Home
André Wilms
Andrea Pallaoro
Charlotte Rampling
cinema europeu
critica
drama
Stéphanie Van Vyve
Hannah
Hannah
Estreando no Festival de Veneza de 2017 de onde saiu com o prêmio de melhor atriz para Charlotte Rampling, Hannah é uma obra difícil de classificar, pois transita à margem de gêneros e fórmulas, ainda que siga uma certa cartilha.
Acompanhando a rotina de sua protagonista, o roteiro traz uma certa curva tradicional com ponto de ataque e clímax bem definidos, ainda que se estruture em um ritmo contemplativo e alternativo.
Vemos Hannah dividindo o seu tempo entre a aula de teatro, o trabalho como empregada doméstica e as noites solitárias em casa com sua cadela. Isso, após seu marido ser preso. Porém, o que seria o ponto de ataque da curva dramática da trama, não chega a construir um conflito a ser resolvido, de maneira clássica.
O que vemos na obra é uma atmosfera que paira no ar, como se tudo que importasse estivesse no não dito. No que não pode ser explicitado e nunca o é de fato, ainda que alguns acontecimentos tragam um certo clímax e cenas de fortes emoções em momentos chaves como um bolo de aniversário, um choro no banheiro ou uma descoberta atrás do armário.
A trama se sustenta na entrega de Charlotte Rampling em ser essa mulher que transita pelo mundo sem se permitir muitas emoções ou escolhas. Talvez por isso, as aulas de teatro, momento em que pode extravasar um pouco suas próprias frustrações.
Quase sem trilhas, com um desenho de som também bem minimalista, o filme busca um realismo do arrastar dos dias, do cansaço, até de uma certa falta de perspectiva. Construindo esse efeito de aproximação com a protagonista e busca por empatia. Há uma força e imersão na experiência que nos envolve.
Hannah não é um filme simples, não entrega seus segredos com facilidade e escolhe por deixar muita coisa no ar, subentendida. Pode soar cansativo e mesmo enfadonho em sua rotina, mas traz uma delicadeza e uma riqueza fílmica que chama a atenção para o jovem cineasta Andrea Pallaoro e já deixa expectativas para seu terceiro longa-metragem, Monica, que está em produção.
Hannah (Hannah, 2017 / Bélgica)
Direção: Andrea Pallaoro
Roteiro: Andrea Pallaoro, Orlando Tirado
Com: Charlotte Rampling, André Wilms, Stéphanie Van Vyve
Duração: 95 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Hannah
2018-08-05T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
André Wilms|Andrea Pallaoro|Charlotte Rampling|cinema europeu|critica|drama|Stéphanie Van Vyve|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
O desejo de todo ser humano é ser amado e se sentir pertencente a algo. Em um mundo heteronormativo, ser homossexual é um desafio a esse des...
-
Não confundam com o filme de terror de 1995 dirigido por Gregory Widen . Relembro hoje, Iron Jawed Angels , um filme da HBO sobre a luta p...
-
Tem uma propaganda em que a Dove demonstra como o padrão de beleza feminino é construído pelo mercado publicitário . Uma jovem com um rost...
-
Poucas obras na literatura evocam sentimentos tão contraditórios quanto O Morro dos Ventos Uivantes , o clássico gótico de Emily Brontë . A...
-
Muitos filmes eróticos já foram realizados. Fantasias sexuais, jogo entre dominação e dominado, assédios ou simplesmente a descoberta do pr...
-
A cada morte de um papa , o mundo aguarda na praça São Pedro, com olhares ansiosos para a chaminé que lançará uma fumaça preta ou branca ao ...
-
Encarar o seu primeiro longa-metragem não é fácil, ainda mais quando esse projeto carrega tamanha carga emocional de uma obra sobre sua mãe....
-
Em 1990, Uma Linda Mulher reconfigurou o conto de fadas de Cinderela ao nos apresentar um romance entre uma prostituta e um empresário de ...
-
O dia de hoje marca 133 anos do nascimento de John Ronald Reuel Tolkien e resolvi fazer uma pequena homenagem, me debruçando sobre sua vid...