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Meu Amigo, O Dragão
Meu Amigo, O Dragão
A Disney parece mesmo empenhada em regravar em live action suas animações. Desde as mais famosas como Cinderela, Branca de Neve e a esperada A Bela e a Fera, a outras como Mogli, o menino lobo. Assim, chega a vez de Meu Amigo, O Dragão, filme de 1977 que, na verdade, já trazia uma mistura de animação e live action.
O que mais chama a atenção em Meu Amigo, O Dragão é exatamente o clima dos anos 80. Há um certo resgate da inocência perdida, da infância simples, de um melodrama com aventura típico da época. Ainda que tenha um CGI impressionante para a criação do dragão e alguns detalhes técnicos que denunciam a tecnologia atual, a atmosfera do filme parece antiga. E não se trata de uma simples reconstrução de referências como a série Stranger Things, mas de composição estética e temática mesmo.
O roteiro é bastante simples, o garotinho Pete sofre um acidente com sua família e fica órfão perdido na floresta, sendo encontrado por um dragão que irá criá-lo. Anos mais tarde, ele é encontrado e o dragão também, o que causa reviravoltas na cidade e uma caça ao animal místico. Uma história que é impossível de não comparar com Tarzan e o próprio Mogli.
A estrutura do roteiro é também bastante maniqueísta. De um lado estão Grace (vivida por Bryce Dallas Howard), seu pai (Robert Redford) e a pequena Natalie querendo proteger Pete e seu dragão, do outro, os caçadores implacáveis encabeçados por Gavin (Karl Urban). Criando como plot a simples disputa entre prender para explorar o animal ou deixá-lo em paz e livre.
Ao mesmo tempo, há uma composição interessante no garotinho Pete. Criado por um dragão na floresta, mas com resquícios de civilização, já que ele ficou órfão com cinco anos de idade. Ele tem alguns sentimentos complexos dentro dele. Principalmente quando começa a conviver com Grace, seu noivo Jack e Natalie. A noção de família parece mexer com suas certezas, o que traz camadas para a história.
Mas, acima de tudo, Meu Amigo, O Dragão é um filme sobre amizade. A amizade entre Pete e o dragão é bonita e crível, ainda que seja ele uma fera mitológica. O cuidado que um tem com o outro, a maneira como se divertem, a sensibilidade com que se entendem e são fiéis se importando com a felicidade e bem estar do próximo. Da mesma forma que Pete e Natalie começam também a desenvolver essa amizade mútua.
O filme possui um ritmo divertido seja nas cenas de brincadeiras entre Pete e o dragão, ou seja nas partes de perseguição. Há várias cenas bem orquestradas visualmente, seja na floresta ou na estrada, que nos envolvem durante toda a projeção, ainda que com uma história tão simples e, por vezes, ingênua demais.
Meu Amigo, O Dragão é um filme singelo com ares de Sessão da Tarde dos anos 80. Um filme com a aura da Disney daquela época que pode afastar as crianças de hoje. Ainda assim, é uma obra bonita que traz mais qualidades que defeitos.
Meu Amigo, O Dragão (Pete's Dragon, 2016 / EUA)
Direção: David Lowery
Roteiro: David Lowery, Toby Halbrooks
Com: Bryce Dallas Howard, Robert Redford, Oakes Fegley, Karl Urban, Wes Bentley
Duração: 103 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Meu Amigo, O Dragão
2016-10-12T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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