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Macbeth: Ambição e Guerra
Macbeth: Ambição e Guerra
Baseado na peça de William Shakespeare, Macbeth foi aplaudido de pé por dez minutos em sua apresentação no Festival de Cannes 2015. O filme realmente enche os olhos com uma atmosfera sombria, boas atuações, e claro, um texto intenso que nos faz pensar na natureza humana e suas ambições.
É um filme, antes de tudo, belo. Belo em sua crueza de mundo e na maneira como homens podem se corromper por promessas de riquezas. Há também o velho jogo do oráculo e que ninguém foge ao seu destino por mais esperto que queira ser. Tudo que faz para fugir dele acaba o levando de volta ao inevitável.
Macbeth era um guerreiro fiel e justo, mas ao ouvir o presságio de que seria rei se torna um tirano. Sendo ainda influenciado por Lady Macbeth, que parece ainda mais envolta nas sombras do desejos que acredita inócuos, quando na verdade, são o que levam seu marido à perdição.
Isso é o mais curioso nos textos de Shakespeare, por mais antigos em sua concepção, continuam atuais e universais, por falarem de valores humanos. Suas histórias não são específicas, por isso, também serviram de inspiração para boa parte das histórias que conhecemos, vide Romeu e Julieta que inspira praticamente todas as histórias de amor proibido. São arquétipos capazes de nos levar além da própria trama.
Sua linguagem rebuscada, no entanto, acaba soando estranha quando levada às telas do cinema na íntegra. Parece fora de contexto, como uma grande encenação diante de um mundo que busca realismo. Aqui há momentos assim, quando personagens discursam sobre o destino, sozinhos ou em meio a multidões. Mas, no caso deste filme, acaba não sendo algo ruim, pois contribui para a poesia composta em imagens.
Justin Kurzel constrói uma linguagem realista da Escócia da época. Cenários, figurinos, atmosfera medievais nos transportam para aquela realidade, mas há sempre um tom onírico. A leve penumbra que permeia toda tela, o tom da profecia, a postura das personagens nos levam a essa realidade suspensa onde discursos e elucubrações se tornam possíveis. E caminhamos juntos nessa mescla de fábula e realidade.
As atuações também são extremamente seguras e verdadeiras, ainda que em postura teatral, conseguem naturalizar as falas e expressões em cena. Michael Fassbender consegue nos passar a angústia de um homem em duelo com sua própria consciência, assim como Marion Cotillard nos apresenta sua angústia contida e poder de influenciar. E Paddy Considine consegue nos apresentar um Banquo fiel e crente, percebendo as nuanças em sua virada na trama.
Macbeth: Ambição e Guerra é um filme intenso que nos faz sair da sala pensativos, mas também encantados pela composição artística que acabamos de presenciar. Provavelmente, foi esse sentimento que fez a plateia em Cannes ovacioná-lo com tanto entusiasmo.
Macbeth: Ambição e Guerra (Macbeth, 2015)
Direção: Justin Kurzel
Roteiro: Jacob Koskoff, Michael Lesslie , Todd Louiso
Com: Michael Fassbender, Marion Cotillard, Jack Madigan, David Thewlis, Paddy Considine
Duração: 113 min.
É um filme, antes de tudo, belo. Belo em sua crueza de mundo e na maneira como homens podem se corromper por promessas de riquezas. Há também o velho jogo do oráculo e que ninguém foge ao seu destino por mais esperto que queira ser. Tudo que faz para fugir dele acaba o levando de volta ao inevitável.
Macbeth era um guerreiro fiel e justo, mas ao ouvir o presságio de que seria rei se torna um tirano. Sendo ainda influenciado por Lady Macbeth, que parece ainda mais envolta nas sombras do desejos que acredita inócuos, quando na verdade, são o que levam seu marido à perdição.
Isso é o mais curioso nos textos de Shakespeare, por mais antigos em sua concepção, continuam atuais e universais, por falarem de valores humanos. Suas histórias não são específicas, por isso, também serviram de inspiração para boa parte das histórias que conhecemos, vide Romeu e Julieta que inspira praticamente todas as histórias de amor proibido. São arquétipos capazes de nos levar além da própria trama.
Sua linguagem rebuscada, no entanto, acaba soando estranha quando levada às telas do cinema na íntegra. Parece fora de contexto, como uma grande encenação diante de um mundo que busca realismo. Aqui há momentos assim, quando personagens discursam sobre o destino, sozinhos ou em meio a multidões. Mas, no caso deste filme, acaba não sendo algo ruim, pois contribui para a poesia composta em imagens.
Justin Kurzel constrói uma linguagem realista da Escócia da época. Cenários, figurinos, atmosfera medievais nos transportam para aquela realidade, mas há sempre um tom onírico. A leve penumbra que permeia toda tela, o tom da profecia, a postura das personagens nos levam a essa realidade suspensa onde discursos e elucubrações se tornam possíveis. E caminhamos juntos nessa mescla de fábula e realidade.
As atuações também são extremamente seguras e verdadeiras, ainda que em postura teatral, conseguem naturalizar as falas e expressões em cena. Michael Fassbender consegue nos passar a angústia de um homem em duelo com sua própria consciência, assim como Marion Cotillard nos apresenta sua angústia contida e poder de influenciar. E Paddy Considine consegue nos apresentar um Banquo fiel e crente, percebendo as nuanças em sua virada na trama.
Macbeth: Ambição e Guerra é um filme intenso que nos faz sair da sala pensativos, mas também encantados pela composição artística que acabamos de presenciar. Provavelmente, foi esse sentimento que fez a plateia em Cannes ovacioná-lo com tanto entusiasmo.
Macbeth: Ambição e Guerra (Macbeth, 2015)
Direção: Justin Kurzel
Roteiro: Jacob Koskoff, Michael Lesslie , Todd Louiso
Com: Michael Fassbender, Marion Cotillard, Jack Madigan, David Thewlis, Paddy Considine
Duração: 113 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Macbeth: Ambição e Guerra
2016-01-09T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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