Renascida do Inferno
Não confundam com Hellraiser. Renascida do Inferno, na verdade, tem como título original The Lazarus Effect, em uma alusão clara ao Lázaro da Bíblia. E apesar de ser produzido por Jason Blum, o mesmo de Atividade Paranormal e Sobrenatural, o filme consegue ser um grande erro generalizado.
Tudo começa com a equipe liderada por Frank e Zoe pesquisando uma fórmula que possa mexer no sistema nervoso a que eles dão o nome de soro de Lázaro. A ideia era ajudar pacientes em coma, mas logo eles estão fazendo experiências em animais mortos. E quando Zoe sofre um acidente no laboratório, eles acabam aplicando o soro nela. Mas, ao trazê-la de volta à vida, as coisas não acontecem conforme o esperado.
Em todos os níveis, o filme é tolo. Não há uma palavra melhor para defini-lo. Os atores até tentam nos fazer comprar a ideia e nos fazer entrar no jogo, mas algo parece não se encaixar. Essa ideia de cientistas brincando de Deus já é batida, mas a forma como o filme lida com o tema banaliza qualquer discussão sobre vida após a morte, céu, inferno, bem ou mal. Principalmente ao analisar a personagem Zoe.
Olivia Wilde tem momentos bons, outros completamente forçados, interpretando a médica, católica, que volta a vida de maneira, no mínimo, estranha. Uma mulher sensata, amigável, mas que tem um pesadelo recorrente e, ao ressuscitar parece viver um conflito que logo vai se esvaziando. E a forma como ela se decide por um lado é igualmente tolo. "Passei a vida tentando ser boa, um único erro e vou para o inferno".
Essa dualidade da personagem poderia desenvolver-se em um roteiro com um drama psicológico fantástico, mas, infelizmente, Luke Dawson e Jeremy Slater escolhem o caminho mais fácil, raso, sem aprofundamento de nada. Nem de crenças, nem de traumas, culpas, ou mesmo limiar entre bem e mal. Na verdade, mesmo a questão ética do que estão fazendo é apenas pincelada em cena, nos dando temas vazios.
O objetivo de Renascida do Inferno parece mesmo ser um filme superficial onde o que conta é o susto. Tem dois sustos interessantes, um envolvendo um personagem com uma máscara e outro envolvendo o cachorro. No mais, a direção de David Gelb é extremamente clichê, com sons exagerados e o velho truque da luz que acende e apaga deixando o espectador sem referência. Isso sem falar na câmera com o "olhar do monstro", mostrando personagens sendo observados e de costas.
O ritmo do filme também não é intenso. A montagem parece burocrática, sem grande criatividade, se preocupando apenas com o andar da narrativa. Há uma economia de efeitos especiais também, com cenas como a do armário. Isso sem falar que tudo se resume a praticamente um cenário, o laboratório.
Renascida do Inferno é daqueles filmes de terror que nada acrescentam ao gênero. Um passatempo pouco envolvente, sem maiores desenvolvimentos ou preocupações. Há questões com potencial, como o próprio argumento ou o background da personagem Zoe. Mas, tudo fica frágil e pouco desenvolvido, não nos dando muito espaço para surpresas agradáveis.
Renascida do Inferno (The Lazarus Effect, 2015 / EUA)
Direção: David Gelb
Roteiro: Luke Dawson, Jeremy Slater
Com: Olivia Wilde, Mark Duplass, Evan Peters
Duração: 83 min.
Tudo começa com a equipe liderada por Frank e Zoe pesquisando uma fórmula que possa mexer no sistema nervoso a que eles dão o nome de soro de Lázaro. A ideia era ajudar pacientes em coma, mas logo eles estão fazendo experiências em animais mortos. E quando Zoe sofre um acidente no laboratório, eles acabam aplicando o soro nela. Mas, ao trazê-la de volta à vida, as coisas não acontecem conforme o esperado.
Em todos os níveis, o filme é tolo. Não há uma palavra melhor para defini-lo. Os atores até tentam nos fazer comprar a ideia e nos fazer entrar no jogo, mas algo parece não se encaixar. Essa ideia de cientistas brincando de Deus já é batida, mas a forma como o filme lida com o tema banaliza qualquer discussão sobre vida após a morte, céu, inferno, bem ou mal. Principalmente ao analisar a personagem Zoe.
Olivia Wilde tem momentos bons, outros completamente forçados, interpretando a médica, católica, que volta a vida de maneira, no mínimo, estranha. Uma mulher sensata, amigável, mas que tem um pesadelo recorrente e, ao ressuscitar parece viver um conflito que logo vai se esvaziando. E a forma como ela se decide por um lado é igualmente tolo. "Passei a vida tentando ser boa, um único erro e vou para o inferno".
Essa dualidade da personagem poderia desenvolver-se em um roteiro com um drama psicológico fantástico, mas, infelizmente, Luke Dawson e Jeremy Slater escolhem o caminho mais fácil, raso, sem aprofundamento de nada. Nem de crenças, nem de traumas, culpas, ou mesmo limiar entre bem e mal. Na verdade, mesmo a questão ética do que estão fazendo é apenas pincelada em cena, nos dando temas vazios.
O objetivo de Renascida do Inferno parece mesmo ser um filme superficial onde o que conta é o susto. Tem dois sustos interessantes, um envolvendo um personagem com uma máscara e outro envolvendo o cachorro. No mais, a direção de David Gelb é extremamente clichê, com sons exagerados e o velho truque da luz que acende e apaga deixando o espectador sem referência. Isso sem falar na câmera com o "olhar do monstro", mostrando personagens sendo observados e de costas.
O ritmo do filme também não é intenso. A montagem parece burocrática, sem grande criatividade, se preocupando apenas com o andar da narrativa. Há uma economia de efeitos especiais também, com cenas como a do armário. Isso sem falar que tudo se resume a praticamente um cenário, o laboratório.
Renascida do Inferno é daqueles filmes de terror que nada acrescentam ao gênero. Um passatempo pouco envolvente, sem maiores desenvolvimentos ou preocupações. Há questões com potencial, como o próprio argumento ou o background da personagem Zoe. Mas, tudo fica frágil e pouco desenvolvido, não nos dando muito espaço para surpresas agradáveis.
Renascida do Inferno (The Lazarus Effect, 2015 / EUA)
Direção: David Gelb
Roteiro: Luke Dawson, Jeremy Slater
Com: Olivia Wilde, Mark Duplass, Evan Peters
Duração: 83 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Renascida do Inferno
2015-03-03T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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