
Amanhã estreia o quinto
filme da série
Duro de Matar, com o policial John McClane, que consagrou a carreira de
Bruce Willis em filmes de
ação. Dessa vez ele vai até a Rússia em busca do filho, que parece ter se metido em alguma encrenca. Tendo visto ou não os outros quatro
filmes, é possível compreender a trama. Ainda assim, é bom conhecer um pouco mais da trajetória desse policial quase indestrutível. Principalmente porque as melhores aventuras dele ficaram lá no clima da década de 80 e início da década de 90. Talvez,
Bruce Willis precise mesmo já fazer parte da turma de aposentados, ainda que perigosos, quando se trata de filme de
ação.
Duro de Matar
O primeiro
filme surgiu em 1988 e é, de longe, o melhor dos cinco. É interessante que é o único da série que dedica um bom tempo inicial para apresentação dos personagens e da situação. Temos
John McClane no avião, Holly no trabalho ligando para casa, ele chegando no escritório, a festa, os detalhes que demonstram a situação dela subindo na carreira e a separação dos dois, o sobrenome de solteira, os
bandidos se preparando para a invasão. Até finalmente vir o
ataque.
Todo o roteiro da ação se concentra no
Nakatomi Plaza, edifício onde estão os
reféns, os bandidos e
John McClane. A forma como ele fica ilhado, sem apoio da
polícia, que mesmo quando chega atrapalha mais do que ajuda, é uma forte situação dramática. E o bom é que mesmo sendo um excelente
policial e "duro na queda",
John McClane é um ser humano, que sangra, sente dor, fica machucado. A cena dele tirando os vidros do pé mesmo é fortíssima.

A
ação é constante, e as perseguições também, ainda que em um lugar fechado. Há uma sequência muito bem orquestrada quando
John McClane utiliza cadeiras para fugir, primeiro atirando-as depois deslizando pelo chão e deslizando entre elas em um elo balé. Há ainda o uso do elevador e seu poço, locais que irão ser frequentes na série, sempre servindo para grandes malabarismos e mudanças de sorte.

É preciso destacar ainda o irônico vilão
Hans Gruber, vivido por
Alan Rickman. Os diálogos dos dois são sempre um show à parte. E é interessante ressaltar ainda que
Duro de Matar parece não levar a sério as instituições estabelecidas, vide a forma como caracteriza a imprensa através do jornalista Richard Thornburg e os agentes do FBI. No geral, um ótimo
filme de
ação, com todos os ingredientes que precisa: um bom personagem, um roteiro bem arquitetado e cenas eletrizantes.
Duro de Matar (Die Hard, 1988 / EUA)
Direção: John McTiernan
Roteiro: Jeb Stuart e Steven E. de Souza
Com: Bruce Willis, Alan Rickman, Bonnie Bedelia e Reginald VelJohnson
Duração: 131 min.
Duro de Matar 2
O sucesso do primeiro
filme, claro, fez os estúdios correrem para uma continuação. Dois anos depois,
Bruce Willis estava de volta na pele de
John McClane com uma estrutura de roteiro bem parecida com o primeiro, ainda que com mais elementos e levemente inferior.
Dessa vez, ele tinha se mudado para Los Angeles para ficar com a esposa, mas estava em Washington para passar o Natal. Sim, tanto esse
filme quanto o primeiro se passam na época de Natal.
John McClane teria ido antes com os filhos e Holly estaria chegando de avião na véspera da festa. Por isso, o policial estava no
aeroporto esperando-a, quando um grupo de
terroristas cria um verdadeiro caos no local.
Duro de Matar 2 tem ainda uma certa apresentação de personagens e situação, mas já nos apresenta nas primeiras cenas a questão do General Ramon Esperanza que está sendo transferido e o
vilão Coronel Stuart, vivido por
William Sadler, em uma cena bem incomum onde ele está malhando, nu, enquanto vê a televisão. Ao contrário do primeiro, aqui não parece haver um plano para de
roubo mirabolante, quer dizer, tem o resgate do general, que provavelmente renderá algo aos
vilões. Mas, o jogo do "parece mais não é" é construído de outra maneira.

