Dia das Crianças, trago um clássico infantil. A Bela e a Fera foi o primeiro filme em animação a ser indicado ao Oscar de melhor filme. Além de uma história encantadora, com músicas e personagens marcantes, o longa-metragem também foi um marco no gênero ao ser o primeiro filme da Disney que mesclava cenários construídos através de CGI (Computer Generated Imagery) com personagens desenhados em 2D, na antiga técnica do acetato.Esta mistura de técnicas trouxe um ganho para o filme, não apenas em direção de arte, como em agilidade, já que não era preciso desenhar cada detalhe dos cenários, tornando-os mais vivos e orgânicos em cena. Nos filmes anteriores, apenas com 2D, normalmente o cenário era estático, e apenas os personagens se moviam. Aqui, o cenário ganha vida, podendo trazer novas variações.
E o ápice dessa mistura envolvente está na dança da Bela e a Fera ao som da música tema, cantada pela Sra. Potts, a bule dublada por Angela Lansbury. É também o momento mais romântico, a primeira aproximação de fato dos personagens em um jantar especial.Cada um sai de seu quarto, arrumados como para um baile e se encontram no meio da escada para continuar descendo-a de braços dados. É interessante perceber como a música fica na introdução até o cumprimento dos dois, quando a primeira nota da letra é cantada: "sentimentos são..." ("Tale as old as time..").
Uma fusão nos leva para a mesa de jantar, onde ele tenta tomar a sopa e um violino ao lado dela a convida para a dança. É Bela quem se levanta e puxa a Fera para o salão principal. Ele, ainda assustado. E temos a primeira percepção de fato, da junção de cenário 3D e desenho 2D nesse corredor de passagem, onde podemos perceber todas as camadas do cenário em perspectivas. E até um efeito de parallax ao percebermos que as pilastras ao lado deles "andam" mais rápidas que o cenário ao fundo.
A dança dos dois começa e o jogo de câmeras e movimentação é muito bem feita. Iniciando no giro que simula um travelling contrário ao movimento que o casal faz para dançar, enriquecendo a experiência. O braço dos dois descortina a "câmera" puxando para um contra-plongée, que detalha o teto do salão. É interessante perceber este direcionamento, pois no teto está uma pintura de anjinhos. É a pureza e a inocência que parecem estar retornando àquele local amaldiçoado. É também a virada da música, que ao voltar em plongée buscando o casal, constrói a sequência mais bela da cena. Em uma simulação do movimento de uma grua, talvez, ela mergulha de fato no cenário buscando o casal, até parar em um plano próximo que mostra a expressão de alegria de ambos.
Eles continuam dançando, próximos à porta da varanda e a câmera fica com a sra. Potts, seu filho e os dois castiçais. Eles, inclusive ajudam no clima, diminuindo a luz aos poucos até ficar na penumbra. É como se ficássemos ali de observadores, tal qual o grupo que torce para que o casal se acerte. Mas, respeita a privacidade do momento. Isso nos deixa a sensação de conforto, mas também a expectativa para o que vem depois. Uma cena cheia de magia e significados. Sonhos que são construídos todos os dias com a imaginação e inocência infantil. Como o dia de hoje, que é apenas mais um símbolo que nos faz lembrar o quanto é bom tudo isso. Revejam a cena e Feliz Dia das Crianças.
