Do Inferno
Baseado na graphic novel de Alan Moore e Eddie Campbell, Do Inferno resgata a história de Jack, o Estripador através da jornada de um detetive (Johnny Depp) viciado em ópio que tem suas intuições através de sonhos saídos do transe.
Era vitoriana, o ano de 1888, nas ruas de Londres, prostitutas são assassinadas de maneira brutal, tendo seus órgãos retirados e o pescoço cortado. Cabe ao inspetor Frederick Abberline desvendar esse mistério, mas o jovem detetive sofre com a lembrança de uma tragédia pessoal e tem no ópio seu refúgio. Paralelo a isso, uma misteriosa seita prende e pune uma jovem e todo esse mistério pode ter uma relação estreita com o Palácio de Buckingham.
A verdadeira identidade de Jack, o Estripador sempre foi um mistério e, por isso, gerou tantas histórias, versões e suposições. Das mais simples, às mais complexas. Instigado por esse filme, o escritor Russell Edwards diz ter desvendado o segredo através de um teste de DNA histórico e em seu livro afirma que o homem por trás do serial killer era Aaron Kosminski, um imigrante polonês de 23 anos, que trabalhava como barbeiro. Mas, isso não está na trama de Alan Moore e Eddie Campbell, muito menos no filme dos irmãos Hughes.
Aqui, temos mais uma fantasia, como tantas outras, que vai por um caminho não visto antes, envolvendo maçonaria, família real e outros mistérios. Não deixa de ser interessante. Principalmente no início, quando o inspetor começa a investigar os crimes e vamos mergulhando na Londres da época, suas malezas e as relações humanas. A realidade da mulher daquela época e a forma como as prostitutas eram desrespeitadas são retratos de uma sociedade machista e elitista.
Porém, quando as revelações são sendo expostas em tela, o tom sombrio e gráfico vai ganhando ares exagerados, tornando algumas cenas overs, quase caindo para o trash. Não que as revelações não fossem críveis, ou mesmo verossímeis, mas há sempre uma interpretação acima do tom entre os envolvidos e algumas cenas chegam a beirar o pastelão. Mas, não chega desqualificar o filme como um todo.
A própria construção da estética inicial é muito rica. O jogo de luz e sombras, a montagem que mostra os crimes, sem mostrar explicitamente, nos dando flashs que simulam facadas. Tudo é bem instigante e até mesmo, belo. As cenas de transe do personagem de Johnny Depp também são bem construídas em fotografia, direção e montagem, quase como um balé macabro, recheado com flashs de visões. Johnny Depp, pré-Jack Sparrow, dosa bem a construção de seu personagem, sem grandes exageros, que faz eco ao Ichabod Crane de A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça.
Do Inferno é um filme que nos instiga. Ainda que tenha problemas e seja extremamente longo, o filme nos envolve em seu mistério e sua estética visual.
Do Inferno (From Hell, 2001 / EUA)
Direção: Albert Hughes e Allen Hughes
Roteiro: Terry Hayes e Rafael Yglesias
Com: Johnny Depp, Heather Graham, Ian Holm
Duração: 122 min.
Era vitoriana, o ano de 1888, nas ruas de Londres, prostitutas são assassinadas de maneira brutal, tendo seus órgãos retirados e o pescoço cortado. Cabe ao inspetor Frederick Abberline desvendar esse mistério, mas o jovem detetive sofre com a lembrança de uma tragédia pessoal e tem no ópio seu refúgio. Paralelo a isso, uma misteriosa seita prende e pune uma jovem e todo esse mistério pode ter uma relação estreita com o Palácio de Buckingham.
A verdadeira identidade de Jack, o Estripador sempre foi um mistério e, por isso, gerou tantas histórias, versões e suposições. Das mais simples, às mais complexas. Instigado por esse filme, o escritor Russell Edwards diz ter desvendado o segredo através de um teste de DNA histórico e em seu livro afirma que o homem por trás do serial killer era Aaron Kosminski, um imigrante polonês de 23 anos, que trabalhava como barbeiro. Mas, isso não está na trama de Alan Moore e Eddie Campbell, muito menos no filme dos irmãos Hughes.
Aqui, temos mais uma fantasia, como tantas outras, que vai por um caminho não visto antes, envolvendo maçonaria, família real e outros mistérios. Não deixa de ser interessante. Principalmente no início, quando o inspetor começa a investigar os crimes e vamos mergulhando na Londres da época, suas malezas e as relações humanas. A realidade da mulher daquela época e a forma como as prostitutas eram desrespeitadas são retratos de uma sociedade machista e elitista.
Porém, quando as revelações são sendo expostas em tela, o tom sombrio e gráfico vai ganhando ares exagerados, tornando algumas cenas overs, quase caindo para o trash. Não que as revelações não fossem críveis, ou mesmo verossímeis, mas há sempre uma interpretação acima do tom entre os envolvidos e algumas cenas chegam a beirar o pastelão. Mas, não chega desqualificar o filme como um todo.
A própria construção da estética inicial é muito rica. O jogo de luz e sombras, a montagem que mostra os crimes, sem mostrar explicitamente, nos dando flashs que simulam facadas. Tudo é bem instigante e até mesmo, belo. As cenas de transe do personagem de Johnny Depp também são bem construídas em fotografia, direção e montagem, quase como um balé macabro, recheado com flashs de visões. Johnny Depp, pré-Jack Sparrow, dosa bem a construção de seu personagem, sem grandes exageros, que faz eco ao Ichabod Crane de A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça.
Do Inferno é um filme que nos instiga. Ainda que tenha problemas e seja extremamente longo, o filme nos envolve em seu mistério e sua estética visual.
Do Inferno (From Hell, 2001 / EUA)
Direção: Albert Hughes e Allen Hughes
Roteiro: Terry Hayes e Rafael Yglesias
Com: Johnny Depp, Heather Graham, Ian Holm
Duração: 122 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Do Inferno
2014-09-20T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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