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Extraordinário

Extraordinário - filme

Baseado no livro de R.J. Palacio, Extraordinário consegue construir aquele equilíbrio de emoção que todo bom melodrama precisa atingir para não se tornar piegas. Isso já é uma grande vitória diante de uma obra que tinha tudo para escorregar em alguns exageros.

August Pullman, o Auggie, nasceu com uma deformidade genética que já o fez passar por diversas cirurgias plásticas. Ainda assim, seu rosto assusta quem o vê pela primeira vez. Seus pais tentaram protegê-lo o quanto puderam, mas chegou o momento dele ir para a escola pela primeira vez. Auggie vai ter que lidar com seus medos e reações adversas, mas ele não é o único a passar por isso.

Extraordinário - filmeTalvez o que torne o filme mais interesse é o fato dele não construir uma trama pautada na pena pelo garoto especial. Nem mesmo na tentativa de forçar o quão especial ele pode ser. O equilíbrio que o filme tenta buscar é nos mostrar que todos tem problemas e dificuldades na vida, uns em maiores ou menores graus. Com o protagonista não é diferente. Os roteiristas apenas nos fazem um convite para conhecê-lo melhor. E, com ele, conhecer também aqueles que o cercam.

Ao trazer pontos de vista múltiplos, a narrativa vai desmistificando maniqueísmos comuns em histórias assim e reforçando a necessidade de vermos Auggie como um ser humano igual aos outros. Capaz de nos emocionar e gerar admiração por seus feitos, não por ser digno de pena. O momento em que sua irmã conversa com ele sobre seu reinicio de aula é um bom exemplo disso. Assim como em outro momento em que ela o acorda dizendo que nem tudo "gira em torno dele".

Porque é natural que, ao termos alguém assim na família, a tendência seja tratá-lo diferente. O filme dosa bem essa noção, mostrando as consequência na vida da irmã mais velha e da mãe, principalmente, que praticamente abdicou da própria vida para viver em função do filho. Uma frase que a tradução fez perder um pouco o sentido define bem isso: "The family revolves around the sun... not daughter", construindo uma brincadeira com a palavra filho em inglês com o sol.

Extraordinário - filmeEsses pontos de reflexão diante de como reagimos às adversidades faz o filme crescer em profundidade sem esquecer que se trata de um melodrama, onde no final, a emoção é que conta, em diversos aspectos. Nos importamos com aquelas pessoas à medida que vamos conhecendo-as melhor. Nos envolvendo com suas emoções, seus conflitos e torcemos por seu sucesso. Jacob Tremblay confirma ser o excelente ator mirim, lidando com emoções extremamente fortes e duras de maneira convincente. Julia Roberts e Izabela Vidovic, mãe e irmã, respectivamente, também conseguem defender muito bem seus papéis e as relações daquela família. E mesmo Owen Wilson, sendo o alívio cômico, funciona bem para aquele núcleo e também tem seu momento de grande emoção.

O filme constrói um tom leve, ainda que lide com situações muitas vezes difíceis e nos traz um ponto de vista positivo da humanidade sem precisar criar um conto de fadas. Há realismo na maneira como o tema é abordado. E mesmo os momentos mais emocionantes são construídos com cuidado, sem exagero em trilha sonora ou planos que forcem a comoção. Podemos dizer que a direção de Stephen Chbosky é sutil ao lidar com o tema.

Com uma bela história de superação e uma mensagem positiva diante das adversidades, Extraordinário é mesmo um melodrama competente.


Extraordinário (Wonder, 2017 / EUA)
Direção: Stephen Chbosky
Roteiro: Stephen Chbosky, Steve Conrad, Jack Thorne
Com: Jacob Tremblay, Julia Roberts, Izabela Vidovic, Owen Wilson, Noah Jupe, Millie Davis, Daveed Diggs, Nadji Jeter, Danielle Rose Russell
Duração: 113 min.

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