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Coletiva Divaldo, o Mensageiro da Paz
Coletiva Divaldo, o Mensageiro da Paz
Um dos médiuns mais conhecidos e respeitados em todo o mundo, Divaldo Franco ganhou sua primeira cinebiografia ainda em vida. Divaldo, o Mensageiro da Paz, que estreia no dia 12 de setembro, parte da vida do líder espírita, mas foca na mensagem por ele propagada como defende o próprio diretor Clovis Mello, que esteve em Salvador para a pré-estreia da obra no dia 26 de agosto.
Participando de uma coletiva para a imprensa ao lado de Ghilherme Lobo, que interpreta Divaldo jovem, Mello falou um pouco sobre sua preocupação com o número crescente de suicídios entre jovens e como ele queria que o filme ajudasse a trabalhar essas questões. Algo que foi reforçado pelo ator que comentou sobre a importância daquela história. Confira abaixo os principais trechos desse bate-papo:
Coletiva de Imprensa – Divaldo, mensageiro da paz, com Clovis Mello e Ghilherme Lobo.
Sobre como surgiu a ideia para o filme. Clovis Mello – Esse filme chegou na produtora. Pediram a casa da Cine para uma coletiva de imprensa de um filme americano espírita. Eu perguntei se eles tinham outro. Eles falaram que tinham o de Divaldo. Não foi algo que procuramos. (...) Todo mundo vai chegar um momento da vida que vai descobrir para o que está nessa vida. Eu dirijo de tudo, comercial, circo, teatro. Eu fiz um primeiro filme com o texto de Nelson Rodrigues, A Vida Como Ela É, que não tem nada a ver, acho até que estou fazendo esse para me redimir dos meus pecados. Em algum momento, você se depara com uma missão, você entende que precisa usar aquele dom, aquele ofício, aquela oportunidade que Deus me deu na minha vida para construir algo que possa ser mais útil. Esse projeto me deu um norte.
Sobre como foi interpretar Divaldo Franco
Ghilherme Lobo - É uma responsabilidade grande você dar vida a alguém que está vivo e é muito legal pegar essa fase de Divaldo, que foi um momento da vida dele que é o mesmo dos jovens de hoje, por mais que tenha o fator da tecnologia, foi um encontro muito importante para mim. Mas como eu estava vivendo essa mesma fase da vida, eu acessei algo meu, que estava vivendo, por mais que fosse Divaldo Franco.
Sobre possíveis interferências de Divaldo no roteiroClovis Mello - O filme busca humanizar Divaldo. Eu disse a ele em nosso primeiro encontro que queria fazer um filme sobre a mensagem e não o mensageiro. E ele disse que era exatamente isso que ele queria. Não queria "nenhum tipo santificação, quero que seja um filme engraçado, porque eu sou engraçado, mas não quero nenhum protagonismo nessa história". (...) A maior preocupação que o Divaldo tem com os próximos acontecimentos da humanidade é que daqui a pouco a maior causa de morte no mundo vai ser o suicídio, em consequência da depressão. E você não vê muitas pessoas mais velhas se suicidando, o maior índice é entre os jovens. Então, esse filme é para esse público. Quando ele explica a doutrina espírita é mais para tirar o preconceito, porque tem muita gente que acha que o espiritismo não é cristão. E ela é uma doutrina cristã, não é bruxaria.
Sobre o stress da vida atual
Ghilherme Lobo - Hoje em dia a gente espera uma mensagem, fica o tempo todo olhando o celular, no tempo de Divaldo se a gente espera uma carta, não vai toda hora ir na caixa do correio ver se chegou, porque o carteiro só passa uma vez por semana. Essa pressa da nossa geração que gera essa ansiedade que acaba fazendo jovens se cobrar demais e até se matar por questões que não precisariam. Esse filme chegou para mim em um momento em que eu estava com questionamentos existenciais, uma questão de tempo mesmo de vontade de fazer algo de impacto, de a gente estar em constante evolução. Para o público da nossa faixa etária, quando a gente entende que nem tudo é definitivo, é passível de mudanças e está sujeito a acontecimentos da vida. E que por mais que você esteja bem, é um exercício diário, não é porque você alcançou que não está sujeito a algo.
Clovis Mello - Já vi muita gente receber alta de psicólogo e estar péssima. Tenho observado que chega um momento em que o paciente olha para o médico e sente que ele não está o entendendo mais e o médico também sente isso, aí dá alta. Porque enquanto a ciência e a religião não derem as mãos, enquanto os distúrbios emocionais forem vistos apenas do ponto de vista cerebral, enquanto não se entender que quem pensa é a mente do espírito, não tem solução. A solução é tomar redbull para acordar e rivotril para dormir? É isso que a gente vai ficar vivendo. Esse é um filme que tenta conectar essas duas realidades, ciência e religião. Essa era a minha intenção ao contar esse filme, não era contar a história de Divaldo, mas a história da mensagem.
Sobre escolhas da construção do roteiro
Clovis Mello - Eu tirei o discurso da boca do Divaldo para ele não virar um cara de vinte anos dando lição de moral por duas horas e coloquei na boca da Joanna (de Ângelis, mentora de Divaldo) porque ela é uma autoridade espiritual. E nesse momento da humanidade faz muito sentido pensar na série psicológica da Joanna de Ângelis. Eu estava lendo junto com um livro de Jung e tinha horas que eu não sabia se estava lendo Joanna ou Jung de tanto que as coisas conversam. Ela só começou a ditar isso quando Divaldo tinha 65 anos de idade e o filme termina com ele com 40 anos. Mas eu queria trazer essa mensagem para os jovens, como uma alternativa. Fazia muito sentido para mim.
Sobre projetos futuros
Clovis Mello - Tenho a ideia de tratar do espiritismo não como religião, mas sobre essa espiritualidade que está em nossa vida, não um filme de época, mas um filme de pessoas que estão vivendo a nossa época.
Ghilherme Lobo - Estou em um momento de transição, vou estudar fora do país, mais voltado para a dança, minha formação original, e não tenho como dizer agora o que vai acontecer.
Não podendo comparecer à coletiva pela tarde, Divaldo Franco prestigiou a pré-estreia à noite e fez uma declaração exclusiva para o CinePipocaCult sobre o que acha sobre o filme:
Divaldo Franco - Um filme importante, porque podemos mandar uma mensagem de esperança e de paz. A criatura humana que conquistou o universo não conquistou a si mesmo e através de uma mensagem de esperança, de alegria de viver e do bem que podemos fazer levantamos o ânimo das criaturas e nesse período de crise, tornamos o mundo melhor.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Coletiva Divaldo, o Mensageiro da Paz
2019-09-01T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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