
Ainda que seu filme mais popular continue sendo o primeiro, Dois Filhos de Francisco, é possível perceber uma evolução na carreira de Breno Silveira. Com Entre Irmãs, ele demonstra amadurecimento no gênero e continua confirmando ser um ótimo diretor de atores, ainda que traga alguns exageros no tom e, principalmente, na duração da obra.
A história é baseada no livro "A Costureira e o Cangaceiro", de Frances de Pontes Peebles, e traduz-se em um épico bastante brasileiro. Duas irmãs, órfãs, criadas pela tia no interior de Pernambuco, têm visões diferentes da vida e do que as espera. Luzia, interpretada por Nanda Costa, tem um braço inutilizado por um acidente que quase a matou, não parece fazer muitos planos por causa disso, apenas vive um dia após o outro. Já Emília, interpretada por Marjorie Estiano, é romântica e sonhadora, deseja se casar com seu "príncipe encantado" e ir para a capital. Quando o bando do cangaceiro Carcará surge na região, o destino das duas se divide. Luzia é levada pelo bando e Emília se casa com um jovem de família rica, indo morar em Recife e entrando para a sociedade local.

É sintomático que seja exatamente Luzia, a que nada mais esperava da vida, que acabe encontrando um amor verdadeiro no capitão do bando, enquanto que a sonhadora Emília se vê em um casamento de aparências onde não exista de fato espaço para o amor. O fato de ambas serem costureiras, como a tia, traz ainda uma simbologia instigante das parcas costurando seus destinos, já que ambas não se contentam apenas com o que tem. Mesmo com o amor do capitão, Luzia quer mais. Mesmo sem o amor do marido, Emília busca sua felicidade.


Porém, o que chama a atenção mesmo no filme é o elenco. Em especial, as protagonistas Nanda Costa e Marjorie Estiano que estão impressionantes como Luzia e Emília, mas, em geral, todo o elenco traz ótimos momentos, a exemplo de Júlio Machado como Carcará ou Fábio Lago como seu braço direito Orelha. Mesmo participações como Cyria Coentro e Ângelo Antônio merecem destaque.
Entre Irmãs tem problemas de excessos, poderia ter uma duração mais curta, melhorando o ritmo de algumas cenas e retirando algumas tramas paralelas desnecessárias, mas é um melodrama maduro que consegue emocionar pela história bem contada e atuações que dão vida a personagens extremamente ricas. É bom ver o cinema nacional com obras assim.
Entre Irmãs (Entre Irmãs, 2017 / Brasil)
Direção: Breno Silveira
Roteiro: Patrícia Andrade
Com: Nanda Costa, Marjorie Estiano, Júlio Machado, Romulo Estrela, Leticia Colin, Cyria Coentro, Rita Assemany, Ângelo Antônio, Fábio Lago, Claudio Jaborandy
Duração: 135 min.