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Jack, o Caçador de Gigantes
Jack, o Caçador de Gigantes
João e o Pé de Feijão. Mais um conto de fadas chega às telas em versão live action hi-tech. E mais uma vez algo soa estranho, ainda que tenha mais qualidades nesse filme do que em outros exemplos como A Garota da Capa Vermelha e João e Maria, Caçadores de Bruxas.
A abertura do filme já resume a trama. Mas, isso não é exatamente ruim. O prólogo apresenta os personagens protagonistas fazendo uma ligação com os seus destinos e a lenda do reino. Jack, o garoto camponês, que ouve a história do pai antes de dormir. E Isabelle, a jovem princesa que a ouve de sua mãe. Ambos maravilhados com a possibilidade de existir gigantes em um espaço acima do nosso, e que feijões mágicos fossem a ponte que ligaria os dois mundos. Os feijões teriam sido feitos por monges que queriam chegar perto de Deus. E a ponte fora fechada pelo antigo rei que forjou uma coroa com o coração de um dos gigantes, se tornando seu senhor.
Claro que as crianças crescem, a porta é reaberta por acaso e os gigantes terão sua chance de se vingar do seu antigo carrasco, na figura de sua descendente, a princesa Isabelle. E Jack, que já está apaixonado pela jovem, apesar de ser um simples camponês, fará de tudo para libertá-la e ser digno do seu coração. Resumidamente, essa é a trama do filme, os desdobramentos poderiam ser muitos. Mas, os três roteiristas preferem se concentrar nas ações desencadeadas com sequestros, prisões, lutas e perseguições. Tudo com doses de humor, já que os assustadores gigantes tem lá seu lado cômico, principalmente pelo líder de duas cabeças.
A CGI desses imprescindíveis monstrengos deixa a desejar. Não que seja mal feita, mas há um estranhamento, um deslocamento em sua colocação no cenário que a torna falsa. A tecnologia atual pode ir muito além. Aliás, falando em tecnologia, o 3D do filme é outro ponto que fica em falta. Ainda mais quando sabemos que o filme foi adiado por causa da pós-produção desse 3D. Apesar de algumas brincadeirinhas sendo jogadas em nossa cara, a profundidade da projeção é quase nula. E isso chega a ser injustificável, principalmente no reino dos gigantes, onde os cenários construídos são um prato cheio para diversas imersões. Destaque apenas para dois momentos em contra-plongée (câmera de baixo para cima), com a aproximação do olhar do gigante.
Após encarar um simpático zumbi apaixonado, Nicholas Hoult não convence como o Jack. Camponês ou caçador de gigantes, há um deslocamento do rapaz no papel, sempre ajeitando o cabelinho e fazendo cara de assustado. Não dá para entender como a princesa Isabelle se apaixonou tão facilmente por ele. Ainda que a atriz, Eleanor Tomlinson também não tenha grandes destaques como a monarca. Já Ewan McGregor cumpre bem o seu papel de cavaleiro Elmont, sempre honrado e protegendo o rei. Assim como Stanley Tucci se destaca como o vilão Roderick, mesmo que este faça muitas caras e bocas.
Mas, ainda que não seja uma grande obra, Jack, o Caçador de Gigantes capricha nas cenas de ação, que dão ritmo ao filme. Há tensão também, principalmente, quando os mocinhos estão nas mãos dos gigantes. E uma boa dose de adrenalina na batalha do castelo. Mesmo que aqui haja uma reação sem sentido de gigantes que poderiam simplesmente pular muros em vez de brincar de cabra-cega com humanos pela porta da fortaleza. Porém, há um jogo interessante de pistas e recompensas, desde a abertura, que acaba criando desfechos satisfatórios para tudo aquilo.
Jack, o Caçador de Gigantes é mais uma tentativa de reviver a magia dos contos de fadas em aventuras adolescentes com mistura de humor e ação. É feliz em alguns pontos, diverte, envolve, mas também traz momentos lamentáveis. Na média, é um filme pipoca, daqueles pulam por aí, mas logo esfriam e são esquecidos. Ou não.
Jack, o Caçador de Gigantes (Jack the Giant Slayer, 2013 / EUA)
Direção: Bryan Singer
Roteiro: Darren Lemke, Christopher McQuarrie
Com: Nicholas Hoult, Stanley Tucci, Ewan McGregor e Eleanor Tomlinson
Duração: 114 min.
