Filhas do Vento
A Rede Globo exibe na madrugada de hoje Filhas do Vento. Único filme de ficção de Joel Zito Araújo até então, o longa ganhou diversos prêmios como 32º Festival de Gramado, de onde saiu vencedor de 8 Kikitos. Mesmo assim, é um filme polêmico, onde uns adoram e outros não suportam, como o crítico Rubens Ewald Filho que insinuou que os prêmios de Gramado foram dados apenas porque o elenco era todo negro.
O filme é panfletário da causa negra, não há como negar. Joel Zito Araújo sempre foi um ativista da causa, pesquisando e produzindo obras sobre o racismo velado que existe no Brasil. Sua obra de maior impacto foi resultado de anos de pesquisa sobre a participação do negro nas telenovelas brasileiras. A Negação do Brasil virou documentário e livro, mostrando que cabe ao negro apenas papéis secundários como escravo, empregado ou marginal. Como grande pesquisador de telenovelas era natural também que seu primeiro filme de ficção tivesse muito dessa linguagem. A movimentação de câmera, a trilha sonora sempre exacerbada, a construção dramatúrgica do melodrama clássico. Mesmo assim, há méritos em Filhas do Vento.
O filme é sensível e mostra o reencontro de duas irmãs após 45 anos. Podendo retratar o drama de qualquer mulher, mostra as consequências da escravidão e do racismo de forma sutil naquela sociedade. Após a morte do pai, Cida e Jú têm que lidar com o rancor dos acontecimentos passados e reencontrar o amor mútuo em família. O roteiro é bem construído e vai dosando a emoção no expectador que se envolve com o drama, sonhos e frustrações daquelas mulheres.
Porém, o engajamento é tímido, sutil como é o racismo no país. Aqui não temos uma luta de classes declarada com nos EUA, por exemplo. Somos um país dito liberal, de um povo aparentemente sem preconceitos. Isso foi o que Joel sempre procurou mostrar em seus trabalhos. Logo, no momento de contra-atacar, ele acabou caindo na mesma sutileza. Não expôs os fatos de maneira clara e perdeu a oportunidade de tocar no assunto de forma mais consistente. Ainda assim, é um começo. O elenco, quase todo negro e a história de uma família que poderia ser branca, azul ou amarela, mostra que todos têm direitos a grandes papéis.
Outro grande mérito do filme foi produzir uma boa obra, e tantos prêmios, com um baixo orçamento. Talvez pela experiência com documentários, Joel Zito Araújo não abusou nos recursos em seu filme de ficção. Uma pena é que ele não tenha insistido no gênero, já que após cinco anos, está novamente lançando um documentário.
O filme é panfletário da causa negra, não há como negar. Joel Zito Araújo sempre foi um ativista da causa, pesquisando e produzindo obras sobre o racismo velado que existe no Brasil. Sua obra de maior impacto foi resultado de anos de pesquisa sobre a participação do negro nas telenovelas brasileiras. A Negação do Brasil virou documentário e livro, mostrando que cabe ao negro apenas papéis secundários como escravo, empregado ou marginal. Como grande pesquisador de telenovelas era natural também que seu primeiro filme de ficção tivesse muito dessa linguagem. A movimentação de câmera, a trilha sonora sempre exacerbada, a construção dramatúrgica do melodrama clássico. Mesmo assim, há méritos em Filhas do Vento.
O filme é sensível e mostra o reencontro de duas irmãs após 45 anos. Podendo retratar o drama de qualquer mulher, mostra as consequências da escravidão e do racismo de forma sutil naquela sociedade. Após a morte do pai, Cida e Jú têm que lidar com o rancor dos acontecimentos passados e reencontrar o amor mútuo em família. O roteiro é bem construído e vai dosando a emoção no expectador que se envolve com o drama, sonhos e frustrações daquelas mulheres.
Porém, o engajamento é tímido, sutil como é o racismo no país. Aqui não temos uma luta de classes declarada com nos EUA, por exemplo. Somos um país dito liberal, de um povo aparentemente sem preconceitos. Isso foi o que Joel sempre procurou mostrar em seus trabalhos. Logo, no momento de contra-atacar, ele acabou caindo na mesma sutileza. Não expôs os fatos de maneira clara e perdeu a oportunidade de tocar no assunto de forma mais consistente. Ainda assim, é um começo. O elenco, quase todo negro e a história de uma família que poderia ser branca, azul ou amarela, mostra que todos têm direitos a grandes papéis.
Outro grande mérito do filme foi produzir uma boa obra, e tantos prêmios, com um baixo orçamento. Talvez pela experiência com documentários, Joel Zito Araújo não abusou nos recursos em seu filme de ficção. Uma pena é que ele não tenha insistido no gênero, já que após cinco anos, está novamente lançando um documentário.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Filhas do Vento
2009-05-18T14:09:00-03:00
Amanda Aouad
cinema brasileiro|critica|drama|Festival|
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