As Canções
Em seu último documentário, Eduardo Coutinho, deixou um pouco das experimentações de gênero que fez em Jogo de Cena e Moscou, para construir um documentário bastante simples e intimista sobre a relação da música na vida das pessoas.
Da mesma forma como fez em Jogo de Cena, ele procurou histórias interessantes e entrevistou os selecionados em um cenário único, que se assemelha a um grande estúdio vazio com uma cortina preta ao fundo. A pergunta da vez era: "Alguma canção já marcou sua vida? Cante e conte sua história" e é interessante que as 18 selecionadas, em quase sua totalidade, falem de amor entre um casal.
A música tem mesmo a capacidade de nos transportar no tempo. Marcam a nossa vida, deixam lembranças boas e ruins, nos fazem recordar momentos específicos. Até o cheiro e gosto das coisas do passados são possíveis de evocar através de uma canção. Mas, ao falar de coisas marcantes parece que as dores de amor são sempre as mais lembradas.
Na verdade, os depoimentos não são todos de dores, ainda que muitas sejam expressas em palavras ou nos versos das músicas escolhidas. Mas, a grande maioria é de um amor do passado, que não deu certo, que ficou para trás, ainda que tenha deixado marcas no coração. Apenas um depoente fala do pai, e poucos falam de um amor que ainda se mantem por meio do casamento.
Claro que, entre os dramas e lembranças amorosas, há rememorações de outros tipos de amor, como um entrevistado que fala de sua mãe e se emociona profundamente ao lembrar dela cantando a música escolhida. Mas, o centro da questão parece ser mesmo a vontade de amar e ser amado por um companheiro ideal, romântico.
Coutinho habilmente vai explorando esses sentimentos com perguntas que não ofendem, mas ajudam o participante a relaxar e abrir seu coração e suas emoções para a câmera. A montagem nos dá um enovelamento interessante, por vezes começando com a música, outras pelo depoimento, mas construindo no todo um retrato da canção popular brasileira e seus versos amorosos.
É interessante que entre todos os depoimentos não tenha uma música internacional. Há versões até, mas todas cantadas no idioma brasileiro. Algumas muito bem cantadas, emocionantes até, outras com uma emoção autêntica que perdoa uma desafinada ou outra.
O que fica após ver As Canções é um retrato de como a música pode influenciar e marcar a vida das pessoas. Nos faz lembrar de nossa própria vida e pensar que músicas nos marcaram e que histórias ficaram, que questões ainda incomodam ou são gostosas de recordar. Uma construção verdadeira e intimista como só Eduardo Coutinho sabia fazer.
As Canções (Brasil, 2011)
Direção: Eduardo Coutinho
Roteiro: Eduardo Coutinho
Duração: 90 min.
Da mesma forma como fez em Jogo de Cena, ele procurou histórias interessantes e entrevistou os selecionados em um cenário único, que se assemelha a um grande estúdio vazio com uma cortina preta ao fundo. A pergunta da vez era: "Alguma canção já marcou sua vida? Cante e conte sua história" e é interessante que as 18 selecionadas, em quase sua totalidade, falem de amor entre um casal.
A música tem mesmo a capacidade de nos transportar no tempo. Marcam a nossa vida, deixam lembranças boas e ruins, nos fazem recordar momentos específicos. Até o cheiro e gosto das coisas do passados são possíveis de evocar através de uma canção. Mas, ao falar de coisas marcantes parece que as dores de amor são sempre as mais lembradas.
Na verdade, os depoimentos não são todos de dores, ainda que muitas sejam expressas em palavras ou nos versos das músicas escolhidas. Mas, a grande maioria é de um amor do passado, que não deu certo, que ficou para trás, ainda que tenha deixado marcas no coração. Apenas um depoente fala do pai, e poucos falam de um amor que ainda se mantem por meio do casamento.
Claro que, entre os dramas e lembranças amorosas, há rememorações de outros tipos de amor, como um entrevistado que fala de sua mãe e se emociona profundamente ao lembrar dela cantando a música escolhida. Mas, o centro da questão parece ser mesmo a vontade de amar e ser amado por um companheiro ideal, romântico.
Coutinho habilmente vai explorando esses sentimentos com perguntas que não ofendem, mas ajudam o participante a relaxar e abrir seu coração e suas emoções para a câmera. A montagem nos dá um enovelamento interessante, por vezes começando com a música, outras pelo depoimento, mas construindo no todo um retrato da canção popular brasileira e seus versos amorosos.
É interessante que entre todos os depoimentos não tenha uma música internacional. Há versões até, mas todas cantadas no idioma brasileiro. Algumas muito bem cantadas, emocionantes até, outras com uma emoção autêntica que perdoa uma desafinada ou outra.
O que fica após ver As Canções é um retrato de como a música pode influenciar e marcar a vida das pessoas. Nos faz lembrar de nossa própria vida e pensar que músicas nos marcaram e que histórias ficaram, que questões ainda incomodam ou são gostosas de recordar. Uma construção verdadeira e intimista como só Eduardo Coutinho sabia fazer.
As Canções (Brasil, 2011)
Direção: Eduardo Coutinho
Roteiro: Eduardo Coutinho
Duração: 90 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
As Canções
2014-04-02T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
cinema brasileiro|critica|documentario|Eduardo Coutinho|filme brasileiro|
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