
Sempre pontuado com uma voz over que tenta criar um clima de intimidade, mas, em muitos momentos, só pontua o já exposto, o filme começa com o jovem Yves Saint Laurent sendo encarregado de assumir a grife Christian Dior. Com o sucesso, Pierre Bergé o incentiva a lançar a grife própria e juntos vão conquistar e revolucionar o mundo da moda. Porém, o foco se volta para a relação pessoal do casal, assim como os excessos de Saint Laurent neste período.

A narrativa se faz mesmo através da relação entre Yves e Pierre. Além do óbvio ponto de vista e escolhas de momentos pelos sentimentos do empresário seja de alegria, arrependimento ou saudade. Estamos sempre observando a forma como o narrador segura a empresa, enquanto o estilista se entrega à festas, drogas, bebidas e relações diversas. Muitas vezes, Pierre Bergé é taxado por Yves como um castrador chato, mas por observarmos por seu ponto de vista, entendemos que ele está apenas preocupado com o amado.

Agora, o maior destaque do filme é mesmo o ator Pierre Niney, que encarna o estilista de uma maneira impressionante. Vemos semelhança física, de gestos, de sorriso, de postura. Sua interpretação é comovente e cativante, nos deixando envolvidos com aquele personagem. Há uma aura especial que o envolve, seja pela composição, pela iluminação, pela fotografia, ou, claro, pela narração apaixonada.
E até por ser apresentado como uma pessoa tão cativante, o filme poderia ser mais. Só que em muitos momentos parece não querer se arriscar além do lugar comum de qualquer cinebiografia. Talvez Jalil Lespert pudesse experimentar mais, tal qual o estilista, trazer para a estética fílmica um pouco mais de Yves Saint Laurent. De qualquer maneira, não é um filme ruim. É correto e tem bons momentos.
Yves Saint Laurent (Yves Saint Laurent, 2014 / França)
Direção: Jalil Lespert
Roteiro: Jacques Fieschi
Com: Pierre Niney, Guillaume Gallienne, Charlotte Le Bon
Duração: 106 min.