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Kick-Ass 2
Kick-Ass 2
Em 2010, o filme Kick-Ass sacudiu o mundo com um adolescente que resolve ser um super-herói. Por que não? Perguntava ele. Filme e quadrinhos foram sucesso e veio a continuação inevitável, que apesar de não ter o mesmo frescor e empolgação do primeiro, continua sendo um bom filme de aventura.
Com Big Dad morto e Hit-Girl adolescente, os conflitos se intensificam e Dave continua se perguntando sobre seu papel no mundo. Ser um super-herói real é o caminho para tornar o mundo um lugar melhor? Qualquer pessoa pode vestir uma fantasia e se auto-intitular um justiceiro? E se tem heróis, por que não vilões? É o que pensa o jovem órfão Chris D'Amico, antes o Red Mist, agora o Motherfucker.
A trama se constrói nesses paralelos existenciais. Chris resolvendo ser um vilão e criando sua Liga do Mal, Dave querendo ir além do Kick-Ass solitário e reunindo também a sua galera. E Mindy Macready, que acaba tendo o conflito inverso. Ela sempre foi a Hit-Girl, seu pai a criou dessa forma. Agora que o detetive Marcus a está criando, ela precisa aprender a ser uma adolescente.
Toda a trama de Mindy tentando se enquadrar, com as três meninas populares, o carinha que marca um encontro e até mesmo sua relação com Dave, parecem descaracterizar um pouco a série. Mas, tem sua função. Afinal, ao contrário dos quadrinhos, Hit-Girl cresceu, é uma adolescente de fato e é preciso se adaptar ao mundo. Isso faz também com que a gente esteja mais próximo da personagem que é de longe a melhor da história.
A Liga da Justiça Para Sempre acaba sendo quase uma piada de mal gosto. A começar pelo líder interpretado por Jim Carrey, que é um ex-mafioso convertido em nome de Jesus. É perceptível a preocupação do criador da HQ Mark Millar e de Jeff Wadlow em deixar a mensagem: crianças não façam isso na vida real. Uma preocupação maior do que no primeiro filme, mostrando consequências mais palpáveis para todos. Até porque quando o Motherfucker começa a atuar, são os heróis os primeiros a serem presos.
É compreensível que isso aconteça. Porque o questionamento de Dave pode vir a passar pela cabeça de qualquer um, imagine se cidadãos começassem de fato a se fantasiar e ir para as ruas caçando bandidos? Mas, ao mesmo tempo, toda a preocupação com a realidade tira um pouco do brilho e diversão que vimos no primeiro filme. Ainda que tenha até repetições de estratégias como a cena da invasão ao jogo chinês, onde a música escolhida constrói uma ironia, a exemplo do primeiro ataque da Hit-Girl no primeiro filme.
A direção de arte, no entanto, é um dos pontos altos. Toda a composição de fantasias e cenários mantém o clima dos quadrinhos. Até as legendas, quando há uma fala em outra língua, seguem a estética com balões. Toda a construção aparentemente ridícula é justificável por ser da mente de jovens, quase crianças brincando de fantasia, vide os nomes e fantasias dos vilões criados por Chris, que em determinado momento é criticado por seu empregado: "pare de usar estereótipos preconceituosos".
Mesmo não sendo tão bom quanto o primeiro, Kick-Ass 2 mantém um ritmo elétrico de uma aventura diferente, com cenas de lutas bem orquestradas, um elenco envolvido e dedicado, além de um bom timing na ação. E, além de tudo, cumpre uma função narrativa. Se no primeiro, Dave questionava a possibilidade de ser um super-herói, aqui, ele vai entender que sair por aí fantasiado caçando bandidos tem mais consequências do que podia imaginar.
P.S. Tem uma cena pós-créditos que muda um detalhe da resolução.
Kick-Ass 2 (Kick-Ass 2, 2013 / EUA)
Direção: Jeff Wadlow
Roteiro: Jeff Wadlow
Com: Aaron Taylor-Johnson, Chloë Grace Moretz, Christopher Mintz-Plasse, Morris Chestnut, Amy Anzel, Jim Carrey
Duração: 103 min.
