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Rock of Ages

Rock of AgesNa época de Nine, fiz um questionamento ao final da crítica  sobre o espaço que ainda existiria para musicais em Hollywood. Parecia que o público não suportava mais esse tipo de narrativa, onde a cena é construída através dos atores cantando em vez de declamando os diálogos. Aí, veio o seriado Glee e seu sucesso estrondoso para quebrar quaisquer expectativas. Tanto que outras séries fizeram episódios musicais a exemplo de Grey´s Anatomy. A conclusão, então, é que musical ou não, o que prende o público são bons personagens e boas histórias e, apostando nisso, Adam Shankman leva às telas mais um musical da Broadway: Rock of Ages.

Rock of AgesPara um filme que pretende provar que o rock está vivo, há muito romance e pouca loucura, é verdade. A primeira cena, mesmo, assusta um pouco. Muitos clássicos como "Rock And Roll All Night" ficam de fora, mas o espírito está ali, principalmente nos personagens secundários. Na verdade Rock of Ages tenta agradar a todos os públicos e, por isso, escala o casalzinho Julianne Hough e Diego Boneta como protagonistas, dando um tom clean (leia-se Glee) para o musical que tem um tom irônico interessante, exagerando um pouco na quantidade de músicas, mas nem por isso, deixando de ser divertido.

Julianne Hough é Sherrie Christian, uma jovem do interior que vai para Los Angeles com um sonho de ser cantora. Lá conhece o garoto Drew Boley, vivido por Diego Boneta, que também sonha em ser um astro do rock. O amor dos dois vai enfrentar desafios à medida em que eles também tentam fazer seus sonhos se tornarem realidade. Só que em paralelo, há uma briga pela moral e bons costumes que ameaça o bar, que é o reduto do rock n´roll, mais famoso da cidade, administrado por Dennis Dupree, personagem de Alec Baldwin. E o destino de todos, parece depender do astro Stacee Jaxx, em uma interpretação louvável de Tom Cruise.

Rock of AgesLendo o parágrafo acima, é possível imaginar que o filme Rock of Ages é mais um clichê requentado. Há tons disso, é verdade, mas o que faz desse musical algo digno é o tom irônico. Em nenhum momento, a trama se leva a sério. Há piadas dos próprios clichês como quando o personagem de Alec Baldwin conhece a personagem de Julianne Hough e diz que é mais uma garota do interior que cantava na paróquia, uma tia disse que tinha talento e ela acreditou. Ou a chegada da personagem na cidade, com uma música que dá boas vindas ao paraíso, enquanto que as imagens mostram o submundo, violência, decadência.

Rock of AgesIsso sem falar na figura icônica de Stacee Jaxx. Independente de Tom Cruise estar a cara de Axl Rose e o filme abrir com Paradise City, há ali uma metáfora dos astros do rock em geral. Uma metáfora exagerada, estereotipada, é verdade, mas com boas doses de crítica verdadeira. Há o excesso de drogas, os objetos exóticos no camarim, o tom de deboche com os reles mortais. E claro, o fanatismo excessivo que vê desmaios por onde ele passa. Tom Cruise acaba sendo o ator perfeito para aquele papel, o objeto sexual de muitas gerações e todo o cansaço que isso acaba trazendo para sua vida íntima vazia. Não deixa de haver uma crítica a isso também.

Mas, o que chama a atenção mesmo em Rock of Ages, claro, são as músicas. Não apenas a utilização de músicas ícones da história do rock, mas os próprios mashups que criam guerras como a que vemos na porta do bar entre roqueiros e beatas. Ou junções perfeitas de Diego Boneta no palco e Julianne Hough no lado de fora, unindo músicas improváveis e ajudando na narrativa. É impossível não conhecer, cantar ou se identificar com alguma delas. Porém, o excesso acaba incomodando a quem gostaria de ver um filme em vez de um show musical. Poucos são os diálogos, e tudo é uma deixa para que alguém cante a próxima música.

Rock of AgesAinda assim, o ritmo imposto pelo musical acaba nos envolvendo e contagiando. É possível até relevar o fraco romance dos protagonistas e suas peripécias cansativas. E é possível também se interessar pela trama secundária do astro com a repórter da Revista Rolling Stone. Já a trama de resgate da moral e bons costumes da personagem de Catherine Zeta-Jones soa deslocada e sem grandes atrações, ainda que a atriz esteja bem como sempre. E não deixa de ser inusitado também ver Alec Baldwin em um papel de roqueiro decadente e divertido.

Rock of Ages é uma grande brincadeira. Uma possibilidade de extravasar que traz um pouco do espírito do rock n´roll dos anos 80, adaptados para o século atual (ainda que o filme se passe em 1987), com forte inspiração no seriado Glee, muita ironia e alguns ótimos números. Sem grandes expectativas, nem exigências. Simplesmente, let´s rock.



Rock of Ages (Rock of Ages, 2012 / EUA)
Direção: Adam Shankman
Roteiro: Justin Theroux e Chris D'Arienzo
Com: Julianne Hough, Diego Boneta, Tom Cruise, Alec Baldwin, Catherine Zeta-Jones, Russel Brand e Malin Akerman
Duração: 123 min

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