
Era vitoriana, o ano de 1888, nas ruas de Londres, prostitutas são assassinadas de maneira brutal, tendo seus órgãos retirados e o pescoço cortado. Cabe ao inspetor Frederick Abberline desvendar esse mistério, mas o jovem detetive sofre com a lembrança de uma tragédia pessoal e tem no ópio seu refúgio. Paralelo a isso, uma misteriosa seita prende e pune uma jovem e todo esse mistério pode ter uma relação estreita com o Palácio de Buckingham.

Aqui, temos mais uma fantasia, como tantas outras, que vai por um caminho não visto antes, envolvendo maçonaria, família real e outros mistérios. Não deixa de ser interessante. Principalmente no início, quando o inspetor começa a investigar os crimes e vamos mergulhando na Londres da época, suas malezas e as relações humanas. A realidade da mulher daquela época e a forma como as prostitutas eram desrespeitadas são retratos de uma sociedade machista e elitista.

A própria construção da estética inicial é muito rica. O jogo de luz e sombras, a montagem que mostra os crimes, sem mostrar explicitamente, nos dando flashs que simulam facadas. Tudo é bem instigante e até mesmo, belo. As cenas de transe do personagem de Johnny Depp também são bem construídas em fotografia, direção e montagem, quase como um balé macabro, recheado com flashs de visões. Johnny Depp, pré-Jack Sparrow, dosa bem a construção de seu personagem, sem grandes exageros, que faz eco ao Ichabod Crane de A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça.
Do Inferno é um filme que nos instiga. Ainda que tenha problemas e seja extremamente longo, o filme nos envolve em seu mistério e sua estética visual.
Do Inferno (From Hell, 2001 / EUA)
Direção: Albert Hughes e Allen Hughes
Roteiro: Terry Hayes e Rafael Yglesias
Com: Johnny Depp, Heather Graham, Ian Holm
Duração: 122 min.