featherston, Kathryn Newton e Matt Shively
Duração: 88 min

