
Fazer um filme baseado em um livro de auto-ajuda é sempre um desafio complexo. Há sempre o risco das fórmulas e de cair no exagero. Independente disso, há uma mensagem em O Vendedor de Sonhos que vale o esforço. Uma espécie de alerta sobre vivermos em uma sociedade doente que está construíndo pessoas igualmente doentes. Pessoas que se matam de trabalhar em nome de uma realização vindoura, mas acabam negligenciando o que as fazem felizes em nome dessa jornada.
A trilogia escrita por Augusto Cury está, de certa forma, resumida no roteiro escrito por L.G. Bayão. Revelações sobre o passado do "mestre", por exemplo, que só estão no terceiro livro, já começam a ser lançadas no início do filme. Isso nos dá a ideia de que os produtores não tem a intenção de lançar continuações, o que não deixa de ser curioso.

No geral, o filme segue um bom ritmo. Acompanhamos o psicólogo Júlio César, que tenta se suicidar, e o misterioso mendigo, chamado de "mestre" por alguns, que o mostra uma nova perspectiva de vida. Mais do que isso, ele mexe com o próprio sistema empresarial com discursos bem articulados que fazem as pessoas pensarem. Seus vídeos se tornam sucesso na internet e incomoda alguns empresários.

Um elemento que nos prende ao filme, além da mensagem passada, é o talento de César Troncoso, que faz o mestre, e de Dan Stulbach, que faz o psicólogo Júlio Cesar. Os dois atores conseguem segurar boas cenas de diálogos que poderiam também cair no piegas, mas conseguem manter um tom emocionante e reflexivo que nos leva a ponderar sobre nossa própria vida.
Há algumas questões no roteiro que poderiam ser melhor trabalhadas como a própria relação do mestre com o mendigo interpretado por Thiago Mendonça. Que por sinal em determinado momento deixa de chamá-lo de mestre e passa a chama-lo de "chefinho", para no final retornar ao antigo nome. E há também algumas incongruências na história das empresas Marlon e na perseguição ao mestre que quase termina em morte. Inclusive na atitude da personagem de Leonardo Medeiros na parte final.
De qualquer maneira, O Vendedor de Sonhos é um bom filme. Envolvente, emocionante, reflexivo. Cumpre o seu objetivo atingindo à plateia como uma boa mensagem de auto-ajuda precisa ser.
O Vendedor de Sonhos (O Vendedor de Sonhos, 2016/ Brasil)
Direção: Jayme Monjardim
Roteiro: L.G. Bayão
Com: César Troncoso, Dan Stulbach, Thiago Mendonça, Guilherme Prates, Dani Antunes, Leonardo Medeiros
Duração: 90 min.