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Cinema Baiano no Panorama - Parte 2

XI Panorama Internacional Coisa de CinemaO Panorama encerrou ontem com mais um filme baiano, o longa-metragem Travessia de João Gabriel, ainda falarei sobre ele, assim como um balanço do Festival como um todo, mas, hoje, continuo a jornada pelos filmes baianos que passaram pelo Festival, dando atenção especial à Competitiva Baiana.

Faz-se Filmes (BA, 99', 2015)

de Violeta Martinez

Faz-se FilmesFaz-se Filmes é um ótimo projeto. Uma equipe de audiovisual viaja por 11 cidades no interior da Bahia fazendo filmes com a população local. Qualquer formato é permitido, basta uma ideia e uma vontade de ser o diretor da obra.

Assim, Violeta Martinez e sua equipe foram redescobrindo a Bahia em cidades variadas em uma experiência que parece ter sido incrível e de uma diversidade cultural extrema. Enquanto projeto, nos empolga e nos dá vontade de ver o resultado dos 11 curta-metragens produzidos. Enquanto documentário, no entanto, fica muito a desejar.

Na verdade, a obra que vemos é apenas um registro, com pouco esforço de pensar a obra como um produto em si e que fica cansativo pela repetição cíclica do processo. Percebe-se o esforço de agrupar as cidades em projetos parecidos, como dois filmes de terror, dois documentários, duas cidades onde tiveram problemas, etc. Mas, não vai muito além disso.

De qualquer maneira, é extremamente válido por nos apresentar essa bela iniciativa. Impressiona o fato de, em apenas duas cidades, ter dado quase errado e a maneira como, independente das referências e vivências, sempre temos algo a ser dito e tudo acaba sendo rico culturalmente.

Faz-se Filmes, então, não chega a ser um documentário que nos impressiona, mas documenta algo que nos encantamos em conhecer e gostaríamos de ver mais.


Haram (BA, 13', 2015)

de Max Gaggino

Haram - filmeVencedor do Kikito de Prêmio Especial do Júri no último Festival de Gramado, Haram chama a atenção pela inocência do olhar de uma criança de um mundo que ela desconhece.

A pequena Felicia olha pela janela de sua casa e vê uma mulher coberta com um pano preto. Sua vizinha, Salwa, uma muçulmana fugida da Palestina. Ela não entende aquilo, que em sua visão faz calor. Ela não tem censura em seus pensamentos e larga que alguém sempre diz que “esconder o corpo de uma mulher é que é pecado” quando a estranha lhe explica o que é “haram”. E ela conquista aquela estranha mulher com essa simplicidade.

O curta-metragem não possui muitos atrativos estéticos, mas aquele diálogo, aquele choque cultural e aquela espontaneidade diante de um tabu nos conquista.


O Amor dos Outros (BA, 111', 2015)

de Deo

O Amor dos Outros - filmeCom enorme sucesso na internet com o canal de humor +1 Filmes, Deo e Moara se arriscam no primeiro longametragem da dupla. O diretor e a produtora conseguem contar uma história que nos deixa presos e curiosos principalmente pela escolha de apresentá-la de traz para frente.

Não é novidade esse recurso, outros roteiristas já fizeram e sempre surte efeito, principalmente porque nosso cérebro vai tentando juntar as peças do quebra-cabeça e recontar mentalmente a história na ordem crescente.

Esse é um dos trunfos de O Amor dos Outros, junto com as boas atuações que conduzem aquela trama com naturalidade e envolvimento. Mas, no fundo, não há nada demais ali, apenas um registro de um acontecimento na vida de um rapaz que acaba de se separar e precisa de um novo rumo na vida.

O Amor dos Outros - filmeironia no texto, há muitas referências ao universo baiano e há boas questões filosóficas, como toda boa comédia crítica. Falta, no entanto, um apuro técnico na linguagem cinematográfica em si. Desde a decupagem dos planos e movimentos de câmera até, principalmente, na finalização do som.

O próprio diretor explicou no debate que teve um problema com a cópia final e por isso a banda sonora foi prejudicada, mas para quem vê em tela sem essa explicação fica um filme pobre nesse sentido, com apenas diálogos, sem som ambiente, em um silêncio que incomoda, não de maneira provocadora.

De qualquer maneira, é um filme que chama a atenção. Poderia ser muito melhor, mas temos ali uma boa história que nos mostra o potencial de Deo para vôos mais altos.


Filmes vistos no XI Panorama Internacional Coisa de Cinema

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