O
filme se passa todo no
aeroporto e na igreja próxima, tem mais explosões e correria, mas a adrenalina do primeiro
filme se mantem. Há aqui mais mortes, como um avião inteiro que explode sem que
John McClane possa fazer nada. É interessante ver que aqui, temos ainda
reféns, vilões e o
policial. As diferenças é que os
reféns correm perigo mais real, já que estão sobrevoando um aeroporto sem poder pousar e sem contato com a torre. E há outros policiais, que a princípio também atrapalham mais que ajudam, mas no fim acabam tendo uma função mais explícita que no primeiro. A imprensa também amplia o seu papel, ainda que o repórter babaca retorne no mesmo
avião que Holly, temos outra repórter no aeroporto, que é mais respeitosa e humana, ainda que também queira um furo de reportagem. E já que estamos falando de semelhanças com o primeiro
filme, tem também uma cena de
elevador que ele ainda brinca dizendo: "não se preocupe, eu já fiz isso".

De qualquer maneira, tudo é resolvido mesmo com
John McClane e sua capacidade de se jogar na situação, sem medo e sem raciocinar muito nas consequências. Ele simplesmente tem um
feeling impressionante para problemas e consegue ser obstinado para resolver. Aqui, ele já é um pouco mais "super homem" que no primeiro, ainda sangra e sofre, mas se joga de helicóptero na asa de um
avião, usa a cadeira do piloto para ser ejetado de outro em chamas e consegue façanhas incríveis para resolver o problema. Ainda assim, é um bom
filme de
ação, com cenas bem construídas.
Duro de Matar 2 (Die Hard 2, 1990 / EUA)
Direção: Renny Harlin
Roteiro: Steven E. de Souza e Doug Richardson
Com: Bruce Willis, William Atherton, Bonnie Bedelia, William Sadler e Reginald VelJohnson
Duração: 124 min.
Duro de Matar - A Vingança

Demorou um pouco para vir o terceiro
filme, e antes não tivesse vindo.
Duro de Matar - A Vingança é diferente da fórmula inicial da série. Aqui,
John McClane não está no lugar errado, na hora errada. Ele é convocado para servir de isca e desviar a atenção, enquanto os
bandidos realizam o verdadeiro plano de roubar o tesouro dos Estados Unidos.
O
filme já começa com uma
explosão. E depois com o telefonema do
terrorista que manda chamar
John McClane. Parece que o hiato de cinco anos entre uma produção e outra, criou também um enorme hiato na trama. Vemos
John McClane bêbado, separado da esposa, com quem parecia ótimo no segundo
filme, e de licença da
polícia. Não é explicada muita coisa em relação a isso, mas é o único
filme onde a família dele não tem nenhum envolvimento.

A trama é todo um jogo de gato e rato, onde os
bandidos dão missões para que o policial cumpra, caso não tenha sucesso eles explodem algum local da cidade. Na primeira missão,
John McClane conhece o personagem de
Samuel L. Jackson, que ao salvá-lo de ser linchado, acaba entrando no jogo, tendo que cumprir a gincana com ele.
Das primeiras tramas, esse
filme só traz o personagem principal, e claro, uma certa ligação do
bandido principal com o primeiro
vilão interpretado por
Alan Rickman. Isso, aliás, é o mote para o título do
filme, A Vingança, que no final se demonstra mais uma desculpa que uma motivação. Porém, não deixa de ser interessante. Como piadinha, tem ainda uma situação no
elevador, que o personagem até pontua dizendo "sempre o
elevador".

