Cadê Che?
Após meses de espera, negociação com a Europa Filmes e adiamento da estreia, Che chegou as salas brasileiras, mas para minha decepção não veio ainda para Salvador, apesar do jornal dizer que o filme estreou no país. O filme fez sucesso em Cannes e foi ignorado no Oscar, tendo dificuldades em acertar a distribuição nos Estados Unidos, principalmente por ser um filme feito em espanhol. Steven Soderbergh criticou em Cannes o que ele chamou de ditadura do inglês, “Espero que algum dia termine [...] e possamos filmar histórias no idioma em que aconteceram”, ele falou, “Não se pode fazer um filme com um mínimo de credibilidade sobre esse assunto sem que ele seja falado em espanhol”, completou.
Falar sobre Ernesto Guevara no cinema não é novidade. Dezoito filmes já foram produzidos sobre o guerrilheiro. A novidade em Che é o prisma sob o qual é contado. Não vou endossar as críticas que dizem que o filme quer vangloriar a imagem de Guevara, acredito até que este se mostre bastante frio em suas decisões, sem a imagem romanceada que muitos divulgam. Além disso, é uma visão do mundo, o filme é produzido e estrelado pelo porto-riquenho Benício del Toro, tem atores de diversas partes do mundo e um diretor americano. Não levanta uma bandeira, apenas mostra fatos.
O filme tem duas partes, Che - O Argentino, que mostra desde seu encontro com Fidel Castro até a vitória na ilha, sendo mostrado em paralelo com cenas futuras de Che Guevara nos Estados Unidos e na reunião da ONU. E Che - A Guerrilha, que mostra a tentativa de Che em expandir os ideais por toda a América Latina, sendo morto na Bolívia. Ambos são baseados nos relatos do próprio protagonista ‘Reminiscências da Guerra Revolucionária’ e ‘O Diário do Che na Bolívia’, respectivamente, primeira e segunda parte do filme. E conta em detalhes o ocorrido, em um clima quase documental.
Steven Soderbergh imprime uma direção delicada, com belos enquadramentos e mostrando um contraste interessante entre as cenas da floresta , sempre com muito verde, colorido, demonstrando a esperança daqueles guerrilheiros em construir um país melhor. E a parte dos Estados Unidos e na reunião da ONU, onde o filme é todo em preto e branco, mostrando a realidade fria que espera Ernesto Guevara.
Benicio del Toro está muito bem no papel do médico guerrilheiro, justificando o prêmio de melhor ator em Cannes. Ele consegue transmitir a dureza do personagem, um excelente estrategista, com posições claras e que não vacila. Mas, sem "perder a ternura" do idealista e humanista. Porque somos brasileiros, vai o destaque também para Rodrigo Santoro na pele de Raul, irmão de Fidel Castro e atual presidente de Cuba. Nas poucas cenas em que aparece, Santoro defende bem o seu papel, em um espanhol com um pouco de sotaque, mas ainda assim, bem interpretado.
A segunda parte do filme está prevista entre final de abril e início de maio, espero que até lá, Salvador se lembre de exibir esta que é uma grande produção mundial.
Falar sobre Ernesto Guevara no cinema não é novidade. Dezoito filmes já foram produzidos sobre o guerrilheiro. A novidade em Che é o prisma sob o qual é contado. Não vou endossar as críticas que dizem que o filme quer vangloriar a imagem de Guevara, acredito até que este se mostre bastante frio em suas decisões, sem a imagem romanceada que muitos divulgam. Além disso, é uma visão do mundo, o filme é produzido e estrelado pelo porto-riquenho Benício del Toro, tem atores de diversas partes do mundo e um diretor americano. Não levanta uma bandeira, apenas mostra fatos.
O filme tem duas partes, Che - O Argentino, que mostra desde seu encontro com Fidel Castro até a vitória na ilha, sendo mostrado em paralelo com cenas futuras de Che Guevara nos Estados Unidos e na reunião da ONU. E Che - A Guerrilha, que mostra a tentativa de Che em expandir os ideais por toda a América Latina, sendo morto na Bolívia. Ambos são baseados nos relatos do próprio protagonista ‘Reminiscências da Guerra Revolucionária’ e ‘O Diário do Che na Bolívia’, respectivamente, primeira e segunda parte do filme. E conta em detalhes o ocorrido, em um clima quase documental.
Steven Soderbergh imprime uma direção delicada, com belos enquadramentos e mostrando um contraste interessante entre as cenas da floresta , sempre com muito verde, colorido, demonstrando a esperança daqueles guerrilheiros em construir um país melhor. E a parte dos Estados Unidos e na reunião da ONU, onde o filme é todo em preto e branco, mostrando a realidade fria que espera Ernesto Guevara.
Benicio del Toro está muito bem no papel do médico guerrilheiro, justificando o prêmio de melhor ator em Cannes. Ele consegue transmitir a dureza do personagem, um excelente estrategista, com posições claras e que não vacila. Mas, sem "perder a ternura" do idealista e humanista. Porque somos brasileiros, vai o destaque também para Rodrigo Santoro na pele de Raul, irmão de Fidel Castro e atual presidente de Cuba. Nas poucas cenas em que aparece, Santoro defende bem o seu papel, em um espanhol com um pouco de sotaque, mas ainda assim, bem interpretado.
A segunda parte do filme está prevista entre final de abril e início de maio, espero que até lá, Salvador se lembre de exibir esta que é uma grande produção mundial.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Cadê Che?
2009-04-01T10:41:00-03:00
Amanda Aouad
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