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Em Ritmo de Fuga. É preciso começar falando desse título. É compreensível que uma tradução literal ao estilo de "motorista de bebê" ou mesmo "bebê motorista" não faria sentido. Mas a escolha em português dá a sensação de um filme de ação B, daqueles que enchem de tanto passar nas tardes televisivas.
A verdade é que Baby Driver está mais próximo de outro filme com título parecido, Drive (2012) estrelado por Ryan Gosling. Um excelente motorista, reservado, que fala pouco e serve como piloto de fuga em assaltos. Porém, apesar da premissa e semelhanças do protagonista, este novo filme de Edgar Wright é bem diferente da obra de Nicolas Winding Refn, acrescentando, inclusive, o humor tão característico dos filmes do diretor inglês.
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Baby literalmente dirige no ritmo da música, por isso, o infeliz título em português. E a harmonia entre roteiro, direção e montagem para construir isso é impressionante. Todo o filme segue o compasso das músicas, não é simplesmente algumas cenas como Guardiões da Galáxia, ou um trailer como o segundo de Esquadrão Suicida. Ouvimos o que Baby ouve e, sempre que não há música, o incômodo zunido está lá, nos lembrando também dessa característica do protagonista.
O grande trunfo do roteiro está nessa construção peculiar de um jovem com um passado traumático, preso a um homem inescrupuloso que coordena assaltos. Baby precisa pagar uma dívida com Doc, a mente por trás dos crimes, interpretado por Kevin Spacey. Isso justifica suas ações e deixa brechas para sua personalidade. Um rapaz bom, como muitos definem, que não gosta do mundo de crime, criando, assim, a ironia dramática que enriquece a história e torna crível a sua resolução.
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De qualquer maneira, o filme consegue cumprir seu propósito, com muitas cenas de pura adrenalina e perseguições eletrizantes, mas que trazem um apuro técnico que impressiona. A começar pela montagem em comunhão com a música, conforme já citado. A fotografia também é cuidadosa, dosando luzes e sombras, assim como os planos de direção nos deixam dentro do carro, com Baby.
Ansel Elgort continua com a cara de bom moço do Gus de A Culpa é das Estrelas, ainda que sua participação na série Divergente já desse indícios de que ele conseguiria construir um papel dúbio. Baby é um bom moço, mas com ações dúbias e, assim, funcionando perfeitamente em cena. É o ator que tem maior material para trabalhar sua personagem, já que os demais acabam sendo estereótipos com algumas nuanças. O que não é exatamente ruim, já que temos aqui ótimos atores que cumprem bem o seu papel.
O fato é que Em Ritmo de Fuga é um ótimo filme de ação, com doses de comédia e drama psicológico, além de um certo romance. Um filme maduro de Edgar Wright que vai além de sua trilogia de "sangue e sorvete" e da aventura Scott Pilgrim Contra o Mundo. Não necessariamente melhor que estes, mas demonstra que o diretor é capaz de vôos mais altos dentro do universo cinematográfico, não se restringindo a um nicho.
Em Ritmo de Fuga (Baby Driver, 2017/ EUA)
Direção: Edgar Wright
Roteiro: Edgar Wright
Com: Ansel Elgort, Jon Hamm, Eiza González, Lily James, Jamie Foxx, Kevin Spacey, Jon Bernthal
Duração: 112 min.