![RoboCop RoboCop](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhODUPoC_0_TnI_i7C1Bxlfi5b7MKazBRyrwhtxCMc0tEIei7sntwM0UlpYP9HWLfTh0h6tvQt7_MlzTm82W9LcGeeDexbXimSgjEygJ3PoJU08FpVe8XoHHW0bznYz0zCSBTeejIKh235s/s1600/robocop-01.jpg)
É complicado analisar um filme comparando-o com outro. É quase injusto quando este outro ainda está tão fresco em nossa memória. Mas, o fato é que RoboCop aqui tem outros propósitos, discutindo muito mais a questão humana que tecnológica. E ainda levanta temas muito caros e conhecidos do diretor brasileiro, compostos pela tríade polícia, política e imprensa.
Alex Murphy é um policial exemplar que está investigando junto com o seu parceiro Jack Lewis um esquema de corrupção comandado por Antoine Vallon. Quando sofre um atentado e fica entre a vida e a morte, a empresa OmniCorp comandada por Raymond Sellars lhe oferece uma nova oportunidade. Só que agora ele será mais máquina que homem. Um estranho protótipo robótico com uma consciência humana dentro.
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Sendo assim, a OmniCorp precisa muito mais do elemento humano que a máquina nesta nova realidade. E por isso, o agente Alex Murphy não tem o corpo roubado, a memória apagada e a consciência completamente manipulada. Ele é ainda o homem, só que agora no corpo de uma máquina. Sua família é quem dá a autorização para a experiência e espera tê-lo de volta em casa. Isto nos dá outras perspectivas de conflito, ainda que no RoboCop original, aos poucos, Alex vá recuperando sua memória.
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Padilha se interessa pelo humano, gasta bom tempo de sua narrativa discutindo essa questão ética e valorizando o drama familiar. A cena mais forte do filme, por exemplo, é quando o Dr. Dennett Norton revela a Alex e a nós o que restou de humano nele. Mas, o diretor quer também discutir e nos mostrar todo o viés da sua tríade preferida. A cena inicial no Afeganistão, por exemplo, mostra muito da questão ainda expansionista do governo ianque.
O texto é bastante irônico, e as imagens procuram reforçar a constituição daquele desfile de poderio bélico. Frases como "saia com as mãos para cima, fique em paz", demonstram bem a visão norte-americana de justiça mundial. O jogo cênico com Samuel L. Jackson nos estúdios nos mostrando aquela "maravilha" nos dá uma visão clara do que o filme quer nos mostrar.
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RoboCop de Padilha tem substância, nos mostrando uma trama madura e profunda, como poucos remakes conseguem fazer. Basta observar a refilmagem de outro filme de Paul Verhoeven, O Vingador do Futuro, onde tecnologia e cenas de ação foram privilegiadas no lugar da discussão levantada no original. Padilha conseguiu manter um bom nível de discussão ética e política, ainda que as cenas de ação falhem na maioria das vezes, sendo genéricas e pouco empolgantes. Neste ponto, chega ser um pouco decepcionante saber que Daniel Rezende é o responsável pela montagem, já que o profissional já demonstrou ser bem mais criativo. A fotografia de Lula Carvalho também não se destaca, mas é correta.
Não é um filme perfeito, que nos empolgue e faça torcer por outros iguais. Ainda assim, RoboCop é um filme de ação com ficção científica acima da média.
RoboCop (RoboCop, 2014 / EUA)
Direção: José Padilha
Roteiro: Joshua Zetumer
Com: Joel Kinnaman, Gary Oldman, Michael Keaton, Marianne Jean-Baptiste, Samuel L. Jackson, Abbie Cornish, Michael K. Williams
Duração: 108 min.