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Sing: quem canta seus males espanta
Sing: quem canta seus males espanta
Divertida, essa é a melhor palavra para definir a animação Sing: quem canta seus males espanta. Ainda que tenha uma tentativa de arco dramático com um tom de superação, o que vale mesmo é ver esses bichinhos no palco se divertindo e nos divertindo.
Buster Moon é um coala sonhador. Desde pequeno, quando foi ao teatro pela primeira vez, ele desejou criar espetáculos inesquecíveis como o que viu. Porém, sua administração não foi como esperava e hoje ele está atolado em dívidas. Na tentativa de salvar o seu empreendimento ele tem uma ideia, criar um show de calouros no teatro, mas as confusões estavam apenas começando.
O roteiro escrito por Garth Jennings tem problemas. Pesa na mão dos clichês e exageros que são mais permitidos em animações, mas que acabam se tornando rasos diante da curva dramática que tenta imprimir do drama do coala. A questão da secretária que erra o valor do prêmio, por exemplo. Ou a gangue que cria problemas ao caçar o ratinho, entre outros detalhes que é melhor não aprofundar para não dar spoilers. O fato é que não temos nada de muito novo ou interessante nessa trajetória.
O que ganha o filme é mesmo o formato de show de calouros. E nisso, o roteiro acaba pecando ao não dar mais espaço para ele. O clipe dos candidatos é muito rápido e está quase todo no trailer. O foco acaba sendo nos ensaios dos escolhidos e suas próprias histórias. Isso acaba sendo menos divertido do que poderia, caindo no lugar comum.
Ainda assim, ver a dupla de porcos Rosita e Gunter, o gorila Johnny, o ratinho Mike e a porco espinho Ash ensaiando é divertido e acabamos nos apegando a eles. Assim como a elefantinha Meena e sua timidez profunda que a impede de ao menos tentar. Na versão brasileira, o fato de ver aquela personagem desengonçada com a voz da Sandy acaba sendo divertido. É a única personagem que reconhemos facilmente a voz, mas isso acaba funcionando em vez de nos tirar da narrativa, até pela ironia.
Esses finalistas acabam tendo também uma trajetória própria dentro do roteiro, construindo melhor a personalidade de cada um e aprofundando suas histórias. Rosita é a dona de casa típica que faz tudo em casa e mal é notada pelo marido. Ash faz tudo pelo namorado, mas ao ser escolhida sozinha acaba sendo abandonada. Já Johnny é filho de um fora da lei, chefe de uma gangue de assaltantes. E Mike vive de dar golpes, uma espécie de malandro. Já a personalidade de Meena foca apenas na timidez e na pressão de sua família para que ela tenha corgagem de fazer sucesso.
O filme traz ainda algumas referências cinematográficas. Talvez a mais clara seja Crepúsculo dos Deuses quando Buster e seu amigo Eddie (uma ovelha) vão visitar a avó, Miss Nana, em sua mansão. Mas temos também brincadeiras com King Kong, ou mesmo a animações como Pets e até uma leve referência a O Fantasma da Ópera.
No final, Sing é como já foi dito, uma obra divertida, capaz de agradar crianças e adultos, ainda que pudesse ser ainda mais aprofundada em seu roteiro e personagens. Como diz o próprio (e desnecessário) subtítulo em português "Quem canta seus males espanta". E os bichinhos conseguem fazer isso, nos fazendo seguir o caminho.
Sing: quem canta seus males espanta (Sing, 2016 / EUA)
Direção: Garth Jennings, Christophe Lourdelet
Roteiro: Garth Jennings
Duração: 108 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Sing: quem canta seus males espanta
2016-12-16T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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