
Após quatro
filmes, a série
Duro de Matar demonstra sérios problemas de desgaste. Ainda que
John McClane esteja lá e continue sendo um perspicaz e destemido
policial, ele agora parece mais indestrutível que antes. Ainda que mais velho, seu corpo não parece sofrer, mesmo após seguidos capotamentos. E esse é apenas um dos problemas de
Um Bom Dia para Morrer.
O hiato entre o quarto e o quinto filme parece imenso. Começamos a trama na Rússia, com o filho de
John McClane preso junto a um terrorista perigoso. O garoto
Jack McClane tinha sido apenas citado nos demais
filmes, sua trama nunca foi desenvolvida e a sensação que temos ao iniciar o
filme é de que perdemos alguma coisa. Já vemos
McClane buscando pistas de onde ele estaria e sua filha, ela sim com uma trama no quarto
filme, acompanhando e pedindo que o pai ajude o irmão.

Qualquer outro detalhe que eu revele da trama pode trazer
spoilers perigosos. Afinal o roteiro de Skip Woods e Roderick Thorp se baseia em um jogo de mostra e esconde que ele tentam levar até os últimos momentos. Ainda que muita coisa seja deduzível a medida que a história avança, melhor deixar cada um com suas próprias conclusões. Basta apenas dizer que toda a trama de
Duro de Matar: Um Bom dia para Morrer é inconstante e vazia. Tola até, culminando na usina de
Chernobyl, com uma dose de mentiras tão grande que chega a irritar o espectador.

O início do
filme tem bons momentos. A construção do suspense, a apresentação da situação, a utilização dos sons nesses momentos. Tudo é bem feito, instigante.
John McClane está divertido. Repetindo a todo momento que está de férias, o que irrita, é verdade, mas tem bons momentos de piadas. Tem até uma cena no
elevador novamente, só que dessa vez, não temos a repetição daquela situação limite, e sim, um clima tenso com Garota de Ipanema tocando ao fundo.
O problema é que esse
filme, em vez de investir em um roteiro interessante que nos prenda e surpreenda, acaba exagerando nas cenas de ações mentirosas com muita perseguição de carros que culmina no ápice dele correndo pelos capôs dos carros, na contra-mão. Para quem imaginou Nicolas Cage pulando de capô em capô, esqueça,
John McClane está fazendo isso dirigindo outro carro, o que torna tudo ainda mais difícil de acreditar. Um sinal claro que de faltou criatividade e assunto, é que esse é o
filme mais curto da série, que sempre teve uma média de 2 horas e não cansava, ao contrário dessa uma hora e meia que custa a passar.

E esse é o maior problema de
Um Bom Dia para Morrer,
John McClane se torna um super homem indestrutível. Não tem mais a graça daquele homem aparentemente comum obstinado que se joga no perigo, sofre, apanham sangra, mas está lá, "duro na queda". Incomoda a forma como tudo se desenvolve e como ele sempre se sai das situações, vencendo duelos perdidos de uma maneira pouco convincente. Pouco convincente também são os
vilões. Em uma cena mesmo, não faz sentido ele não simplesmente matar pai e filho, fazendo dancinhas e dando murros que só o fazem perder tempo. E essa nem é a pior das besteiras.
Duro de Matar: Um Bom dia para Morrer é daqueles filmes que poderiam ter ficado no papel. Tem coisas piores do que ele, é verdade. Há até algumas qualidades na obra, mas acaba destruindo uma imagem boa de uma série de aventura
policial que sempre foi acima da média. Previsível e risível. Uma pena.
John McClane merecia um fim melhor.
Duro de Matar: Um Bom dia para Morrer (A Good Day to Die Hard, 2013 / EUA)
Direção: John Moore
Roteiro: Skip Woods, Roderick Thorp
Com: Bruce Willis, Jai Courtney, Sebastian Koch
Duração: 97 min.