Você conhece Alan Smithee?
Nascido em 1967, segundo o IMDB, Alan Smithee é uma espécie de cineasta para toda obra. Tanto que antes de nascer já tinha dirigido o seu primeiro curta-metragem, The Indiscreet Mrs. Jarvis em 1955. Bastante eclético, com diversas aptidões, Alan Smithee já assinou trabalhos em diversas funções do audiovisual. Diretor, Roteirista, Montador, Produtor, Departamento de Som, Diretor de Fotografia, Departamento de Arte, Efeitos Visuais, Direção de Arte, Departamento de Animação, Câmera, Maquiagem, Designer de Produção e até ator. Claro, que um homem desses não poderia existir, não é?
Na realidade, Alan Smithee é um codinome-chave, uma espécie de laranja, ou bode expiatório da indústria cinematográfica quando um determinado profissional não fica satisfeito com o resultado do filme e pede para tirar o seu nome dos créditos. Se estivesse na Bahia, por exemplo, Alan Smithee com certeza apareceria como diretor do filme Cinderela Baiana, em vez de a obra ser lançada sem um nome de diretor. No Brasil isso foi possível, mas nos Estados Unidos não seria.
A escolha do nome de Alan Smithee surgiu no escritório do sindicato dos diretores americanos (Directors Guild of America - DGA) e nada mais é do que um anagrama do termo The Alias Men (Homem Apelido). Tudo por causa do sistema da indústria que não permite que os diretores mandem na cópia final do filme, mas também não permite que um filme seja registrado sem diretor. Muitas vezes produtores e distribuidores refazem a obra na sala de montagem e o diretor que não se reconhecer no produto final pode pedir para tirar o seu nome. É aí, que entra o multifacetado Alan Smithee. Com o tempo, outras funções começaram a usá-lo também.
Esse detalhe deveria se manter em segredo, é claro. Mas, em 1997, acabou vazando no filme 'Hollywood Muito Além Das Câmeras' (An Alan Smithee Film: Burn Hollywood Burn). A trama dirigida por Arthur Hiller (Alan Smithee, claro) faz na verdade uma brincadeira com essa tradição. Nele, o ator Eric Idle interpreta um personagem chamado Alan Smithee que vai dirigir o seu primeiro filme. Aí, já viu, né? A sinopse do filme já anuncia o problema: "Se um diretor sente que um filme ficou tão ruim ao ponto de querer tirar seu nome dos créditos sempre pode usar 'Alan Smithee', o pseudônimo do Sindicato dos Diretores. Mas se o diretor se chama realmente Alan Smithee então está em um mato sem cachorro".
O filme foi lançado diretamente em home vídeo no Brasil e chegou a ser exibido na televisão com o nome de Queime Hollywood, Queime. De fato, o resultado não é dos melhores, a trama se perde e acaba gerando uma confusão, já que o personagem rouba os negativos para que o filme não seja lançado e acaba sendo confundido com um terrorista. Ironicamente, o produtor acabou fazendo mudanças significativas no filme e Arthur Hiller pediu para que Alan Smithee assinasse a direção.
Assim como ele, diversos outros diretores fizeram o mesmo, inclusive alguns famosos como John Frankenheimer em 'Riviera' (1987) ou Dennis Hopper em 'Atraída Pelo Perigo' (1989). Até Sam Raimi recorreu ao pseudônimo em 'The Nutt House' (1992) preferindo esquecer que escreveu o roteiro do filme em parceria com seu irmão Ivan Raimi. Continuações forçadas, então, são um prato cheio para Alan Smithee, como o sofrível 'Os Pássaros 2' (1994) que é apresentado como do diretor. Mas, curioso mesmo, é ele aparecer como ator de nove filmes, inclusive live action, onde o ator, claro, está coberto por alguma fantasia ou máscara.
Então, é isso. Se vocês virem o nome de Alan Smithee nos créditos de algum filme, pode ter certeza de que algo deu errado e que essa obra tem grandes chances de não ser uma maravilha. Dos 76 títulos que figuram na lista do IMDB como dirigidos por ele, a média das notas fica próxima de 5, mas tem muita nota 1 (de 0 a 10). Daquelas coisas que só a indústria nos proporciona. Não deixa de ser curioso, não é?
