Home
cinema europeu
critica
drama
Fanny Ardant
Laurent Lafitte
Marion Vernoux
Patrick Chesnais
Os Belos Dias
Os Belos Dias
Belos Dias. A tradução brasileira foi feliz ao manter a tradução literal do título do filme de Marion Vernoux. Isso porque o título é uma poesia irônica, que tem a ver com a locação do filme e também com seus significados.
Fanny Ardant é Caroline, uma mulher recém-aposentada que perdeu a melhor amiga há cinco meses. Seu marido e filhas estão preocupados com a aparente apatia da senhora e a presenteiam com uma matrícula em um clube especial: Os Belos Dias. O clube é uma espécie de recanto para a terceira idade onde senhores e senhoras fazem cursos de teatro, informática, cerâmica, dança, entre outras recreações. Mesmo sem gostar, Caroline começa a frequentar e lá vai encontrar mais do que qualquer um imaginava.
O filme tem um tom leve, seguindo uma trajetória cotidiana daquela senhora e seus pequenos constrangimentos. Mas, é composta por pequenas cenas de impacto, como a aula de teatro, onde ela tem que ir à frente se apresentar. Ou a cena do restaurante onde Caroline e Julien conversam abertamente sobre atração e sexo. Isso sem falar em uma cena mais a frente onde o marido Philippe conversa com Caroline na cama. A composição da luz, do enquadramento e da interpretação dos atores é muito boa.
Aliás, a interpretação de Fanny Ardant é o ponto alto do filme. Ele é concentrado nela e em suas descobertas. Suas escolhas nos levam a cada pequena aventura que ela vive, seja com Julien ou não. Suas expressões, suas trocas de olhares, a dosagem da sensualidade, do desejo e da vergonha. Tudo é construído de uma maneira delicada.
Os Belos Dias é daqueles filmes sem grandes atrativos e ao mesmo tempo tão bem conduzidos que nos envolve. Ainda que o roteiro não nos traga um evento tão extraordinário, traz um olhar inusitado diante do já visto. E a forma como vai sendo conduzido é envolvente. Ele só começa a se perder na resolução. A tentativa de construir algo leve criou alguns estranhamentos, principalmente pela cena final que não parece condizente com todo o resto.
As atuações são boas, não apenas da já citada Fanny Ardant como de todo o elenco em geral. Até mesmo os figurantes dão um charme especial, como uma senhora na aula de teatro que continua sorrindo quando Caroline sai irritada. A fotografia também é bem cuidada, sempre utilizando o cenário do mar que traz uma melancolia, uma renovação e uma paz ao mesmo tempo. É uma espécie de símbolo do próprio estado de espírito de Caroline.
No final, Os Belos Dias não muda muita coisa, mas é gostoso de acompanhar. Uma história bem contada, ainda que mal resolvida, com atuações com bastante verdade e um cenário agradável. Talvez, esta seja a grande metáfora dos Belos Dias do título. Aparentemente não tem nada de belo, mas é mais uma etapa da vida.
Os Belos Dias (Les beaux jours, 2013 / França)
Direção: Marion Vernoux
Roteiro: Marion Vernoux
Com: Fanny Ardant, Laurent Lafitte, Patrick Chesnais
Duração: 94 min.
Fanny Ardant é Caroline, uma mulher recém-aposentada que perdeu a melhor amiga há cinco meses. Seu marido e filhas estão preocupados com a aparente apatia da senhora e a presenteiam com uma matrícula em um clube especial: Os Belos Dias. O clube é uma espécie de recanto para a terceira idade onde senhores e senhoras fazem cursos de teatro, informática, cerâmica, dança, entre outras recreações. Mesmo sem gostar, Caroline começa a frequentar e lá vai encontrar mais do que qualquer um imaginava.
O filme tem um tom leve, seguindo uma trajetória cotidiana daquela senhora e seus pequenos constrangimentos. Mas, é composta por pequenas cenas de impacto, como a aula de teatro, onde ela tem que ir à frente se apresentar. Ou a cena do restaurante onde Caroline e Julien conversam abertamente sobre atração e sexo. Isso sem falar em uma cena mais a frente onde o marido Philippe conversa com Caroline na cama. A composição da luz, do enquadramento e da interpretação dos atores é muito boa.
Aliás, a interpretação de Fanny Ardant é o ponto alto do filme. Ele é concentrado nela e em suas descobertas. Suas escolhas nos levam a cada pequena aventura que ela vive, seja com Julien ou não. Suas expressões, suas trocas de olhares, a dosagem da sensualidade, do desejo e da vergonha. Tudo é construído de uma maneira delicada.
Os Belos Dias é daqueles filmes sem grandes atrativos e ao mesmo tempo tão bem conduzidos que nos envolve. Ainda que o roteiro não nos traga um evento tão extraordinário, traz um olhar inusitado diante do já visto. E a forma como vai sendo conduzido é envolvente. Ele só começa a se perder na resolução. A tentativa de construir algo leve criou alguns estranhamentos, principalmente pela cena final que não parece condizente com todo o resto.
As atuações são boas, não apenas da já citada Fanny Ardant como de todo o elenco em geral. Até mesmo os figurantes dão um charme especial, como uma senhora na aula de teatro que continua sorrindo quando Caroline sai irritada. A fotografia também é bem cuidada, sempre utilizando o cenário do mar que traz uma melancolia, uma renovação e uma paz ao mesmo tempo. É uma espécie de símbolo do próprio estado de espírito de Caroline.
No final, Os Belos Dias não muda muita coisa, mas é gostoso de acompanhar. Uma história bem contada, ainda que mal resolvida, com atuações com bastante verdade e um cenário agradável. Talvez, esta seja a grande metáfora dos Belos Dias do título. Aparentemente não tem nada de belo, mas é mais uma etapa da vida.
Os Belos Dias (Les beaux jours, 2013 / França)
Direção: Marion Vernoux
Roteiro: Marion Vernoux
Com: Fanny Ardant, Laurent Lafitte, Patrick Chesnais
Duração: 94 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Os Belos Dias
2013-10-16T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
cinema europeu|critica|drama|Fanny Ardant|Laurent Lafitte|Marion Vernoux|Patrick Chesnais|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
Steven Spielberg sempre foi um mestre em capturar o imaginário do público e Contatos Imediatos do Terceiro Grau é um exemplo brilhante de ...
-
Eletrizante é a melhor palavra para definir esse filme de Tony Scott . Que o diretor sabe fazer filmes de ação não é novidade, mas uma tra...
-
E na nossa cobertura do FICI - Festival Internacional de Cinema Infantil , mais uma vez pudemos conferir uma sessão de dublagem ao vivo . Ou...
-
Clint Eastwood me conquistou aos poucos. Ele sabe como construir um filme que emociona e, agora, parece ter escolhido Matt Damon como seu ...
-
O CinePipocaCult adverte: se você sofre de claustrofobia, síndrome do pânico ou problemas cardíacos é melhor evitar esse filme. Brincadeiras...
-
Entre os dias 24 e 28 de julho, Salvador respira cinema com a sétima edição da Mostra Lugar de Mulher é no Cinema. E nessa edição, a propost...
-
Para prestigiar o Oscar de Natalie Portman vamos falar de outro papel que lhe rendeu um Globo de Ouro e uma indicação ao Oscar em 2004. Clos...
-
Metallica Through The Never não é um documentário , nem mesmo um show filmado, muito menos um filme de ficção . É uma mistura psicodélica...
-
Quando Twister chegou às telas em 1996, trouxe consigo um turbilhão de expectativas e adrenalina. Sob a direção de Jan de Bont , conhecido ...