
Michelle acaba de brigar com seu namorado Ben e sai de casa. Na estrada, tentando ignorar suas ligações, ela acaba sofrendo um acidente e acorda em uma espécie de abrigo nuclear. Agora ela não sabe se Howard é seu salvador ou seu sequestrador. Assim como não sabe se pode confiar nele quando diz que todos estão mortos do lado de fora e que não é seguro sair, pois o ar está contaminado.

Quer dizer, nós sabemos algo e está no título do filme. Mas, pode ser também uma jogada da produção para nos confundir. Não dá para ter certeza. Principalmente porque a obra está sempre jogando com as duas possibilidade, nos dando indícios de que algo realmente aconteceu com o mundo, mas também de que Howard esconde mais do que diz. É um jogo tenso onde estamos ali, presos com eles, jogando os dados e apostando algumas fichas.

A direção também é bastante feliz ao explorar o espaço aparentemente simples. Eles estão presos ali, isso é uma estratégia clássica. Mas, a forma como a câmera nos leva pelos ambientes e como a trama vai se desenrolando ali não deixa de ser criativa. Principalmente com os elementos de cena que dão um toque especial à situação incômoda. Seja no contraste da cortina de pato ou no inusitado do aparelho de som retrô que dá um toque exótico à "sala".
Rua Cloverfield, 10 é uma obra instigante que nos deixa em suspense durante toda a projeção. Não sabemos o que aconteceu e se realmente aconteceu alguma coisa. Mas, vamos junto com Michelle, apostando em algumas possibilidades e nos estressando com escolhas. Uma obra simples e eficiente ao mesmo tempo.
Rua Cloverfield, 10 (10 Cloverfield Lane, 2016 / EUA)
Direção: Dan Trachtenberg
Roteiro: Josh Campbell, Matthew Stuecken, Damien Chazelle
Com: John Goodman, Mary Elizabeth Winstead, John Gallagher Jr.
Duração: 103 min.