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A Última Festa

A Última Festa filme

Filmes
sobre adolescentes tem sempre esse clima de passagem, indecisões, relacionamentos confusos e medos. Faz parte do universo daquelas personagens o amadurecimento e novas descobertas. Mas raros são os filmes que lidam com esse público com um respeito e verdade que vai além do estereótipo. Matheus Souza consegue um tom existencial que sempre parece dar um passo à mais. Em A última Festa não é diferente. 

Ainda que não exista como nos Estados Unidos uma tradição tão forte da formatura do “high school”, não tem como negar que é um ritual importante. Uma nítida passagem de fase. Fim dos tempos de escola, início da vida adulta, incertezas, perspectivas. E um dos pontos mais sensíveis nessa fase é a amizade. Será que o grupo da escola vai se manter diante de realidades tão distintas na universidade e futura profissão? 

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Nina, Marina, Bianca e Nathan formam aquele grupo típico de amigos que se unem em uma situação adversa e só fortalecem a amizade a cada dia. Mas a festa de formatura deles trará desafios e emoções diversas que colocam essa amizade em cheque. Algo clichê, mas que a progressão narrativa vai construindo em um tom natural que acaba nos envolvendo naquela balbúrdia e quase nos fazendo esquecer de que existe uma estrutura fílmica por trás da tela. 

Ainda que exista uma estrutura estereotipada nos conflitos, há também uma sensação de que tudo vai acontecendo de maneira natural. Sem querer dar spoilers, mas já tentando construir os argumentos que podem servir para muitas histórias já vistas, temos a tentativa do casal ter a primeira transa, os desafios do rapaz que quer chamar a atenção do garoto mais descolado e acaba tendo a ajuda do garoto “loser”. Ou da namorada com o namorado bêbado que descobre que está sendo traída e é ajudada por um desconhecido. Isso sem falar na garota que acabou com o namorado de anos e revela algo no final. 

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Tudo parece já ter sido explorado, visto em outras tramas. E tudo junto no mesmo roteiro e na mesma noite se intercalando na narrativa parece uma grande confusão dramatúrgica. Mas ao mesmo tempo, o universo adolescente é um pouco isso. Esse conjunto de clichês e medo que à medida que amadurecemos vemos que eram bobos. E tudo ao mesmo tempo agora. Por isso, essa sensação de verdade em cena. 

A câmera de Matheus segue como um voyeur o grupo construindo uma aproximação gradual. É interessante como começa vendo os três de costas e aos poucos vai aproximando a lente. Há uma busca por equilíbrio, mas nunca uma aproximação completa. Não nos tornamos parte do grupo, mesmo que testemunhando seus momentos mais íntimos. Há uma barreira que nos impede de conectar completamente com aquelas pessoas. Ou talvez seja a identificação com a faixa etária mesmo. Mas, o fato é que a direção não nos coloca no lugar dos protagonistas, nem mesmo com a narração de Nina. 

A Última Festa acaba sendo uma obra que pretende refletir sobre o coming of age. Tenta se revestir com uma filosofia a mais, começando com uma reflexão sobre o amor romântico e a maneira como somos criados para acreditar nisso. Mas, no fundo, é apenas um filme sobre adolescentes, seus medos e seus desejos. E tudo bem.


A Última Festa (2023 / Brasil)
Direção: Matheus Souza
Roteiro: Matheus Souza
Com: Marina Moschen, Christian Malheiros, Thalita Meneghim, Giulia Gayoso
Duração: 100 min.

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