
A trama deveria ser sobre dois irmãos que acabaram de assaltar um cassino e estão tentando chegar à fronteira. Um acidente de carro atrapalha os planos e eles têm que se dividir em plena nevasca canadense, envolvendo-se com outras pessoas. Porém, a trama acaba sendo mais do que isso. Acaba sendo também o drama de um ex-boxeador que acaba da sair da prisão onde esteve sabe-se lá por quê. E de uma jovem policial, filha do xerife de uma cidadezinha na fronteira, que é humilhada pelo pai, também sem motivos aparentes.

O diretor Stefan Ruzowitzky parecia ter tudo nas mãos. Após chamar a atenção do mundo com Os Falsários, o austríaco tinha um bom elenco nas mãos e uma boa história. Só que nem ele nem o roteirista Zach Dean conseguiram desenvolver bem o que tinha, apresentando uma obra frágil. Ainda assim, Ruzowitzky imprime bons momentos, principalmente na apresentação da trama e de seus personagens. O acidente de carro é bem feito, o plot do policial, a despedida dos irmãos. Assim como o boxeador Jay tem uma apresentação tensa, saindo da cadeia, ligando para os pais, cobrando satisfações do antigo treinador. Só a policial Hanna é que já começa com o pé esquerdo, com diálogos horríveis com o pai.


Se não fosse o bastante, a direção ainda falha em vários momentos ao tentar construir um clima de suspense que nunca ganha corpo. Tudo fica muito óbvio, exposto, principalmente com a construção em paralelo de todos os núcleos. Isso sem falar em erros de continuidade grosseiros como um snowmobile que surge do outro lado de um rio, ou tiros que são esquecidos em pernas que não mancam mais.
A Fuga é daqueles filmes que poderia ter sido. Cansativo apesar da curta duração, falho em diversos pontos e com atores que poderiam dar muito mais de si. Talvez por isso, tenha demorado tanto para estrear no Brasil.
A Fuga (Deadfall, 2012 / EUA)
Direção: Stefan Ruzowitzky
Roteiro: Zach Dean
Com: Eric Bana, Olivia Wilde, Charlie Hunnam
Duração: 95 min.