Com Big Dad morto e Hit-Girl adolescente, os conflitos se intensificam e Dave continua se perguntando sobre seu papel no mundo. Ser um super-herói real é o caminho para tornar o mundo um lugar melhor? Qualquer pessoa pode vestir uma fantasia e se auto-intitular um justiceiro? E se tem heróis, por que não vilões? É o que pensa o jovem órfão Chris D'Amico, antes o Red Mist, agora o Motherfucker.
A trama se constrói nesses paralelos existenciais. Chris resolvendo ser um vilão e criando sua Liga do Mal, Dave querendo ir além do Kick-Ass solitário e reunindo também a sua galera. E Mindy Macready, que acaba tendo o conflito inverso. Ela sempre foi a Hit-Girl, seu pai a criou dessa forma. Agora que o detetive Marcus a está criando, ela precisa aprender a ser uma adolescente.
Toda a trama de Mindy tentando se enquadrar, com as três meninas populares, o carinha que marca um encontro e até mesmo sua relação com Dave, parecem descaracterizar um pouco a série. Mas, tem sua função. Afinal, ao contrário dos quadrinhos, Hit-Girl cresceu, é uma adolescente de fato e é preciso se adaptar ao mundo. Isso faz também com que a gente esteja mais próximo da personagem que é de longe a melhor da história.
A Liga da Justiça Para Sempre acaba sendo quase uma piada de mal gosto. A começar pelo líder interpretado por Jim Carrey, que é um ex-mafioso convertido em nome de Jesus. É perceptível a preocupação do criador da HQ Mark Millar e de Jeff Wadlow em deixar a mensagem: crianças não façam isso na vida real. Uma preocupação maior do que no primeiro filme, mostrando consequências mais palpáveis para todos. Até porque quando o Motherfucker começa a atuar, são os heróis os primeiros a serem presos.
É compreensível que isso aconteça. Porque o questionamento de Dave pode vir a passar pela cabeça de qualquer um, imagine se cidadãos começassem de fato a se fantasiar e ir para as ruas caçando bandidos? Mas, ao mesmo tempo, toda a preocupação com a realidade tira um pouco do brilho e diversão que vimos no primeiro filme. Ainda que tenha até repetições de estratégias como a cena da invasão ao jogo chinês, onde a música escolhida constrói uma ironia, a exemplo do primeiro ataque da Hit-Girl no primeiro filme.
A direção de arte, no entanto, é um dos pontos altos. Toda a composição de fantasias e cenários mantém o clima dos quadrinhos. Até as legendas, quando há uma fala em outra língua, seguem a estética com balões. Toda a construção aparentemente ridícula é justificável por ser da mente de jovens, quase crianças brincando de fantasia, vide os nomes e fantasias dos vilões criados por Chris, que em determinado momento é criticado por seu empregado: "pare de usar estereótipos preconceituosos".
Mesmo não sendo tão bom quanto o primeiro, Kick-Ass 2 mantém um ritmo elétrico de uma aventura diferente, com cenas de lutas bem orquestradas, um elenco envolvido e dedicado, além de um bom timing na ação. E, além de tudo, cumpre uma função narrativa. Se no primeiro, Dave questionava a possibilidade de ser um super-herói, aqui, ele vai entender que sair por aí fantasiado caçando bandidos tem mais consequências do que podia imaginar.
P.S. Tem uma cena pós-créditos que muda um detalhe da resolução.
Kick-Ass 2 (Kick-Ass 2, 2013 / EUA)
Direção: Jeff Wadlow
Roteiro: Jeff Wadlow
Com: Aaron Taylor-Johnson, Chloë Grace Moretz, Christopher Mintz-Plasse, Morris Chestnut, Amy Anzel, Jim Carrey
Duração: 103 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Kick-Ass 2
2013-10-17T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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