A abertura do filme já resume a trama. Mas, isso não é exatamente ruim. O prólogo apresenta os personagens protagonistas fazendo uma ligação com os seus destinos e a lenda do reino. Jack, o garoto camponês, que ouve a história do pai antes de dormir. E Isabelle, a jovem princesa que a ouve de sua mãe. Ambos maravilhados com a possibilidade de existir gigantes em um espaço acima do nosso, e que feijões mágicos fossem a ponte que ligaria os dois mundos. Os feijões teriam sido feitos por monges que queriam chegar perto de Deus. E a ponte fora fechada pelo antigo rei que forjou uma coroa com o coração de um dos gigantes, se tornando seu senhor.
Claro que as crianças crescem, a porta é reaberta por acaso e os gigantes terão sua chance de se vingar do seu antigo carrasco, na figura de sua descendente, a princesa Isabelle. E Jack, que já está apaixonado pela jovem, apesar de ser um simples camponês, fará de tudo para libertá-la e ser digno do seu coração. Resumidamente, essa é a trama do filme, os desdobramentos poderiam ser muitos. Mas, os três roteiristas preferem se concentrar nas ações desencadeadas com sequestros, prisões, lutas e perseguições. Tudo com doses de humor, já que os assustadores gigantes tem lá seu lado cômico, principalmente pelo líder de duas cabeças.
A CGI desses imprescindíveis monstrengos deixa a desejar. Não que seja mal feita, mas há um estranhamento, um deslocamento em sua colocação no cenário que a torna falsa. A tecnologia atual pode ir muito além. Aliás, falando em tecnologia, o 3D do filme é outro ponto que fica em falta. Ainda mais quando sabemos que o filme foi adiado por causa da pós-produção desse 3D. Apesar de algumas brincadeirinhas sendo jogadas em nossa cara, a profundidade da projeção é quase nula. E isso chega a ser injustificável, principalmente no reino dos gigantes, onde os cenários construídos são um prato cheio para diversas imersões. Destaque apenas para dois momentos em contra-plongée (câmera de baixo para cima), com a aproximação do olhar do gigante.
Após encarar um simpático zumbi apaixonado, Nicholas Hoult não convence como o Jack. Camponês ou caçador de gigantes, há um deslocamento do rapaz no papel, sempre ajeitando o cabelinho e fazendo cara de assustado. Não dá para entender como a princesa Isabelle se apaixonou tão facilmente por ele. Ainda que a atriz, Eleanor Tomlinson também não tenha grandes destaques como a monarca. Já Ewan McGregor cumpre bem o seu papel de cavaleiro Elmont, sempre honrado e protegendo o rei. Assim como Stanley Tucci se destaca como o vilão Roderick, mesmo que este faça muitas caras e bocas.
Mas, ainda que não seja uma grande obra, Jack, o Caçador de Gigantes capricha nas cenas de ação, que dão ritmo ao filme. Há tensão também, principalmente, quando os mocinhos estão nas mãos dos gigantes. E uma boa dose de adrenalina na batalha do castelo. Mesmo que aqui haja uma reação sem sentido de gigantes que poderiam simplesmente pular muros em vez de brincar de cabra-cega com humanos pela porta da fortaleza. Porém, há um jogo interessante de pistas e recompensas, desde a abertura, que acaba criando desfechos satisfatórios para tudo aquilo.
Jack, o Caçador de Gigantes é mais uma tentativa de reviver a magia dos contos de fadas em aventuras adolescentes com mistura de humor e ação. É feliz em alguns pontos, diverte, envolve, mas também traz momentos lamentáveis. Na média, é um filme pipoca, daqueles pulam por aí, mas logo esfriam e são esquecidos. Ou não.
Jack, o Caçador de Gigantes (Jack the Giant Slayer, 2013 / EUA)
Direção: Bryan Singer
Roteiro: Darren Lemke, Christopher McQuarrie
Com: Nicholas Hoult, Stanley Tucci, Ewan McGregor e Eleanor Tomlinson
Duração: 114 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Jack, o Caçador de Gigantes
2013-03-28T13:56:00-03:00
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