Vicky Cristina Barcelona
Woody Allen é daqueles tipos de diretores que não tem meio termo, ou você ama ou odeia. Ou acha um gênio, ou acha um saco. Isso nos seus mais de cinquenta anos de cinema, onde ele atuava, dirigia e escrevia seus filmes, criando clássicos como A Era do Rádio, Noivo neurótico, noiva nervosa ou A Rosa Púrpura do Cairo. Era um estilo próprio, sempre retratando a cidade de Nova York, deixando uma marca registrada. Porém, em 2005 ele inovou com um inusitado Match Point e pareceu que iria iniciar uma nova carreira de sucesso. Com um suspense inteligente e verdadeiramente surpreendente Allen trouxe as telas um lado mais sombrio, realista e questionador. Para mim, o melhor filme dele.
A promessa, no entanto, não se confirmou e Woody Allen não resistiu em aparecer em Scoop. Mesmo voltando a ficar apenas atrás das telas em O Sonho de Cassandra, não conseguiu chegar perto do resultado de Match Point. Isso acabou decepcionando fãs e crítica que esperavam algo melhor do diretor. Então, veio Vicky Cristina Barcelona. Abandonando Londres (cenário dos três outros filmes), Woody Allen desembarcou na alegria e colorido da cidade espanhola tal qual as protagonistas do título.
O filme conta a história de Cristina e Vicky, duas americanas que vão passar as férias em Barcelona, na casa de parentes de Vicky. Enquanto Cristina é uma mulher dividida, sem definição profissional e em busca de um amor idealizado, Vicky é tipicamente metódica, vê a vida de forma prática, está prestes a se casar com um homem bem sucedido e equilibrado, está terminando o mestrado sobre a cidade Catalã e não gosta de correr riscos. Tudo muda quando as duas conhecem o pintor Juan Antonio, um homem sedutor, recém separado de Maria Elena, que vai se envolver e mexer nas estruturas de ambas. A história é amparada por uma narração em off constante que destoa em diversos momentos, quebrando o ritmo da piada. Em outros torna-se necessária, já que o filme imprime um estilo literário e só é possível conhecer a profundidade de cada personagem através de sua apresentação em off.
Um dos grandes atributos de Woody Allen sempre foi explorar a atuação, com cenas desafiadoras e trabalhos constantes. O elenco do filme, no entanto, não parece ter bebido da mesma fonte do diretor, com atuações quase mortas, a exceção de Penélope Cruz que abraça sua louca Maria com paixão. Sua atuação, no entanto, não faz nem sombra a Kate Winslet que mereceu todos os prêmios do ano.
No geral, a direção de Vicky Cristina Barcelona é eficiente. Você pode não gostar do estilo Allen de ser, mas não pode negar que ele seja competente no que faz. É interessante perceber os detalhes dos enquadramentos, mostrando a confusão de Cristina, sempre entre a razão e a paixão. Sua personagem é a metáfora do contraste entre o estilo americano e europeu de ser. Allen também utiliza a fusão nas cenas em que Vicky acaba cedendo a Juan, simbolizando a mistura dos dois mundos. Esta ideia está sempre na mente e na lente do diretor.
Sendo assim, é um bom filme, mas não chega aos pés do surpreendente Match Point e não acredito que irá figura entre as grandes obras do autor.
A promessa, no entanto, não se confirmou e Woody Allen não resistiu em aparecer em Scoop. Mesmo voltando a ficar apenas atrás das telas em O Sonho de Cassandra, não conseguiu chegar perto do resultado de Match Point. Isso acabou decepcionando fãs e crítica que esperavam algo melhor do diretor. Então, veio Vicky Cristina Barcelona. Abandonando Londres (cenário dos três outros filmes), Woody Allen desembarcou na alegria e colorido da cidade espanhola tal qual as protagonistas do título.
O filme conta a história de Cristina e Vicky, duas americanas que vão passar as férias em Barcelona, na casa de parentes de Vicky. Enquanto Cristina é uma mulher dividida, sem definição profissional e em busca de um amor idealizado, Vicky é tipicamente metódica, vê a vida de forma prática, está prestes a se casar com um homem bem sucedido e equilibrado, está terminando o mestrado sobre a cidade Catalã e não gosta de correr riscos. Tudo muda quando as duas conhecem o pintor Juan Antonio, um homem sedutor, recém separado de Maria Elena, que vai se envolver e mexer nas estruturas de ambas. A história é amparada por uma narração em off constante que destoa em diversos momentos, quebrando o ritmo da piada. Em outros torna-se necessária, já que o filme imprime um estilo literário e só é possível conhecer a profundidade de cada personagem através de sua apresentação em off.
Um dos grandes atributos de Woody Allen sempre foi explorar a atuação, com cenas desafiadoras e trabalhos constantes. O elenco do filme, no entanto, não parece ter bebido da mesma fonte do diretor, com atuações quase mortas, a exceção de Penélope Cruz que abraça sua louca Maria com paixão. Sua atuação, no entanto, não faz nem sombra a Kate Winslet que mereceu todos os prêmios do ano.
No geral, a direção de Vicky Cristina Barcelona é eficiente. Você pode não gostar do estilo Allen de ser, mas não pode negar que ele seja competente no que faz. É interessante perceber os detalhes dos enquadramentos, mostrando a confusão de Cristina, sempre entre a razão e a paixão. Sua personagem é a metáfora do contraste entre o estilo americano e europeu de ser. Allen também utiliza a fusão nas cenas em que Vicky acaba cedendo a Juan, simbolizando a mistura dos dois mundos. Esta ideia está sempre na mente e na lente do diretor.
Sendo assim, é um bom filme, mas não chega aos pés do surpreendente Match Point e não acredito que irá figura entre as grandes obras do autor.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Vicky Cristina Barcelona
2009-04-24T12:34:00-03:00
Amanda Aouad
critica|drama|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
O Soterópolis programa cultural da TVE Bahia, fez uma matéria muito interessante sobre blogs baianos. Esta que vos fala deu uma pequena con...
-
Clint Eastwood me conquistou aos poucos. Ele sabe como construir um filme que emociona e, agora, parece ter escolhido Matt Damon como seu ...
-
Eletrizante é a melhor palavra para definir esse filme de Tony Scott . Que o diretor sabe fazer filmes de ação não é novidade, mas uma tra...
-
Entre os dias 24 e 28 de julho, Salvador respira cinema com a sétima edição da Mostra Lugar de Mulher é no Cinema. E nessa edição, a propost...
-
O CinePipocaCult adverte: se você sofre de claustrofobia, síndrome do pânico ou problemas cardíacos é melhor evitar esse filme. Brincadeiras...
-
Cinema Sherlock Homes O filme de destaque atualmente é esta releitura do clássico do mistério pelas mãos de Guy Ritchie. O ex de Madonna p...
-
A cena que vamos detalhar, do filme Tubarão (1975), é um dos momentos mais emblemáticos do filme dirigido por Steven Spielberg. Nessa se...
-
Oldboy , dirigido por Park Chan-wook , é um filme sul-coreano que se destaca como um dos grandes tesouros do cinema contemporâneo. Com uma ...
-
Encontro Marcado (1998), dirigido por Martin Brest , é um filme que provoca sentimentos ambíguos. Com uma narrativa que entrelaça romance ...