
Tal Levine é uma jovem francesa de origem judia que mora em Jerusalém com sua família. Já Naïm é um palestino que mora em Gaza. A história dos dois começa a se cruzar quando Naïm e seus amigos encontram uma garrafa boiando no mar, perto da praia que frequentam. Uma mensagem da garota de Jerusalém fala do terrorismo e de sua incompreensão daquela realidade, e faz um convite para uma conversa através de e-mails.

Os amigos jovens palestinos brincam e se divertem com a atitude maluca da moça, desdenham qualquer possibilidade de comunicação e por um tempo, nem mesmo sabemos quem respondeu ao e-mail. Um certo clima de curiosidade, uma recusa do chamado e até mesmo um desdém em relação a possibilidade do argumento.

Não deixa de ser mais uma espécie de "Romeu e Julieta", é verdade. Por trás desse pano de fundo de um conflito milenar por terra, há a história de dois jovens que se conhecem, começam a conversar, se relacionar (ainda que virtualmente) e se envolvem cada vez mais emocionalmente. Um amor proibido, sem perspectivas que ainda passa por desconfianças de ambos os lados, como quando Naïm é torturado ou quando Tal tem que enfrentar a revolta dos pais.
No final das contas, Uma Garrafa no Mar de Gaza não discute o conflito, não toma partido, apesar de ter um olhar bem mais complacente para a causa palestina, nem aponta soluções. É apenas o olhar quase ingênuo de dois jovens que querem apenas viver suas vidas sem tanto peso em suas costas. E isso não deixa de ter sua beleza.
Uma Garrafa no Mar de Gaza (Une bouteille à la mer, 2011 / França)
Direção: Thierry Binisti
Roteiro: Thierry Binisti, Valérie Zenatti
Com: Agathe Bonitzer, Mahmud Shalaby, Hiam Abbass
Duração: 100 min.