Em Algum Lugar do Passado
Em tempos de novo Superman nos cinemas, resolvi homenagear o eterno Homem de Aço, Christopher Reeve neste que é um dos seus papéis mais marcantes. Um romance sobrenatural que vai além das explicações lógicas. O que chama a atenção em Em Algum Lugar do Passado é a força do amor de Richard Collier e Elise McKenna, que pode ser interpretado de diversas maneiras.
Tudo começa de uma maneira mística e misteriosa. Richard Collier está comemorando a boa apresentação de sua peça na faculdade quando uma senhora se aproxima, lhe dá um relógio de ouro e diz: "volte para mim". Sabemos depois que essa senhora falecera naquele mesmo dia, mas Richard não sabe quem é, nem o que aquilo significa. Apenas oito anos depois, quando se hospeda em um hotel, ele se encanta por um retrato de uma atriz antiga: Elise McKenna. E, pesquisando, descobre que ela é a tal senhora que lhe deu o relógio. Sua jornada será, então, descobrir como pode viajar no tempo para estar com sua amada.
Como esse amor nasceu, quem incentivou a quem, e como é possível dois seres de épocas tão distintas se amarem, são perguntas que não cabem em Em Algum Lugar do Passado. O filme flerta com uma explicação ilógica de uma hipnose, tendo o local como auxiliar. Mas, é tudo muito esquisito. Poderia ser interpretado também como alguma espécie de regressão. Richard Collier de 1980 poderia ser uma reencarnação do Richard Collier de 1912. Mas, o fato é que, como o filme é construído, isso, realmente não importa.
Somos convidados a embarcar neste amor de uma maneira muito peculiar. Sempre pela visão de Richard, vamos nos encantando com Elise aos poucos. Primeiro a senhora misteriosa, depois a bela na foto, passando pelas informações na biblioteca, até, finalmente, vê-la em 1912. O mistério que acompanha a busca, a dificuldade que Richard tem para conseguir atingir seu objetivo nos faz simpatizar com sua causa. Primeiro, na tentativa de ir ao passado. Depois, na tentativa de se aproximar dela quando chega lá. No momento em que Richard finalmente fica frente a frente com Elise, o encontro se torna emocionante ao extremo para o espectador. Não apenas por ele ter conseguido, mas pela forma como tudo é composto.
Ao contrário da cena em que ele vê a foto, onde todos os recursos parecem datados e exagerados, o encontro no lago é cuidadoso e belo ainda hoje. Composto em seus detalhes, pelo olhar encantado dele. Pelo rapaz que desce a cortina atrás do personagem e assim, podemos ver o reflexo de Elise na janela. Pela aproximação dos dois, com a música-tema embalando nossos ouvidos. E pela pergunta dela que deixa o encontro ainda mais místico. Ali, acreditamos que almas gêmeas são possíveis.
A história, a técnica, a direção, tudo se torna secundário diante da força do amor. Por mais brega que isso pareça. Em Algum Lugar do Passado é isso, um amor incrivelmente forte, envolvente e impossível que nos leva junto com ele. A alegria e a dor daquele casal nos convence e nos faz querer fazer parte daquilo. Tudo parece verdadeiro. O primeiro beijo. O discurso dela durante a peça. O reencontro. A relação dentro do quarto. O desfecho. Acompanhamos aquilo com emoção.
Ainda que em muitos momentos seja over, a trilha sonora é outro grande trunfo do filme. A música-tema criada por John Barry é de uma beleza ímpar, assim como o tema de Rhapsody on a Theme of Paganini, composto por de Sergei Rachmaninoff que se encaixa perfeitamente no clima do filme.
Em Algum Lugar do Passado pode não ser daqueles filmes que se tornam clássicos e eternos por sua técnica. Mas, a força do amor que constrói encanta ainda hoje.
