
O filme começa de maneira bastante instigante. Sob o ponto de vista do motorista de um carro, vamos andando por ruas enquanto ouvimos um especial de rádio sobre músicas da América Latina. Os detalhes do som interdiegético são muito bons, quando o carro desliga e o som some, ou quando falha por passar por uma rua esburacada.

O nome Baleia não deixa de nos remeter a Vidas Secas, e talvez, seja ela também aqui o único personagem "digno" de personalidade. Pai e filho se escoram no tempo esperando algo que não vai voltar. Principalmente o pai, que se deixou largar em uma vida apática à espera do filho que sumiu durante a Ditadura Militar. André, o filho que resta, não lhe parece tão interessante.


Talvez o cinema esteja assim, apenas se remontando e dublando, sem novos ares, tal qual a esquerda repete discursos antigos esperando um mundo novo que já passou. Nisto Avanti Popolo é instigante e até necessário enquanto reflexão. Reflexão de se não estamos igual ao pai, ali, sentados em um sofá velho de uma casa envelhecida, onde nem a janela pode ser aberta para não deixar entrar o Sol. E ainda tem um buraco de esgoto aberto bem no portão, onde a bolinha de Baleia cai toda hora.
Como simbologia e reflexão, é um belo filme. Mas, na inércia de seus personagens acaba se tornando cansativo em excesso, se perdendo no meio do caminho. Talvez fosse melhor em uma versão mais curta e objetiva. Mas, também, objetivo é o que ele quer demonstrar que não temos há muito tempo.
Avanti popolo (Avanti popolo, 2012 / Brasil)
Direção: Michael Wahrmann
Roteiro: Michael Wahrmann
Com: André Gatti, Carlos Reichenbach, Eduardo Valente
Duração: 72 min.