
Tímido e solitário, Simon James vive do seu trabalho e de admirar sua vizinha Hannah da janela. Até que um dia chega ao seu trabalho James Simon, um rapaz que tem a mesma fisionomia sua, mas uma personalidade completamente oposta. E que vai tomando todos os espaços aos poucos, até não sobrar muito para Simon de sua própria vida.

A sociedade em O Duplo de Richard Ayoade é uma espécie de suspensão da realidade que nos lembra muito a estética distópica da sociedade de 1984. Um mundo que parece o futuro, ao mesmo tempo que se organiza com um design passado, retrô, construindo uma realidade insólita onde tudo soa estranho, principalmente as pessoas.

Ver a si mesmo refletido em outro homem, tão expansivo, alegre e sociável é como ser apagado aos poucos e o roteiro de Richard Ayoade e Avi Korine faz questão de mostrar isso nos mínimos detalhes. Desde um pontapé no elevador que tem consequência diferente para cada um até a reação das mulheres ao falar com ele.

Talvez a trama possa se afastar do grande público por caminhar por um tom de fantasia e construir um mundo tão insólito, que nos lembra algo do mundo de Charlie Kaufman como em Quero Ser John Malkovich. Mas, trata de um tema que instiga e mexe com o espectador que, ao se colocar no lugar de Simon, também quer se impor enquanto pessoa.
O problema é que toda essa energia não parece canalizada e o diretor acaba se perdendo em ideias, ideais e necessidade de construir sua marca própria tornando a narrativa cada vez menos palatável, perdendo o ritmo e tornando cansativo no final.
De qualquer maneira, O Duplo é um filme instigante. Não aprofunda o tema que desenvolve e poderia ser melhor conduzido em alguns pontos, mas, de qualquer maneira, consegue despertar nossa curiosidade e nos manter envolvidos com o destino de Simon na busca por si mesmo.
O Duplo (The Double, 2013 / Reino Unido)
Direção: Richard Ayoade
Roteiro: Richard Ayoade, Avi Korine
Com: Jesse Eisenberg, Mia Wasikowska, Wallace Shawn
Duração: 93 min.