
Quando
R.E.D. chegou aos cinemas em 2010, foi uma novidade bem-vinda. Não deixa de ser uma sacudida nos
filmes de
ação com
comédia, ao trazer uma premissa inusitada, onde agentes aposentados voltam à ativa. Como trazer atores de renome, como
Helen Mirren, para ficar correndo em perseguições tolas com armas na mão. O segredo do sucesso foi não se levar a sério e criar um
filme divertido. Agora, a continuação ainda não se leva a sério, mas perdeu o frescor de novidade, tornando-se bem mais tola e cansativa.
Bruce Willis, ou melhor, Frank Moses continua sendo o protagonista. Tranquilo em sua vida pacata, ele é alertado pelo ex-companheiro Marvin (
John Malkovich) de que nada está calmo, mas só vai fazer algo mesmo quando, este parece ter sido morto em uma
emboscada e é preso para investigação na CIA. O roteiro, mais uma vez não tem pé nem cabeça, só que nessa aventura tudo é ainda mais confuso, envolvendo uma arma de destruição em massa, um cientista maluco e a velha disputa Estados Unidos e Rússia. Muita correria,
tiros e
confusões são o mote dessa nova
aventura.

A estética do
filme é muito bem cuidada, tanto que tem um efeito de passagem
divertido e funcional onde a imagem do personagem congela, virando desenho e puxando um raio colorido para a próxima cidade. As cenas de
ação também são bem feitas, porém sempre com um certo
déjà vu de diversos outros
filmes de
ação. Até mesmo um momento em que
Helen Mirren abre os braços em um carro para atirar enquanto ele da um cavalo de pau. É plasticamente interessante, mas não traz novidades. Curiosamente, um momento interessante é uma boa utilização de inserção de produto, quando a batata Pringles serve como alerta para
Bruce Willis de que o adversário está se aproximando.

Com atores com uma bagagem tão grande, não faltam também piadas internas, como quando
Helen Mirren se faz de louca para entrar em um hospício com uma coroa na cabeça e gritando que é a rainha. Ao finalizar a cena ela diz: "Me senti Bebeth", para quem não ligou o nome à pessoa, a atriz deu vida à rainha Elizabeth no filme de 2006. Aliás, ver uma atriz como ela com arma na mão fazendo tantas loucuras, não deixa de ser
divertido, mesmo que não mais novidade. Da mesma forma que
John Malkovich continua bem, ainda que menos paranóico, não tem nem mais a brincadeira de o chamarem de velho e ele ficar irritado como no primeiro
filme. Já
Bruce Willis continua fazendo pose e
Mary-Louise Parker parece estar em permanente estado de embriaguez com uma voz embolada e uma cara estranha.

De qualquer maneira, o ritmo de
R.E.D. 2 - Aposentados e Ainda Mais Perigosos não se mantem. Ficamos tentando entender as reviravoltas que parecem capítulos soltos até chegar ao problema central: o cientista maluco e a arma de mercúrio vermelho. Mas, é tanta
confusão, tanto agente que muda de lado a toda hora e tanto
tiroteio atrapalhado que nada faz mesmo muito sentido. A boa notícia é que os produtores e atores pouco se importam com isso. Eles simplesmente não se levam a sério. Sabem que estão fazendo uma bobagem divertida e vão curtindo a onda. Como bons R.E.D.s, para quem não lembra a sigla significa
Retired Extremely Dangerous. Eles nem se dão ao trabalho de falar nisso no novo filme.
No final das contas,
R.E.D. 2 é isso, uma
aventura com
humor. Um
humor menos inteligente que o primeiro, talvez pela perda da novidade. Ainda assim, uma
aventura inofensiva que funciona como um passatempo competente. É só se deixar levar pela brincadeira e não tentar se irritar com as repetições de fórmulas e clichês. Afinal, velhos ou não, eles ainda dão conta do recado.
R.E.D. 2 - Aposentados e Ainda Mais Perigosos (RED 2, 2013 / EUA)
Direção: Dean Parisot
Roteiro: Jon Hoeber, Erich Hoeber
Com: Bruce Willis, John Malkovich, Helen Mirren, Mary-Louise Parker, Anthony Hopkins, Catherine Zeta-Jones
Duração: 116 min.