
A Bela Adormecida, que ficou conhecida a partir do conto dos irmãos Grimm de 1812 e que a Disney imortalizou no desenho de 1959, já teve diversas versões. Mas em todas, claro, Malévola é uma fada amargurada, que se sentiu preterida no batizado da princesa Aurora e lançou uma maldição. Nesta nova versão, ela é a protagonista, e como tal, vamos conhecer a visão dela da história.

Ao construir a visão de fada vingativa, Linda Woolverton construiu uma vítima da humanidade, modificando pontos importantes da trama. E transformando o rei Stefan em um completo idiota. Assim como as três fadas Violeta, Primavera e Fauna que, de atrapalhadas, se transformaram em completas incapazes a ponto de Malévola precisar vigiar dia e noite a pequena Aurora para que chegasse aos 16 anos. Mesmo as atitudes más que ela tomou, são amenizadas aqui.

Ainda assim, há méritos no filme de Robert Stromberg. Principalmente no visual, muito bem cuidado e construído, com uma direção de arte que encanta, principalmente nas cenas do reino da floresta. Os vôos de Malévola pelo reino são envolventes e todas as criaturas que ali vivem são belas, mesmo os monstrinhos. É impressionante também a cena da maldição, recriada quase em cópia fiel do desenho, sem ficar caricata. Sentimos a magia, mas compramos a ideia daquele mundo.

No final das contas, Malévola poderia ser um excelente filme. Uma reconstrução única de um conto de fadas, tal qual foi As Brumas de Avalon para a lenda do Rei Artur. Mas seus criadores perderam a oportunidade de criar um novo clássico, ao insistir na dualidade Bem vs Mal, simplesmente trocando os papéis e colocando toda a carga da maldade no personagem Stefan. Ao isentar Malévola de suas atitudes negativas, acabaram por transformá-la em um personagem medíocre. E tudo o que Malévola não merecia era isso.
Malévola (Maleficent, 2014 / EUA)
Direção: Robert Stromberg
Roteiro: Linda Woolverton, Charles Perrault
Com: Angelina Jolie, Elle Fanning, Sharlto Copley
Duração: 97 min.