
Baseado no livro de Timur Vermes, Ele Está de Volta é um filme assustador. Não que ele seja de terror, não se trata disso. Mas, é uma espécie de resposta ao questionamento do filme A Onda. Mesmo depois do que viveram, a Alemanha poderia cair novamente no conto nazista?
A trama parte de uma premissa sobrenatural em que o próprio Adolf Hitler acorda no ano de 2014 e tenta entender o mundo atual, ao mesmo tempo em que volta a pregar suas ideias segregacionistas de raça pura, Alemanha para os alemães e o povo como matéria-prima. Confundido com um humorista que imita o Führer ele se torna uma espécie de mania nacional. Todos riem e adoram sua imagem, muitos concordam com suas ideias.

É curioso como poucos contestam, reclamam ou mesmo xingam a figura do ex-comandante. A grande maioria o abraça e quer tirar fotos. Ainda que não levem a sério que aquele seja o próprio Führer renascido, não deixa de ser alarmante a quantidade de pessoas que acha aquilo divertido e até mesmo excitante. Chega a ser ridícula a capacidade de empatia que o personagem tem com o seu povo.

Mas, mais do que isso, o filme tenta chamar o público à razão com cenas fortes como da senhora judia que reconhece a voz do seu algoz ou em questionamentos que começam a ser feitos no desenrolar da história e nos leva a um final realmente impactante.
Ainda que brinque com a imagem do ditador, chegando a fazer uma paródia da cena de A Queda que viralizou pela internet em diversas versões, Ele Está de Volta tenta construir um alerta sobre ideias e ideologias. Nos livros de História, todos parecem distinguir os erros do passado, mas no dia a dia, muitos parecem não ter introjetado tão bem a lição.
Ele Está de Volta (Er ist wieder da, 2015 / Alemanha)
Direção: David Wnendt
Roteiro: David Wnendt, Mizzi Meyer
Com: Oliver Masucci, Thomas M. Köppl, Marc-Marvin Israel
Duração: 116 min.