
Não li o livro de Pablo De Santis, que originou essa história, mas as possíveis inspirações no bruxinho inglês não me incomodam. O problema é a confusa condução do roteiro que não nos dão o tom da trama, criando estranhamentos e mudanças bruscas como se cada episódio da jornada de Ivan fosse uma etapa de um jogo pouco preocupado com a narrativa e focado em passar de fase. Não dá tempo de vivenciar cada questão, sendo utilizado o recurso da explicação verbal a todo momento.

Cada uma dessas etapas é construída de maneira superficial, utilizando muito o recurso da fala para nos explicar literalmente o que acontece. É difícil embarcar na proposta que nos dá convites pouco convincentes de que aquele mundo possa ser real. Falta verossimilhança em quase tudo. A suspensão da realidade podeira ser compreendida, se trabalhasse melhor seus elementos. Do jeito que aparece, fica apenas uma estética excêntrica para chamar a atenção.

Da mesma forma que a cidade Zyl não nos parece real. Nem na situação que está atualmente, nem no meu passado glorioso. Fica algo como o mundo de Oz, ou o País das Maravilhas de Alice, em uma suspensão total da realidade que não parece crível da forma como é apresentada.
Apesar disso, percebe-se que aquele universo tem potencial. Melhor trabalhado poderia ser uma aventura fascinante iguais às referências citadas. Do jeito que se apresenta, no entanto, parece uma mistura pouco trabalhada e com excesso de didatismo e explicações verbais que nos cansam e não nos envolvem de fato no drama do protagonista. A sensação é de que vimos um rascunho de uma obra inacabada.
O Inventor de Jogos (The Games Maker, 2014 / EUA)
Direção: Juan Pablo Buscarini
Roteiro: Juan Pablo Buscarini
Com: Joseph Fiennes, Tom Cavanagh, Megan Charpentier
Duração: 111 min.