Porém, ao abrir o seu campo de atuação. Temos ações na cidade inteira.
Duro de Matar 3 acaba perdendo muito de sua força. A adrenalina parece diluída, e o diretor
John McTiernan acaba apelando para cenas mais mirabolantes como uma em que
John McClane "surfa" em cima de um caminhão por dentro de um
túnel, até chegar à grade de um bueiro. Ainda tem toda a confusão no meio do mar. De qualquer maneira, ainda é um
filme interessante, com bons momentos e uma certa inteligência no roteiro.
Duro de Matar - A Vingança (Die Hard: With a Vengeance, 1995 / EUA)
Direção: John McTiernan
Roteiro: Jonathan Hensleigh, Roderick Thorp
Com: Bruce Willis, Jeremy Irons, Samuel L. Jackson
Duração: 131 min.
Duro de Matar 4.0
E quando parecia que
John McClane tinha se aposentado, chega
Duro de Matar 4.0. Doze anos após o terceiro
filme, com
Bruce Willis já careca e depois de uma carreira extensa no
cinema. Aqui, sua família volta ao foco, ainda que apenas no papel da filha. Mas, através dela e do problema com ele, temos um vislumbre do que aconteceu, não apenas entre o terceiro e o quarto
filme, mas até entre o segundo e o terceiro, e por que não, entre o quarto e o quinto.

Sem muitas explicações, entendemos que o policial se dedicou tanto à sua carreira e a aventuras perigosas que acabou negligenciando a família, que, se sentido esquecida, se afastou dele. Porém,
Duro de Matar 4.0 não é sobre isso, esse é apenas o pano de fundo para construir um elo com o personagem. Caso não houvesse isso, o roteiro poderia ser com qualquer outro
policial experiente, sem nenhuma ligação de fato com o
John McClane dos outros três
filmes.
O roteiro do
filme é sobre uma investida na chamada "Queima Total". Um ataque cibernético para construir o caos no país, sem computadores, meios de comunicação e energia, desestabilizando a economia e desviando todo o dinheiro do país para os
terroristas.

O
filme começa com um "jogo" onde
hackers de todo o país são desafiados para quebrar um algoritmo. É a partir disso que eles consegue subsídios para tomar o sistema do país e começar o caos. E para não deixar rastros, eles vão matar todos os
hackers envolvidos. É quando entra em ação,
John McClane que é designado para escoltar um deles, o garoto Matt Farrell, vivido por
Justin Long.
É curioso que um personagem como
McClane esteja envolvido com uma trama tão século 21, afinal, em todos os
filmes, ele sempre foi avesso à tecnologias e isso era repetido pelos que o cercavam. Assim como as piadas do roteiro tem muito mais referências nerds, coisa que nunca aconteceu antes e não faz parte do universo do personagem. Temos uma com um bonequinho de O Exterminador do Futuro caindo e detonando o computador de Farrell, ou uma mais sutil, quando ele diz a
McClane que precisam ir na cada de um amigo, pois ele é "a nossa última esperança". Aí, o primeiro plano do quarto desse amigo é um boneco de Obi-Wan Kenobi (a última esperança da princesa Léia).

Há cenas interessantes também como a montagem de falas dos presidentes dos Estados Unidos para criar a mensagem dos
terroristas e gerar pânico. E, para ser um
filme de
John McClane, tem ainda uma cena no elevador, com bastante tensão. Mas, aqui, os apelos a caçadas mirabolantes e mentiras exageradas atingem um nível maior. Tem ele lançando um carro em um helicóptero e uma sequência de um caminhão que nos deixam com uma sensação de mentira tão grande, que é difícil até comprar a ideia.
Ainda assim, a adrenalina é boa e
Duro de Matar 4.0 acaba sendo um
filme de
ação interessante, divertido e com algumas nuanças bem trabalhadas. Ainda que não tenha muito sentido diante de todo o universo do personagem.
Duro de Matar 4.0 (Live Free or Die Hard, 2007 / EUA)
Direção: Len Wiseman
Roteiro: Mark Bomback, David Marconi, John Carlin e Roderick Thorp
Com: Bruce Willis, Justin Long, Timothy Olyphant
Duração: 128 min.