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José Walter Lima
Rogério Duarte, o Tropikaoslista
Rogério Duarte, o Tropikaoslista
Imagens, digressões, cor, luz, som. Falar de Rogério Duarte é costurar pensamentos e imagens que nortearam muito da cultura recente do país. Designer, músico, escritor, ele fez de tudo um pouco e participou de muitas obras fundamentais para o chamado movimento tropicalista brasileiro.
Como bem traduz o título do documentário de José Walter Lima, há o caos em sua criação que pulsa de maneira ilógica encontrando uma lógica própria e se imortaliza artisticamente. Como o cartaz do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol, onde o punhal acaba construindo uma simetria instigante, inclusive na disposição das letras. Ou nos versos de música que compôs junto a Gilberto Gil onde fala coisas como “Não tenho medo da vida, mas sim medo de viver”.
Ainda que o roteiro busque em muitos momentos simular esse pensamento anárquico, o filme, no entanto, acaba sendo enquadrado em uma tradição de documentários com depoimentos e imagens de arquivo. O que é uma pena, ainda que não invalide a experiência. Principalmente porque os depoimentos do artista são sempre repletos de emoção. É curioso também que eles vem de diversos momentos, alguns formais em um estúdio, outros andando por sua casa e até deitado na rede.
A estrutura da obra também acaba dispersando algumas questões que poderiam ser melhor exploradas como a importância de Glauber Rocha na vida do artista. Temos imagens diversas dos filmes do cineasta, intercalando os depoimentos e explicação sobre alguns cartazes. Mas a montagem perde o impacto por não pensar melhor a construção do efeito. Deixando apenas imagens soltas em muitos momentos. A própria parte em que ele se declara à Anecy Rocha fica quase didática. Ele fala e surgem imagens dela.
Há uma necessidade em explicar e apresentar todos os elementos que vão sendo utilizados. Quando muito do que o próprio movimento artístico propunha era liberdade de expressão, sensações, sentimentos, sem tantas regras e estruturas. O documentário acaba se constituindo em um limbo entre a tentativa de pensamento livre e uma eterna busca pele enquadramento de gênero.
De qualquer maneira, o documentário presta uma homenagem e deixa registrado a importância desse grande artista para a cultura brasileira. O que não deixa de ser uma função do cinema. Falecido em 13 de abril de 2016, Rogério Duarte deixa marcas em todas as manifestações artísticas do país. Era de fato um Tropikaoslista.
Rogério Duarte, o Tropikaoslista (2018 / Brasil)
Direção: José Walter Lima
Roteiro: José Walter Lima e Roberto Torres
Com: 88 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Rogério Duarte, o Tropikaoslista
2018-04-28T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
cinema brasileiro|critica|documentario|filme brasileiro|José Walter Lima|
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