Home
Charles Dance
cinema europeu
comedia
critica
Emilia Clarke
Janet McTeer
Matthew Lewis
romance
Sam Claflin
Thea Sharrock
Vanessa Kirby
Como Eu Era Antes de Você
Como Eu Era Antes de Você
Como Eu Era Antes de Você. O título do filme, que também é o do romance em que foi inspirado, traz um pouco desse ideal romântico de encontrar alguém que nos marca profundamente a ponto de nos sentirmos outra pessoa após sua passagem em nossa vida. Pode parecer tolo para alguns, mas extremamente simbólico para outros.
O filme de Thea Sharrock, roteirizado pela própria autora do livro, Jojo Moyes, consegue traduzir esse clima romântico, principalmente pela construção carismática de seus protagonistas Will Traynor e Lou Clark. Emilia Clarke e Sam Claflin conseguem construir empatia com o público e uma química entre eles, mesmo com algumas caracterizações tolas da protagonista feminina, quase uma criança grande que precisa ser guiada.
Na verdade, eles estão ali reencenando um dos argumentos universais, o de Cinderela. A moça pobre, simples que conhece o seu príncipe encantado que irá transformar sua vida. Pois, não se enganem, apesar de Lou ser contratada pela mãe de Will para cuidar dele que ficou tetraplégico após um acidente, é na transformação dela que o filme foca. E isso fica muito claro na cena final.
Isso não significa que Will Traynor não tenha também sua redenção. Um empresário bem sucedido, bonito, atlético e bom vivant, ele vê sua vida "destruída" após o acidente. Ficar tetraplégico fez de Will um homem sem sonhos ou ambições que não seja a própria morte. Ele vê em Lou não uma mulher para amar, mas uma forma de ser ainda útil. Esse é o sentimento que o move, se sentir útil é outra ambição humana, além de ser amado.
Jojo Moyes talvez não perceba, no entanto, o quão leviana acaba sendo sua história em alguns pontos de vista, principalmente o dos deficientes físicos. Muitos estão por aí vivendo e sendo úteis, superando desafios, inclusive. Imagine se Stephen Hawking resolvesse se matar com o avançar da doença, por exemplo? A maneira superficial como trama temas profundos, acaba sendo um ponto negativo para a obra se formos analisá-la friamente. E olha que nem entro na questão religiosa que já daria outro filme só para discutir isso.
Por outro lado, ao não aprofundar esse tema, o filme constrói seu próprio ponto de vista. O de que cada um faz da vida o que deseja e que estamos no mundo, não para mudar os outros, mas para aceitá-los como eles são. Ou talvez para ajudá-los a perceber o que realmente são ou desejam. Porque se Will era infeliz em sua vida limitada e doente. Lou também o era, ainda que em uma aparente alegria disfarçada. Seu namorado era um egoísta que não a via de fato, sua família por mais que a amasse, a prendia, e ela não sabia, de fato, o que queria da vida.
É nessa premissa e nessa teia que Thea Sharrock vai nos envolvendo e nos sentimos contemplados ao acompanhar a história de Will e Lou como um conto de fadas possível. O filme é leve, doce, com cenas poéticas e envolventes como a dança no casamento, a ida ao concerto ou a visita às ruínas do castelo. É uma suspensão da realidade que não foca seu ponto nas dores e necessidades de superação. O que importa é o encontro dos dois e como eles podem ser modificados por isso.
Como Eu Era Antes de Você é, antes de tudo, um melodrama. Uma obra que foca na emoção, que quer te fazer chorar e sonhar com um encontro de almas assim. E nisso ele é extremamente competente. Ele busca despertar os desejos mais íntimos do ser humano: ser amado e se sentir útil para alguém. Não fomos mesmo feitos para viver sozinhos. Todo o resto é apenas roupagem e reaproveitamento de ideias já vistas.
Como Eu Era Antes de Você (Me Before You, 2016 / Reino Unido)
Direção: Thea Sharrock
Roteiro: Jojo Moyes
Com: Emilia Clarke, Sam Claflin, Janet McTeer, Charles Dance, Janet McTeer, Vanessa Kirby, Matthew Lewis
Duração: 110 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Como Eu Era Antes de Você
2016-06-29T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
Charles Dance|cinema europeu|comedia|critica|Emilia Clarke|Janet McTeer|Matthew Lewis|romance|Sam Claflin|Thea Sharrock|Vanessa Kirby|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
A cena que vamos detalhar, do filme Tubarão (1975), é um dos momentos mais emblemáticos do filme dirigido por Steven Spielberg. Nessa se...
-
Oldboy , dirigido por Park Chan-wook , é um filme sul-coreano que se destaca como um dos grandes tesouros do cinema contemporâneo. Com uma ...
-
A Princesa Prometida , dirigido por Rob Reiner e lançado em 1987 , é um conto de fadas moderno que encanta o público com sua mistura perfei...
-
Ridley Scott , o visionário por trás de clássicos como Alien e Blade Runner , nos trouxe A Lenda (1985), uma fantasia que se destaca pela ...
-
Venom: Tempo de Carnificina é um daqueles filmes que só faz sentido quando encarado como uma peça de entretenimento ultrajante e autossufi...
-
Cinema Sherlock Homes O filme de destaque atualmente é esta releitura do clássico do mistério pelas mãos de Guy Ritchie. O ex de Madonna p...
-
O Soterópolis programa cultural da TVE Bahia, fez uma matéria muito interessante sobre blogs baianos. Esta que vos fala deu uma pequena con...
-
Hitch: Conselheiro Amoroso é um daqueles filmes que, à primeira vista, parecem abraçar o clichê sem qualquer vergonha, mas que, ao olhar m...
-
Eletrizante é a melhor palavra para definir esse filme de Tony Scott . Que o diretor sabe fazer filmes de ação não é novidade, mas uma tra...