
Na trama, os quatro amigos Eddie, Tom, Bacon e Soap estão em busca de uma fórmula rápida de ganhar dinheiro. Eddie é especialista em cartas, já tendo feito golpes diversos nas ruas, então, eles resolvem participar de um jogo secreto apostando no talento de Eddie. O problema é que o local era controlado por Hatcher Harry, a quem os rapazes ficam devendo 500 mil libras. Se não pagar no prazo, eles vão perdendo um dedo por dia, é aí que um outro plano mirabolante vai ser colocado em prática.

A fotografia também tem suas particularidades. Bastante lavada e granulada traz um realismo da imagem crua ao mesmo tempo que dá um distanciamento do espectador. Fica uma sensação de imagem antiga, envelhecida, que dialoga com a trama. Ela traz um frescor novo também para o tratamento meio nonsense do roteiro, que mistura violência e ironia de uma maneira bastante instigante.

Além da estética, no entanto, o que marca também o filme é junção de violência e comédia de uma maneira bastante irônica. Por isso, muitos o compararam a Tarantino quando surgiu. Guy Ritchie demonstra um humor ferino em diversas cenas, construindo as situações mais tragicômicas possíveis como um assalto que termina com um tiro dividindo cabelos. Ou o desajeitado roubo da maconha.

Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes é isso. Uma grande sarro com o mundo do crime. Tem elementos de Tarantino, quanto dos irmãos Coen, mas também traz uma vislumbre do estilo próprio do seu promissor diretor, que ainda faria outro belo filme no mesmo estilo (Snatch - Porcos e Diamantes), pena que sua carreira são se demonstrou tão atraente quanto parecia, mas ele ainda tem boas chances de nos surpreender. Pelo menos, vamos torcer por isso.
Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (Lock, Stock and Two Smoking Barrels, 1998 / Inglaterra)
Direção: Guy Ritchie
Roteiro: Guy Ritchie
Com: Jason Flemyng, Dexter Fletcher, Nick Moran, Vinnie Jones, Sting, Jason Statham
Duração: 107 min.