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Medo da Verdade
Medo da Verdade
E já que o nome de Ben Affleck está em voga por causa da polêmica escolha para interpretar Batman, resolvi resgatar seu primeiro filme como diretor. Medo da Verdade ganhou a crítica, apesar de ter sido lançado direto em Home Vídeo aqui no Brasil. Um suspense bem embasado e construído de uma maneira surpreendentemente competente para um diretor estreante.
Baseado no romance de Dennis Lehane, Medo da Verdade conta a história do sumiço da garotinha Amanda McCready, que foi levada de sua casa, quando a mãe, Helene, a deixou sozinha. A polícia e a imprensa foram mobilizadas, mas a tia da menina, não se conformando com a situação, contrata também a dupla de detetives particulares Patrick Kenzie e Angela Gennaro. Os dois, que também são namorados, vão se envolvendo com o caso e percebendo que há mais mentiras ali do que parecia superficialmente. Nos dando a certeza de que nada é o que parece.
É interessante como Ben Affleck, que também assina o roteiro junto a Aaron Stockard, constrói a trama nos fazendo desconfiar de tudo e de todos. Isso sem falar na forma com a qual a nossa curiosidade é aguçada a cada nova informação. A mãe que mentiu, o dinheiro roubado, as mentiras que vão sendo descobertas. O filme tem duas viradas importantes, uma na metade e outra na meia hora final do filme que vão construindo a resolução de uma maneira envolvente e surpreendente. Ainda que já esperemos algo diferente do que aparentava.
E nesse ponto é que o título brasileiro acaba sendo bastante feliz. Ainda que o original, Gone Baby Gone, seja muito bom. Pois Medo da Verdade acaba sendo esse dilema de até que ponto uma mentira é maléfica ou não. Até que ponto a verdade, doa a quem doer, é o melhor caminho para qualquer caso. É irônico que quem mais queria saber a verdade, acabe sendo tão impactado e sofrendo com ela. E a forma como o filme discute essa questão ética nos impacta e faz pensar nos nossos próprios valores. Principalmente pela cena final.
Indicada ao Oscar como melhor atriz coadjuvante, Amy Ryan, que faz a mãe da menina, acaba sendo mesmo o maior destaque do elenco, ainda que Morgan Freeman nos brinde sempre com boas interpretações. O seu olhar em determinada cena na parte final é daqueles que diz mais do que textos imensos. Casey Affleck e Michelle Monaghan também constroem uma boa dupla de investigadores, com carga dramática suficiente para cada situação. E Ed Harris dá ao policial Remy Bressant o tom necessário para o desenrolar do seu personagem.
Mas, o que impressiona mesmo é a direção de cena, a forma como Affleck apresenta cada situação e constrói os elos visuais necessários. A cena no lago, por exemplo, é tão tensa e inquieta quanto deve ser, nos deixando perdidos tal qual os detetives. No momento em que Angela pula na água é possível sentir o seu desespero. Da mesma forma que nada é explicado a contento, pois só fará sentido mesmo ao final de tudo.
Medo da Verdade é um belo filme policial e um pontapé inicial perfeito para um ator medíocre que se demonstrou um grande diretor. Seus trabalhos futuros só provaram que aqui não era sorte de principiante. Ben Affleck cresce a cada trabalho seu fora das telas, o que nos leva a pensar se não seria melhor até, ele assumir a direção de Superman e Batman, do que vestir a roupa do homem-morcego.
Medo da Verdade (Gone Baby Gone, 2007/ EUA)
Direção: Ben Affleck
Roteiro: Ben Affleck e Aaron Stockard
Com: Morgan Freeman, Ed Harris, Casey Affleck, Michelle Monaghan, Amy Ryan
Duração: 114 min.
Baseado no romance de Dennis Lehane, Medo da Verdade conta a história do sumiço da garotinha Amanda McCready, que foi levada de sua casa, quando a mãe, Helene, a deixou sozinha. A polícia e a imprensa foram mobilizadas, mas a tia da menina, não se conformando com a situação, contrata também a dupla de detetives particulares Patrick Kenzie e Angela Gennaro. Os dois, que também são namorados, vão se envolvendo com o caso e percebendo que há mais mentiras ali do que parecia superficialmente. Nos dando a certeza de que nada é o que parece.
É interessante como Ben Affleck, que também assina o roteiro junto a Aaron Stockard, constrói a trama nos fazendo desconfiar de tudo e de todos. Isso sem falar na forma com a qual a nossa curiosidade é aguçada a cada nova informação. A mãe que mentiu, o dinheiro roubado, as mentiras que vão sendo descobertas. O filme tem duas viradas importantes, uma na metade e outra na meia hora final do filme que vão construindo a resolução de uma maneira envolvente e surpreendente. Ainda que já esperemos algo diferente do que aparentava.
E nesse ponto é que o título brasileiro acaba sendo bastante feliz. Ainda que o original, Gone Baby Gone, seja muito bom. Pois Medo da Verdade acaba sendo esse dilema de até que ponto uma mentira é maléfica ou não. Até que ponto a verdade, doa a quem doer, é o melhor caminho para qualquer caso. É irônico que quem mais queria saber a verdade, acabe sendo tão impactado e sofrendo com ela. E a forma como o filme discute essa questão ética nos impacta e faz pensar nos nossos próprios valores. Principalmente pela cena final.
Indicada ao Oscar como melhor atriz coadjuvante, Amy Ryan, que faz a mãe da menina, acaba sendo mesmo o maior destaque do elenco, ainda que Morgan Freeman nos brinde sempre com boas interpretações. O seu olhar em determinada cena na parte final é daqueles que diz mais do que textos imensos. Casey Affleck e Michelle Monaghan também constroem uma boa dupla de investigadores, com carga dramática suficiente para cada situação. E Ed Harris dá ao policial Remy Bressant o tom necessário para o desenrolar do seu personagem.
Mas, o que impressiona mesmo é a direção de cena, a forma como Affleck apresenta cada situação e constrói os elos visuais necessários. A cena no lago, por exemplo, é tão tensa e inquieta quanto deve ser, nos deixando perdidos tal qual os detetives. No momento em que Angela pula na água é possível sentir o seu desespero. Da mesma forma que nada é explicado a contento, pois só fará sentido mesmo ao final de tudo.
Medo da Verdade é um belo filme policial e um pontapé inicial perfeito para um ator medíocre que se demonstrou um grande diretor. Seus trabalhos futuros só provaram que aqui não era sorte de principiante. Ben Affleck cresce a cada trabalho seu fora das telas, o que nos leva a pensar se não seria melhor até, ele assumir a direção de Superman e Batman, do que vestir a roupa do homem-morcego.
Medo da Verdade (Gone Baby Gone, 2007/ EUA)
Direção: Ben Affleck
Roteiro: Ben Affleck e Aaron Stockard
Com: Morgan Freeman, Ed Harris, Casey Affleck, Michelle Monaghan, Amy Ryan
Duração: 114 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Medo da Verdade
2013-08-26T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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