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De Onde Eu Te Vejo

De Onde Eu Te Vejo - filmeDe Onde Eu Te vejo. O título do filme já nos traz reflexões. Pois não é só um casal que acaba de se separar, mas vive um de frente para o outro. É a própria situação de nos vermos no outro, ou de não conseguirmos percebê-lo de fato, por só enxergarmos projeções. Uma comédia romântica com clichês do gênero, mas ainda assim com reflexões que nos instigam.

Ana Lúcia e Fábio viveram juntos por vinte anos, possuem uma filha e ainda têm carinho um pelo outro. Mas parece que sua relação não tem mais força. As brigas são constantes e uma insatisfação paira no ar. A separação parece o caminho óbvio, mas eles não se separam completamente, já que Fábio vai morar no prédio em frente ao da ex-mulher. Pela janela, eles conseguem se ver, se vigiar e até mesmo conversar ou brigar.

De Onde Eu Te Vejo - filmeÉ interessante que o roteiro de Leonardo Moreira e Rafael Gomes, apesar de aproveitar-se das estruturas do gênero da comédia romântica, faz suas próprias digressões em uma trama reflexiva e com muitos momentos líricos. Há o recurso da quebra da quarta parede também em alguns momentos, com Ana Lúcia falando para a plateia questões desnecessárias, como quando ela justifica uma cena do passado com os mesmos atores dizendo que "não consegue se lembrar deles de outra forma".

Há também verdade nos sentimentos dos personagens, que nos parecem bastante vivos e reais. Não apenas pelas situações amorosas, mas pela própria concepção de vida e frustração de sonhos. Ana Lúcia, que foi para São Paulo porque queria ser arquiteta e construir prédios bonitos, agora vive de convencer pessoas a vender seus imóveis para construtoras que querem demolir e construir outros prédios "feios" que ela criticava. Já Fábio, que parecia estável, vai viver o drama de muitos brasileiros mais velhos no mercado de trabalho.

De Onde Eu Te Vejo - filmeOs personagens secundários também trazem frescor à obra, como a senhora Yolanda, vivida por Laura Cardoso que possui uma casa com viveiro e fala da felicidade de tomar seu banho de sol todos os dias. As histórias dela sobre os pássaros também formam uma metáfora interessante da própria relação do casal protagonista. E temos também o dono do cinema, vivido por Juca de Oliveira, que traz a temática do sonho desfeito de uma maneira bem poética.

Já a filha do casal, vivida por Manoela Aliperti, tem altos e baixos. Ela complementa a cena, com diálogos divertidos e cenas singelas como quando mãe e filha vão à praia, ou o dilema de deixá-la em uma república para estudar. Mas também tem reações desproporcionais como quando flagra uma determinada cena.

De qualquer maneira, De Onde Eu te Vejo é um filme sensível e envolvente. Criamos empatia por aquele casal, ainda que cometam atos incongruentes. Eles nos parecem vivos, próximos e é gostoso de acompanhar suas peripécias em busca da felicidade.


De Onde Eu Te Vejo (De Onde Eu Te Vejo, 2016, Brasil)
Direção: Luiz Villaça
Roteiro: Leonardo Moreira e Rafael Gomes
Com: Denise Fraga, Domingos Montagner, Marisa Orth, Manoela Aliperti, Laura Cardoso, Juca de Oliveira
Duração: 90 min.

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