Woody AllenA promessa, no entanto, não se confirmou e Woody Allen não resistiu em aparecer em Scoop. Mesmo voltando a ficar apenas atrás das telas em O Sonho de Cassandra, não conseguiu chegar perto do resultado de Match Point. Isso acabou decepcionando fãs e crítica que esperavam algo melhor do diretor. Então, veio Vicky Cristina Barcelona. Abandonando Londres (cenário dos três outros filmes), Woody Allen desembarcou na alegria e colorido da cidade espanhola tal qual as protagonistas do título.
O filme conta a história de Cristina e Vicky, duas americanas que vão passar as férias em Barcelona, na casa de parentes de Vicky. Enquanto Cristina é uma mulher dividida, sem definição profissional e em busca de um amor idealizado, Vicky é tipicamente metódica, vê a vida de forma prática, está prestes a se casar com um homem bem sucedido e equilibrado, está terminando o mestrado sobre a cidade Catalã e não gosta de correr riscos. Tudo muda quando as duas conhecem o pintor Juan Antonio, um homem sedutor, recém separado de Maria Elena, que vai se envolver e mexer nas estruturas de ambas. A história é amparada por uma narração em off constante que destoa em diversos momentos, quebrando o ritmo da piada. Em outros torna-se necessária, já que o filme imprime um estilo literário e só é possível conhecer a profundidade de cada personagem através de sua apresentação em off.
Um dos grandes atributos de Woody Allen sempre foi explorar a atuação, com cenas desafiadoras e trabalhos constantes. O elenco do filme, no entanto, não parece ter bebido da mesma fonte do diretor, com atuações quase mortas, a exceção de Penélope Cruz que abraça sua louca Maria com paixão. Sua atuação, no entanto, não faz nem sombra a Kate Winslet que mereceu todos os prêmios do ano.No geral, a direção de Vicky Cristina Barcelona é eficiente. Você pode não gostar do estilo Allen de ser, mas não pode negar que ele seja competente no que faz. É interessante perceber os detalhes dos enquadramentos, mostrando a confusão de Cristina, sempre entre a razão e a paixão. Sua personagem é a metáfora do contraste entre o estilo americano e europeu de ser. Allen também utiliza a fusão nas cenas em que Vicky acaba cedendo a Juan, simbolizando a mistura dos dois mundos. Esta ideia está sempre na mente e na lente do diretor.
Sendo assim, é um bom filme, mas não chega aos pés do surpreendente Match Point e não acredito que irá figura entre as grandes obras do autor.

