
Como era previsto, o sucesso de
Taken, filme eletrizante de 2009 com
Liam Neeson no papel principal, o levou a uma continuação. Diversos caminhos poderiam ser seguidos por seus roteiristas
Luc Besson e
Robert Mark Kamen. Por sorte, eles não escolheram o mais fácil, que seria reprisar a mesma premissa e curva dramática da primeira trama. Ainda assim, o
filme agora dirigido por
Olivier Megaton é bastante aquém do original.
O ponto principal que torna
Taken 2 diferente de
Taken é que agora o personagem Bryan Mills não está buscando sua filha sequestrada. Ele é o alvo a ser sequestrado junto com a família. Isso mantém o título original coerente, mas torna o título brasileiro deslocado. Aquela adrenalina vivida no primeiro
filme, com o personagem de
Neeson desesperadamente procurando juntar as pistas de onde estaria sua filha Kim se perde um pouco. Ele continua neurótico e com um senso de direção impressionantes. Mas, a
tensão aqui não é tão intensa. Não chegamos a temer pelos trio protagonista tanto quanto no primeiro
filme.

Ainda assim, a solução encontrada para justificar a
continuação foi inusitada e interessante. Temos o bom e velho clichê da
vingança, só que agora por um ponto de vista pouco explorado, os capangas sem nome. O
filme começa com o enterro das vítimas de Bryan Mills no primeiro
filme. Um deles, vivido por Rade Serbedzija, é o pai de um dos vilões que jura vingança. A ideia era sequestrar e torturar a família, mas várias peripécias vão nos levando a uma sucessão de perseguições bem diferentes do
suspense psicológico original.
Busca Implacável 2 sofre também de alguns problemas estruturais que fogem da realidade. Um deles é o problema de Kim com a direção de carros. Um ponto tão destacado no roteiro, com cenas só para reforçar isso na cabeça do público. Então, fica complicado aceitar facilmente toda a sequência de perseguição de carros em
Istambul com ela no volante, por exemplo. Outro ponto que fica pouco explicado é um certo corte no pescoço de uma personagem que poderia matar em meia hora, mas logo é esquecido. Isso só para citar dois furos que mais chamam a atenção na trama.
Falta verossimilhança também na própria construção do personagem de
Liam Neeson, exageradamente neurótico. O mundo é perigoso, de fato, mas Bryan Mills faz tudo parecer sem solução. Ou melhor com ele como única solução para nossa segurança eterna. E o que mais intriga é que depois de tudo o que aconteceu no primeiro
filme, filha e mãe continuem irritadas com o excesso de zelo desse herói que poderia ser uma mistura de todos
Os Mercenários.

O
filme oscila entre a
tensão e o ridículo em vários pontos. Temos pausas inexplicáveis como quando Mills está cercado e os bandidos esperam pacientemente que ele termine o telefonema. Ou o clichê providencial de seu amigo não estar disponível na hora que precisa, tendo que adaptar o plano, expondo quem ele mais queria proteger. Isso sem falar na incompetência da polícia de
Istambul na visão dos produtores do
filme, que gera situações inexplicáveis. Mas, ao mesmo tempo
Busca Implacável 2 tem perseguições muito bem orquestradas. Cenas de tensão com uma boa dosagem de adrenalina como a primeira cena de tortura. E todo um clima de preparação que nos dá pistas do que vamos enfrentar.
No final, temos um
filme de
ação razoável. Sem o frescor da primeira aventura. Mas, com elementos suficientes para entreter grandes plateias. Ainda que não tenha o tipo físico mais adequado para um herói de ação,
Liam Neeson consegue emplacar mais um dos seus sucessos.
Busca Implacável 2 (Taken 2, 2012 / EUA)
Direção: Olivier Megaton
Roteiro: Luc Besson e Robert Mark Kamen
Com: Liam Neeson, Famke Janssen e Maggie Grace
Duração: 91 min.