Abaixo, uma pequena retrospectiva de sua carreira enquanto diretor.
Na realidade, Alan Smithee é um codinome-chave, uma espécie de laranja, ou bode expiatório da indústria cinematográfica quando um determinado profissional não fica satisfeito com o resultado do filme e pede para tirar o seu nome dos créditos. Se estivesse na Bahia, por exemplo, Alan Smithee com certeza apareceria como diretor do filme Cinderela Baiana, em vez de a obra ser lançada sem um nome de diretor. No Brasil isso foi possível, mas nos Estados Unidos não seria.
A escolha do nome de Alan Smithee surgiu no escritório do sindicato dos diretores americanos (Directors Guild of America - DGA) e nada mais é do que um anagrama do termo The Alias Men (Homem Apelido). Tudo por causa do sistema da indústria que não permite que os diretores mandem na cópia final do filme, mas também não permite que um filme seja registrado sem diretor. Muitas vezes produtores e distribuidores refazem a obra na sala de montagem e o diretor que não se reconhecer no produto final pode pedir para tirar o seu nome. É aí, que entra o multifacetado Alan Smithee. Com o tempo, outras funções começaram a usá-lo também.
Esse detalhe deveria se manter em segredo, é claro. Mas, em 1997, acabou vazando no filme 'Hollywood Muito Além Das Câmeras' (An Alan Smithee Film: Burn Hollywood Burn). A trama dirigida por Arthur Hiller (Alan Smithee, claro) faz na verdade uma brincadeira com essa tradição. Nele, o ator Eric Idle interpreta um personagem chamado Alan Smithee que vai dirigir o seu primeiro filme. Aí, já viu, né? A sinopse do filme já anuncia o problema: "Se um diretor sente que um filme ficou tão ruim ao ponto de querer tirar seu nome dos créditos sempre pode usar 'Alan Smithee', o pseudônimo do Sindicato dos Diretores. Mas se o diretor se chama realmente Alan Smithee então está em um mato sem cachorro".
O filme foi lançado diretamente em home vídeo no Brasil e chegou a ser exibido na televisão com o nome de Queime Hollywood, Queime. De fato, o resultado não é dos melhores, a trama se perde e acaba gerando uma confusão, já que o personagem rouba os negativos para que o filme não seja lançado e acaba sendo confundido com um terrorista. Ironicamente, o produtor acabou fazendo mudanças significativas no filme e Arthur Hiller pediu para que Alan Smithee assinasse a direção.
Assim como ele, diversos outros diretores fizeram o mesmo, inclusive alguns famosos como John Frankenheimer em 'Riviera' (1987) ou Dennis Hopper em 'Atraída Pelo Perigo' (1989). Até Sam Raimi recorreu ao pseudônimo em 'The Nutt House' (1992) preferindo esquecer que escreveu o roteiro do filme em parceria com seu irmão Ivan Raimi. Continuações forçadas, então, são um prato cheio para Alan Smithee, como o sofrível 'Os Pássaros 2' (1994) que é apresentado como do diretor. Mas, curioso mesmo, é ele aparecer como ator de nove filmes, inclusive live action, onde o ator, claro, está coberto por alguma fantasia ou máscara.
Então, é isso. Se vocês virem o nome de Alan Smithee nos créditos de algum filme, pode ter certeza de que algo deu errado e que essa obra tem grandes chances de não ser uma maravilha. Dos 76 títulos que figuram na lista do IMDB como dirigidos por ele, a média das notas fica próxima de 5, mas tem muita nota 1 (de 0 a 10). Daquelas coisas que só a indústria nos proporciona. Não deixa de ser curioso, não é?
Abaixo, uma pequena retrospectiva de sua carreira enquanto diretor.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Você conhece Alan Smithee?
2013-04-29T07:46:00-03:00
Amanda Aouad
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