Em Algum Lugar do Passado (Somewhere in Time, 1980 / EUA)
Direção: Jeannot Szwarc
Roteiro: Richard Matheson
Com: Christopher Reeve, Jane Seymour, Christopher Plummer
Duração: 103 min.
Tudo começa de uma maneira mística e misteriosa. Richard Collier está comemorando a boa apresentação de sua peça na faculdade quando uma senhora se aproxima, lhe dá um relógio de ouro e diz: "volte para mim". Sabemos depois que essa senhora falecera naquele mesmo dia, mas Richard não sabe quem é, nem o que aquilo significa. Apenas oito anos depois, quando se hospeda em um hotel, ele se encanta por um retrato de uma atriz antiga: Elise McKenna. E, pesquisando, descobre que ela é a tal senhora que lhe deu o relógio. Sua jornada será, então, descobrir como pode viajar no tempo para estar com sua amada.
Como esse amor nasceu, quem incentivou a quem, e como é possível dois seres de épocas tão distintas se amarem, são perguntas que não cabem em Em Algum Lugar do Passado. O filme flerta com uma explicação ilógica de uma hipnose, tendo o local como auxiliar. Mas, é tudo muito esquisito. Poderia ser interpretado também como alguma espécie de regressão. Richard Collier de 1980 poderia ser uma reencarnação do Richard Collier de 1912. Mas, o fato é que, como o filme é construído, isso, realmente não importa.
Somos convidados a embarcar neste amor de uma maneira muito peculiar. Sempre pela visão de Richard, vamos nos encantando com Elise aos poucos. Primeiro a senhora misteriosa, depois a bela na foto, passando pelas informações na biblioteca, até, finalmente, vê-la em 1912. O mistério que acompanha a busca, a dificuldade que Richard tem para conseguir atingir seu objetivo nos faz simpatizar com sua causa. Primeiro, na tentativa de ir ao passado. Depois, na tentativa de se aproximar dela quando chega lá. No momento em que Richard finalmente fica frente a frente com Elise, o encontro se torna emocionante ao extremo para o espectador. Não apenas por ele ter conseguido, mas pela forma como tudo é composto.
Ao contrário da cena em que ele vê a foto, onde todos os recursos parecem datados e exagerados, o encontro no lago é cuidadoso e belo ainda hoje. Composto em seus detalhes, pelo olhar encantado dele. Pelo rapaz que desce a cortina atrás do personagem e assim, podemos ver o reflexo de Elise na janela. Pela aproximação dos dois, com a música-tema embalando nossos ouvidos. E pela pergunta dela que deixa o encontro ainda mais místico. Ali, acreditamos que almas gêmeas são possíveis.
A história, a técnica, a direção, tudo se torna secundário diante da força do amor. Por mais brega que isso pareça. Em Algum Lugar do Passado é isso, um amor incrivelmente forte, envolvente e impossível que nos leva junto com ele. A alegria e a dor daquele casal nos convence e nos faz querer fazer parte daquilo. Tudo parece verdadeiro. O primeiro beijo. O discurso dela durante a peça. O reencontro. A relação dentro do quarto. O desfecho. Acompanhamos aquilo com emoção.
Ainda que em muitos momentos seja over, a trilha sonora é outro grande trunfo do filme. A música-tema criada por John Barry é de uma beleza ímpar, assim como o tema de Rhapsody on a Theme of Paganini, composto por de Sergei Rachmaninoff que se encaixa perfeitamente no clima do filme.
Em Algum Lugar do Passado pode não ser daqueles filmes que se tornam clássicos e eternos por sua técnica. Mas, a força do amor que constrói encanta ainda hoje.
Em Algum Lugar do Passado (Somewhere in Time, 1980 / EUA)
Direção: Jeannot Szwarc
Roteiro: Richard Matheson
Com: Christopher Reeve, Jane Seymour, Christopher Plummer
Duração: 103 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Em Algum Lugar do Passado
2013-07-15T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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