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Fica comigo esta noite

No dia de Finados, trago um filme controverso de João Falcão, o mesmo diretor de A Máquina, mais uma vez adaptando uma peça de teatro para o cinema. A comédia é divertida, dinâmica e completamente nonsense, bem no estilo debochado do diretor.

A história gira em torno do casal Edu e Laura, que estão passando por uma crise conjugal. Sempre que a discussão começa a ficar séria, Edu se finge de morto, o que começa a irritar a moça. No dia em que Laura não acredita, é exatamente quando ele morre repentinamente. Sua luta, então, é para se comunicar com a amada, se despedir e descobrir o que ela queria falar com ele. Para isso, conta com a ajuda de um defunto muito estranho. O homem do sotão, o fantasma do coração de pedra, que ele sempre temeu em sua infância, interpretado muito bem por Gustavo Falcão.

A comédia mistura música, diálogos escrachados e romance, levando o público a sensações diversas. Uma das melhores cenas do longa é o velório de Edu, que tem a participação de Zéu Brito como um agente funerário esquisito e faz uma referência direta ao filme Os fantasmas se divertem. A mistura de exoterismo e realidade alterada também contribuem para que o espectador compre o argumento do filme, sem questionar muito alguns detalhes.

Na verdade, o filme começa com Edu se apresentando ao público, já como morto, em narração over e aos poucos vai contando sua história. "O que você faria se soubesse que hoje é o seu último dia de vida?" Além da estética surreal e clipes musicais, o filme trabalha com a dicotomia entre o homem pop que parece não ter crescido e a mulher erudita, uma espécie de Eduardo e Mônica estilizado. O primeiro encontro dos dois é em uma biblioteca, ele vendo quadrinhos, fã de Frank Miller e Neil Gaiman e ela fã de Fernando Pessoa.

A estética desses dois mundos é construída na fluição da história de uma maneira interessante, mas logo se perde, quando cai nas regras da comédia romântica. Os atores Vladimir Brichta e Aline Moraes parecem não achar o tom dos personagens. Ficam em cima do muro entre o universo estranho que o diretor imprime à história e o romance clássico, tornando algumas cenas maçantes.

Para completar, o final parece jogado na tela sem muito cuidado, tornando a resolução vazia e mesmo previsível. Principalmente pela revelação da identidade do anjo da guarda e do fantasma do sotão. No geral, no entanto, é uma boa diversão para o feriado.

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