
Quem tem mais de um filho ou mesmo tem um irmão sabe bem o drama que é a chegada de um novo membro na família. O filho anteriormente único, tem que aprender a dividir a atenção dos pais com o recém-chegado e o ciúmes é inevitável. O Poderoso Chefinho nada mais é do que uma metáfora desse momento.
Francis é um menino feliz, tem que tudo que quer, seus pais o amam e dedicam um bom tempo para ele. Sua principal característica é a imaginação, código que é explicado e admitido desde a apresentação do longa. Quando seus pais tem um novo bebê, essa criatividade para ver a realidade sob outra perspectiva é elevada ao extremo e ele passa a imaginar seu irmão como um bebê executivo que não apenas manda na casa, mas faz parte de uma conspiração.

Boa parte do roteiro do filme, então, é uma imaginação de uma criança de sete anos, o que justifica algumas tramas mirabolantes como a empresa de bebês e a briga com os Pets pela atenção dos humanos. É exagerado mesmo em muitos momentos e talvez isso acabe prejudicando um pouco a fruição da trama para os mais velhos, que não conseguem embarcar tão bem na viagem. A comparação com a imaginação e a realidade que acontecia na apresentação e no final, poderia ser melhor explorada para construir camadas mais interessantes.

Não há como negar que é divertido ver um bebezinho de terno dando ordens por aí com a voz de Alec Baldwin. E esse talvez seja o maior trunfo do filme. Porém, ainda que apresente as premissas da imaginação de Francis, faltam essas camadas com a realidade para que o público mais adulto também embarque na aventura, tal qual a Pixar sabe fazer tão bem. Da maneira que é apresentado, fica cansativo em diversos momentos.
O Poderoso Chefinho traz uma ótima metáfora do ciúmes entre irmãos e a imaginação infantil, mas não aprofunda a ideia. Por acabar abandonando a premissa na superfície para embarcar nas loucuras da imaginação do seu protagonista, acaba ficando aquém do que poderia. Ainda assim, é um filme divertido.
O Poderoso Chefinho (The Boss Baby, 2017 / EUA)
Direção: Tom McGrath
Roteiro: Michael McCullers
Duração: 97 min.