![47º Festival de Cinema de Brasília 47º Festival de Cinema de Brasília](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEB2WHUqAhUEqksFeWZdViXSaG_KJ2LxDfRhGMBjr1rc_bhiHrmPKYWP6ZBBtciCHqp1-UKmJqWGlaGMtPQzbQNw6dlnnZJiC_4b4HYRVBxVwjfLbPxpxWHikMFA3y5Z0vOw6NT_iw9rkA/s1600/deus-e-o-diabo-na-terra-do-sol.jpg)
O clima era de celebração. Paloma Rocha fez um discurso emocionado sobre o pai, sua obra e necessidade de mantê-la viva. Começou lembrando sua avó Lúcia Rocha, maior responsável pela luta para preservação da obra de Glauber, e lembrou que, hoje, ela teme pelo fim do Templo Glauber, pela falta de apoio e fez um apelo pela preservação do mesmo. Paloma ainda ressaltou que agora toda a obra restaurada de Glauber Rocha está na mão da Cinemateca Brasileira. Seu irmão Henrique Cavalleiro também estava presente, porém preferiu não falar. Chamo a atenção para a semelhança física com o pai.
Após as falas, a orquestra de câmara sob regência do maestro Claudio Cohen interpretou duas musicas marcantes do filme. Perseguição, composta por Sérgio Ricardo e Bachiana nº 5 de Heitor Villa-Lobos que teve a participação da soprano Janete Dornellas. Momento de pura emoção.
Deus e o Diabo na Terra do Sol
![Deus e o Diabo na Terra do Sol Deus e o Diabo na Terra do Sol](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfsK8PqUjBaJwnwNhMr-SycPD1vjB8Sgl15Jw0tQo6EjjUsrJYLcXOOYpeUrqu1V99l2F0Db3nUdmi2cy1_kttsMfv6uzGAqz6tp1IX0qCXw7EdqcjFPl-8BmraZmP-GpCbXsGICMjKhlE/s1600/Deus-e-o-Diabo-na-Terra-do-Sol-1.jpg)
Segundo filme de Glauber Rocha continua sendo para mim o mais marcante e importante de sua carreira, após Barravento. Aqui, Glauber pode expor toda a sua força e ideias. Através de uma verdadeira ópera nordestina, ele falou de política, de sertão, de justiça, de religião, de manipulação, de cangaço, de esperança, de seca, de miséria.
![Deus e o Diabo na Terra do Sol Deus e o Diabo na Terra do Sol](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi269Hb7tq0Wglas-9CipeQDJZK2-xRnUo1ESr3q4wwKqOpRdDH0bAfa_jyraFIffDBhFfeE3CTEPHnt38pU9Y690lsBjDcfbFo8BYuL2XYKQpMoPT67nkJ3e3T8gQtgCBNtD8hn_QWETQD/s1600/Deus-e-o-Diabo-na-Terra-do-Sol-4.jpg)
A primeira questão que o filme levanta seria, quem é Deus e quem é o Diabo nessa trama? Onde o beato manipula fiéis em uma lógica ilógica, e o cangaceiro, no fundo, protege-os. O próprio Corisco diz mais adiante sobre Sebastião: "aquele ali não valia nada".
Ainda tem a figura do cego narrador, que traz sua própria simbologia, e o jagunço Antônio das Mortes que também traz sua ambigüidade, apesar de ser um matador profissional. Vale lembrar que ele poupou a vida de Manuel e de Rosa por duas vezes.
![Deus e o Diabo na Terra do Sol Deus e o Diabo na Terra do Sol](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2a_P7VkePPmYHlC4bRgWRh0jFrZSlcc7o3xORRgGFk6UphuFhN9pGyZ5JH9Zwm0h4_GAcj2JIQIfZyfvMYC55DGgoQtX4VgOLlmurzmHUkZq4CNlZ2kguHyO0YzVJvzu83_QsF_ggX6vf/s1600/Deus-e-o-Diabo-na-Terra-do-Sol-5.jpg)
Os atores também são peças fundamentais nesse espetáculo. Principalmente Geraldo Del Rey como Manuel e Othon Bastos como Corisco. Mas, Yoná Magalhães como Rosa e Maurico do Valle como Antonio das Mortes também são destaques.
Deus e o Diabo é ainda um grito de esperança, ou desesperança, de que um dia o povo sertanejo deixe de pagar por uma vida tão miserável. E que o sertão vire mar, pois essa "terra é do homem, não é de Deus, nem do Diabo".
Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964 / Brasil)
Direção: Glauber Rocha
Roteiro: Glauber Rocha
Com: Geraldo Del Rey, Othon Bastos, Yoná Magalhães, Maurício do Valle, Sônia dos Humildes.
Duração: 120min.