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Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo
Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo
"Pode me chamar de Águia Dourada", diz John du Pont a um iludido Mark Schultz. Este é o símbolo de uma história sinistra que traduz muitos sentimentos norte-americanos em meio à loucura do que o dinheiro pode ou não comprar.
Campeão olímpico de luta greco-romana, Mark Schultz queria ser campeão mundial e novamente olímpico nas Olimpíadas de Seul. Treinava com seu irmão, David Schultz, outra lenda do esporte, até que recebe um estranho convite do milionário John du Pont. Se mudar para sua propriedade, onde treinaria na equipe Foxcatcher, totalmente financiada por ele. Mark aceita, tenta levar o irmão, mas este não quer, e seu caminho começa a se tornar perigoso diante do ritmo de vida do milionário.
Baseado na história real dos irmãos Schultz, o filme de Bennett Miller ficcionaliza muito da realidade, porém a essência parece que está ali. Há um turbilhão de emoções e valores que são discutidos e repensados na obra a começar pelo sonho de vencer, seja em um esporte ou na vida. Mark queria vencer a todo custo, enquanto que David só parecia amar o esporte. É impressionante como ele conhecia os adversários e os golpes, mas lidava com isso de maneira muito tranquila, ao contrário da obsessão de Mark.
A responsabilidade que o dinheiro traz é outra grande questão. John du Pont é um milionário excêntrico, sempre teve de tudo que o dinheiro pode lhe comprar. Até mesmo amigos, como o caso do filho do caseiro que ele conta a Mark, ou o troféu da categoria sênior que vemos seu empresário discretamente entregando algo ao adversário. Ele comprou Mark, ainda que de não de maneira direta, iludindo-o com promessas diversas. Mas, não pode comprar David, e isso o incomodava profundamente.
Era um homem perturbado emocionalmente, vide a cena em que sua mãe chega para assistir a um treino. A mudança na sua fisionomia, a simulação de um discurso patriótico e de orientações para os atletas. O olhar da mãe com pena de seu rebento, ecoando ainda as suas falas anteriores de que aquele é um esporte inferior e que ele estava se rebaixando. Tudo isso é bastante complexo e ajudam a moldar o personagem.
Personagem esse que está assustadoramente construído por um Steve Carell quase irreconhecível. Não apenas por seus trejeitos esquisitos, postura corporal meio torta ou nariz avantajado. Mas, por toda a composição psicológica de um homem extremamente perturbado que chega a ser digno de pena. Da mesma forma que Mark Ruffalo nos apresenta um David extremamente bem construído. Um homem simples, tranquilo, competente. O verdadeiro líder boa praça que a gente aprende a admirar. Channing Tatum também está bem como Mark, ainda que não tão genial quanto os demais.
A constituição de época também é muito bem feita, podendo ser observada nos detalhes, nos carros, nas roupas. A direção de arte cuidadosa nos dá até os detalhes da orelha marcada de Channing Tatum, característica de lutadores da modalidade. Todos os objetos da mansão Du Pont também ajudam a construir a estranheza daquela família e toda a pompa que a dinastia construído e reflete no personagem. Não por acaso, quando Mark chega pela primeira vez no chalé onde morará, se sente um verdadeiro estranho no ninho.
Foxcatcher é mais do que um filme sobre atletas. É também mais do que uma obra sobre um milionário excêntrico. E mais do que um retrato de uma história real. É uma jornada de aprendizado, onde perdas e ganhos parecem se misturar, não sabendo até que ponto vale a pena vencer para perder, ou perder para vencer. Uma história realmente perturbadora.
Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo (Foxcatcher, 2014 / EUA)
Direção: Bennett Miller
Roteiro: E. Max Frye, Dan Futterman
Com: Steve Carell, Channing Tatum, Mark Ruffalo, Sienna Miller, Vanessa Redgrave
Duração: 129 min.
Campeão olímpico de luta greco-romana, Mark Schultz queria ser campeão mundial e novamente olímpico nas Olimpíadas de Seul. Treinava com seu irmão, David Schultz, outra lenda do esporte, até que recebe um estranho convite do milionário John du Pont. Se mudar para sua propriedade, onde treinaria na equipe Foxcatcher, totalmente financiada por ele. Mark aceita, tenta levar o irmão, mas este não quer, e seu caminho começa a se tornar perigoso diante do ritmo de vida do milionário.
Baseado na história real dos irmãos Schultz, o filme de Bennett Miller ficcionaliza muito da realidade, porém a essência parece que está ali. Há um turbilhão de emoções e valores que são discutidos e repensados na obra a começar pelo sonho de vencer, seja em um esporte ou na vida. Mark queria vencer a todo custo, enquanto que David só parecia amar o esporte. É impressionante como ele conhecia os adversários e os golpes, mas lidava com isso de maneira muito tranquila, ao contrário da obsessão de Mark.
A responsabilidade que o dinheiro traz é outra grande questão. John du Pont é um milionário excêntrico, sempre teve de tudo que o dinheiro pode lhe comprar. Até mesmo amigos, como o caso do filho do caseiro que ele conta a Mark, ou o troféu da categoria sênior que vemos seu empresário discretamente entregando algo ao adversário. Ele comprou Mark, ainda que de não de maneira direta, iludindo-o com promessas diversas. Mas, não pode comprar David, e isso o incomodava profundamente.
Era um homem perturbado emocionalmente, vide a cena em que sua mãe chega para assistir a um treino. A mudança na sua fisionomia, a simulação de um discurso patriótico e de orientações para os atletas. O olhar da mãe com pena de seu rebento, ecoando ainda as suas falas anteriores de que aquele é um esporte inferior e que ele estava se rebaixando. Tudo isso é bastante complexo e ajudam a moldar o personagem.
Personagem esse que está assustadoramente construído por um Steve Carell quase irreconhecível. Não apenas por seus trejeitos esquisitos, postura corporal meio torta ou nariz avantajado. Mas, por toda a composição psicológica de um homem extremamente perturbado que chega a ser digno de pena. Da mesma forma que Mark Ruffalo nos apresenta um David extremamente bem construído. Um homem simples, tranquilo, competente. O verdadeiro líder boa praça que a gente aprende a admirar. Channing Tatum também está bem como Mark, ainda que não tão genial quanto os demais.
A constituição de época também é muito bem feita, podendo ser observada nos detalhes, nos carros, nas roupas. A direção de arte cuidadosa nos dá até os detalhes da orelha marcada de Channing Tatum, característica de lutadores da modalidade. Todos os objetos da mansão Du Pont também ajudam a construir a estranheza daquela família e toda a pompa que a dinastia construído e reflete no personagem. Não por acaso, quando Mark chega pela primeira vez no chalé onde morará, se sente um verdadeiro estranho no ninho.
Foxcatcher é mais do que um filme sobre atletas. É também mais do que uma obra sobre um milionário excêntrico. E mais do que um retrato de uma história real. É uma jornada de aprendizado, onde perdas e ganhos parecem se misturar, não sabendo até que ponto vale a pena vencer para perder, ou perder para vencer. Uma história realmente perturbadora.
Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo (Foxcatcher, 2014 / EUA)
Direção: Bennett Miller
Roteiro: E. Max Frye, Dan Futterman
Com: Steve Carell, Channing Tatum, Mark Ruffalo, Sienna Miller, Vanessa Redgrave
Duração: 129 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo
2015-01-19T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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